Fumar não afeta apenas os pulmões: descubra como o cigarro pode transformar a bexiga em um alvo silencioso de um dos cânceres mais comuns e perigosos

Ao ouvir falar dos males do cigarro, a primeira imagem que vem à mente geralmente é a de pulmões danificados. Mas o tabagismo vai muito além disso. Ele é responsável por uma série de doenças graves em outras partes do corpo, e uma das mais negligenciadas é o câncer de bexiga. Silencioso e muitas vezes subestimado, esse tipo de câncer pode ser fatal, especialmente se diagnosticado tardiamente.

Fumar está diretamente relacionado a cerca de 65% dos casos de câncer de bexiga em homens e 25% em mulheres. Essa conexão perigosa não é amplamente discutida, mas deveria ser. O Dr. Alexandre Sallum, urologista, explica como o cigarro se torna um dos maiores vilões para a bexiga e por que é fundamental conhecer os sinais e adotar medidas preventivas.

Como o cigarro afeta a bexiga
O cigarro contém milhares de substâncias químicas, muitas delas comprovadamente cancerígenas, como benzopireno, hidrocarbonetos aromáticos e aminas aromáticas. Quando essas toxinas são inaladas, elas entram na corrente sanguínea e, eventualmente, são filtradas pelos rins, sendo eliminadas pela urina.
Essa urina carregada de substâncias tóxicas fica armazenada na bexiga antes de ser excretada. O contato prolongado dessas substâncias com o revestimento interno da bexiga (urotélio) causa danos às células, podendo levar a mutações e, com o tempo, ao desenvolvimento de tumores.

“O que muitas pessoas não percebem é que, ao fumar, elas não estão apenas colocando os pulmões em risco, mas também órgãos que entram em contato com as toxinas eliminadas pelo corpo, como a bexiga. É um efeito em cadeia perigoso,” explica Dr. Sallum.

Os sinais de alerta do câncer de bexiga
O câncer de bexiga pode ser traiçoeiro, pois em seus estágios iniciais, os sintomas podem ser sutis ou até mesmo ausentes. No entanto, é fundamental estar atento a alguns sinais, que incluem:

Sangue na urina (hematúria):
É o sintoma mais comum e pode ser visível (urina rosada, avermelhada ou marrom) ou detectado apenas em exames laboratoriais.

Dor ao urinar:
Uma sensação de queimação ou desconforto ao urinar pode ser um sinal de alerta.

Necessidade frequente de urinar:
Ir ao banheiro mais vezes que o normal, mesmo que em pequenas quantidades, pode indicar algo errado.

Dor nas costas ou abdômen:
Em estágios mais avançados, a dor pode se espalhar para a região lombar ou pélvica.

Infecção urinária de repetição….muito cuidado, muitas pacientes tomam antibióticos e no fundo estão postergando o diagnóstico do câncer de bexiga

Alerta do especialista: “Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com infecções urinárias ou outros problemas menos graves. Por isso, é essencial buscar um diagnóstico médico detalhado ao notar qualquer alteração,”.

O risco silencioso para fumantes
Estudos mostram que fumantes têm até três vezes mais chances de desenvolver câncer de bexiga em comparação com não fumantes. Além disso, o risco aumenta proporcionalmente ao tempo e à quantidade de cigarros fumados. Para aqueles que já pararam de fumar, o risco diminui gradativamente com o tempo, mas nunca é completamente eliminado.

“Mesmo após anos sem fumar, o ex-fumante ainda carrega um risco elevado de câncer de bexiga. Isso torna ainda mais importante o rastreamento regular e a adoção de hábitos saudáveis,” afirma o médico.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce é a chave para o sucesso no tratamento do câncer de bexiga. Se detectado em estágios iniciais, as chances de cura são muito maiores. Os exames mais comuns incluem:

– Exame de urina para detectar células anormais.

– Cistoscopia, um exame visual da bexiga com uma câmera inserida pela uretra.

– Biópsia, se houver suspeita de lesões.

– Tomografia ou ressonância magnética, para avaliar a extensão do câncer.

Os tratamentos variam conforme o estágio da doença, podendo incluir:

Ressecção transuretral da bexiga (RTU):
Um procedimento minimamente invasivo para remover tumores iniciais.

Terapia intravesical:
O uso de imunoterapia (como o BCG) diretamente na bexiga para estimular o sistema imunológico a combater células cancerosas.

Cirurgia radical:
Em casos avançados, pode ser necessária a remoção total ou parcial da bexiga.

Quimioterapia ou radioterapia:
Podem ser usados antes ou após a cirurgia, dependendo do estágio do câncer.

Como prevenir o câncer de bexiga
A prevenção começa com escolhas conscientes e mudanças no estilo de vida. Aqui estão algumas medidas importantes:

Pare de fumar:
Abandonar o tabagismo é a forma mais eficaz de reduzir o risco de câncer de bexiga. Mesmo para fumantes de longa data, parar agora pode diminuir significativamente o risco futuro.

Hidrate-se adequadamente:
Beber bastante água ajuda a diluir a urina e eliminar mais rapidamente as toxinas do corpo.

Adote uma dieta saudável:
Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas, vegetais e chás verdes, podem ajudar a proteger as células contra danos.

Evite exposição a substâncias químicas:
Algumas profissões, como aquelas que lidam com tintas, solventes ou pesticidas, aumentam o risco de câncer de bexiga. Usar equipamentos de proteção é essencial.

“A saúde da sua bexiga é um reflexo das suas escolhas diárias. O cuidado com o corpo é um compromisso integral. Comece agora,” conclui Dr. Alexandre Sallum.

Se você é fumante ou ex-fumante, não ignore os sinais. Procure um urologista para avaliar sua saúde urinária e adotar medidas preventivas. Sua saúde merece esse cuidado.

Dr. Alexandre Sallum Bull CRM 129592
Médico Urologista

fotos: divulgação

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