O frio chegou e pra evitar passar frio dentro de casa, especialista dá dicas de como escolher um imóvel que receba a quantidade ideal de luz solar! Não gosta do calor? Confira como identificar os imóveis face sul

Quando o assunto é incidência solar, o Brasil é um dos países mais privilegiados do mundo. Segundo dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, recebemos, durante todo o ano, mais de 3 mil horas de brilho do sol, o que corresponde a uma incidência solar diária que pode ir de 4.500 a 6.300 Wh/m². Para fins de comparação, a Alemanha recebe aproximadamente 40% menos luz solar diária em comparação às terras tupiniquins.

Em algumas regiões do país porém, aquecer a casa, secar as roupas e esquentar os pés tornam-se verdadeiros desafios no período do inverno. Pra quem mora no Sul, os perrengues da estação são bem conhecidos. Um exemplo é a cidade de Curitiba, onde a incidência solar deixa a desejar. Principalmente no inverno. Em 2013, uma matéria publicada no jornal Gazeta do Povo, citava dados levantados pela Embratur que mostravam que, naquele ano, na capital paranaense – de cada três dias – apenas um teve sol. Outro levantamento, assinado pela mesma agência, mostrou que a incidência solar em Curitiba assemelha-se a de capitais como Moscou e Londres, conhecidas pelo céu ranzinza e quase sempre escurecido.

Frio. Menos pro mercado imobiliário!

Segundo resultados divulgados pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), após pesquisa com 18 associadas, em parceria com a Fundação Instituto de Pequisas Econômicas (Fipe), o mercado imobiliário brasileiro segue como um dos protagonistas da recuperação econômica do país. E nem mesmo a alta acumulada da inflação (de 11,73% nos últimos 12 meses) e o aumento da taxa básica de juros em 2022 – a Selic, utilizada como base para financiamentos, chegou a 13,25% ao ano, maior patamar desde dezembro de 2016 (13,75%) – parecem minar o sonho da casa própria. O número de novos imóveis comercializados no País aumentou 6,2% no primeiro trimestre na comparação anual. Ao todo, foram vendidas 36,9 mil unidades.

Na região Sul não é diferente. Dados do Secovi indicam que o mercado de locação de imóveis em Curitiba, por exemplo, está a todo vapor, tanto para fins comerciais quanto para uso residencial. Em abril de 2022, o índice de Locação Sobre Oferta (LSO) de unidades comerciais foi de 7,5%, maior número dos últimos oito anos, conforme apurado pelo levantamento mais recente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar).

Por isso, vale o alerta! Se você faz parte dos que buscam comprar, construir ou alugar uma casa ou apartamento o fator de insolação deve ser priorizado. Sob pena de sofrer com mofo, ácaros e roupas com cheiro de cachorro molhado por um bom tempo!

Ok! E por onde começar?

Face sul, face leste… a gente ouve muito falar e até faz ideia do que esses termos significam na hora de escolher um imóvel. Só que, na prática, muita gente não faz ideia de como identificar a posição da sua casa ou apartamento em relação ao sol e, no dia a dia, isso pode fazer toda a diferença numa cidade gelada como a nossa.

Para dar dicas e ajudar quem está procurando o próximo imóvel pra morar, a Tribuna conversou com Caprice Andretta, franqueadora da Apolar Imóveis e especialista no assunto.

Face norte, face sul… qual a ideal?

De modo geral, segundo Caprice, poucos imóveis tem uma única insolação, ou seja, num mesmo imóvel, às vezes é possível encontrar incidência solar em todas as faces a depender da localização e inclinação. Na maioria das vezes, porém, o mais comum é que alguns cômodos recebam iluminação solar e outros não. “Imóveis voltados à face norte e leste apresentam melhor insolação no inverno. Já aqueles voltados à face sul possuem incidência solar menor. Por isso, devem ser priorizados em cidades com clima mais quente”, explica. Caprice cita ainda os imóveis voltados à face oeste, que tendem a receber maior calor e luz solar a partir das 15h, quando o sol começa a baixar. “A luz solar mais intensa é aquela que acontece das primeiras horas da manhã até o início da tarde. Por isso, para quem busca aquecer a casa, o ideal é buscar imóveis voltados à face leste – que é por onde o sol nasce – ou norte, que recebem maior insolação e garantem mais calor. Já quem sofre com o calorão e prefere o clima mais fresquinho, deve buscar imóveis voltados à face sul”, ressalta.

E como identificar as faces de incidência solar num imóvel?

Caprice explica que o princípio é o mesmo das aulas de geografia do primário. “Observe onde nasce o sol. Se você esticar o braço direito, automaticamente já sabe que lá será o leste (à sua direita) e consequentemente, à esquerda, o oeste. Nem sempre porém é fácil orientar-se dentro de um imóvel. Hoje existem aplicativos de bússolas que indicam precisamente as direções cardeais e, na pior das hipóteses – se nem a bússola resolveu – o mais indicado é visitar o imóvel que se pretende morar no período da manhã, entre 8h e 11h, e observar os cômodos onde bate o sol. Assim é possível saber que tais cômodos estão na face leste”, orienta.

Na minha casa não bate sol! O que fazer?

Segundo a consultora, soluções simples podem ajudar a combater a umidade e o frio nos imóveis face sul. Para ambientes de convivência, como a sala de estar, Caprice recomenda usar, em almofadas, sofás e cortinas, tecidos sintéticos. Além de deixar à mão mantas de microfibra – sempre bem-vindas no clima mais frio.

Outra boa alternativa são as lareiras a álcool ou a gás, cujo preço é mais acessível que o das tradicionais lareiras à lenha ou elétricas. Já para combater mofo e umidade, a especialista recomenda o uso de sílica em gel e desumificantes para armários e guarda-roupas.

Por fim, recomenda-se evitar tapetes, carpetes, cortinas e acolchoados, que acumulam umidade e facilitam a proliferação de fungos e bactérias.

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