Publicado na Plastic and Reconstructive Surgery, revista médica da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), estudo mostrou que o uso da toxina botulínica tipo A pode melhorar o aspecto final de cicatrizes em pacientes submetidos a cirurgia reconstrutiva da face
A toxina botulínica já é uma velha conhecida na hora de corrigir rugas e marcas de expressões, mas um novo estudo apontou a toxina botulínica tipo A como alternativa para o tratamento de cicatrizes pós-cirúrgicas em pacientes que passaram por reconstrução da face. O estudo, publicado em março na revista médica Plastic and Reconstructive Surgery e intitulado Effects of Botulinum Toxin on Improving Facial Surgical Scars: A Prospective, Split-Scar, Double-Blind, incluiu 16 pacientes com idade entre 6 e 49 anos que passaram por algum tipo de cirurgia de reconstrução facial e chegou à conclusão de que o método pode ser benéfico para a melhora das cicatrizes desde que a toxina seja aplicada imediatamente após o procedimento. “As cicatrizes faciais causadas por cirurgias plásticas e reconstrutivas são uma grande preocupação para os pacientes, podendo até mesmo ter um impacto psicológico. Porém, a grande maioria dos estudos se concentram no tratamento destas cicatrizes indesejáveis, apesar de a prevenção e a intervenção precoce terem maior probabilidade de produzir uma cicatriz com melhor aparência estética. Por isso, este novo estudo visou avaliar o efeito da toxina botulínica tipo A nas cicatrizes como forma de prevenção e não de tratamento”, afirma a dermatologista Dra. Thais Pepe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Em cada um desses pacientes que participaram do estudo, metade da cicatriz foi tratada com toxina botulínica tipo A e a outra metade com uma solução salina (placebo), ambas as substâncias sendo injetadas imediatamente após a cirurgia. Após seis meses de tratamento, dois cirurgiões plásticos não relacionados ao estudo fizeram medições e avaliaram a aparência de ambos os lados da cicatriz. As cicatrizes, que tinham em média 6,74 centímetros, foram avaliadas de acordo com a escala visual analógica, que consiste em uma escala de 0 a 10 pontos, com 0 sendo o pior resultado e 10 sendo o melhor. As classificações dos cirurgiões para a aparência geral da cicatriz foram, em média, de 5,76 para a metade tratada com a toxina contra 4,97 para a metade tratada com placebo. Além disso, foi observado que os lados tratados com a toxina também eram mais baixos e mais estreitos do que os lados tratados com o placebo. “Segundo os autores do estudo, o resultado está relacionado com a paralisia muscular temporária causada pela Toxina Botulínica tipo A, que diminui o movimento e o estresse em torno da ferida que está cicatrizando. Este alívio da tensão ajuda a prevenir o alargamento da cicatriz facial, bem como a hipertrofia e a hiperpigmentação da alteração”, explica a especialista. “Além disso, a toxina causa alguns efeitos inibitórios diretos sobre os fibroblastos e a expressão do fator de crescimento transformador, ambos responsáveis pela cicatrização e que contribuem para um relevo heterogêneo da pele após o processo”, explica.
Porém, os autores observaram algumas limitações importantes em seu estudo, principalmente o pequeno número de pacientes incluídos e a falta de uma representação precisa de toda a cicatriz, já que a largura da alteração pode não ser uniforme em todo seu comprimento. “Embora mais pesquisas sejam necessárias, este estudo indica que injeções pós-cirúrgicas precoces de toxina botulínica tipo A podem sim produzir cicatrizes faciais melhores, menores e mais planas”, finaliza a Dra. Thais Pepe.
Fonte: Dra. Thais Pepe – Dermatologista especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, membro da Sociedade de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Diretora técnica da clínica Thais Pepe, tem publicações em revistas científicas e livros, além de ser palestrante nos principais Congressos de Dermatologia.