Covigen, o novo teste genético da Multigene, avalia maior expressão de genes que facilitam o aumento da carga viral – o que aumenta os riscos. Com os resultados, é possível que o médico avalie melhor estratégia de prevenção, lembrando que o estilo de vida influencia e muito as variantes genéticas
A princípio, pode ser difícil acreditar que o vírus que já matou tantas pessoas ao redor do mundo também deixa aproximadamente 80% dos infectados assintomáticos. Mas esta é a realidade do Sars-Cov-2, que pode se tornar extremamente agressivo, ou quase inofensivo, dependendo não só de fatores como idade, sexo, presença de comorbidades anteriores, mas também de algo muito mais difícil de identificar: suas variantes genéticas. “É tão heterogêneo por algumas condições pré-existentes e também por fatores genéticos. A expressão maior de alguns genes pode favorecer a infecção pelo Sars-Cov-2 e sua replicação rápida, levando a um quadro inflamatório grave”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem. A novidade é o exame genético Covigen, que é capaz de identificar as variantes genéticas que podem levar a maior expressão de genes envolvidos nesse processo que facilita o aumento da carga viral, o que aumenta os riscos.
O que a genética tem a ver com o vírus?
Existem vários genes que influenciam a gravidade da Covid-19, como os genes ACE2, TMPRSS2 e FURIN, os quais codificam enzimas com o mesmo nome. “Tais enzimas são fundamentais para a nossa saúde, porém, elas possuem uma grande desvantagem: facilitam a entrada do vírus nas células. Existem variantes genéticas que podem tornar esses genes mais expressivos e, assim, permitem com mais facilidade a inserção do material genético do vírus dentro da célula, levando a maior carga viral. Isso pode aumentar a gravidade de qualquer doença e pode contribuir para um risco maior da Covid-19 ser mais grave”, afirma o geneticista. Os homens são ainda mais vulneráveis, pois apresentam níveis da enzima ACE2, TMRSS2 e furina mais altos, o que explica a tendência deles a casos mais sérios.
O gene ACE2 é o mais discutido. Segundo o geneticista, sua função é codificar a enzima em um processo que culmina com a vasodilatação. “Mas essa ACE2 fica na membrana de algumas células, como as do pulmão, mucosa nasal e do intestino. Sabemos que o Sars-Cov-2 tem uma espícula, que consegue se ligar à ACE2 e isso vai facilitar a fixação do vírus nas células do pulmão. Existem duas enzimas do próprio indivíduo, que são a TPMRSS2 e a furina. Elas são capazes de clivar várias de nossas proteínas normais, mas também são capazes de clivar glicoproteínas do vírus. Isso vai facilitar a fusão da membrana do vírus com a membrana da célula”, afirma o geneticista. E é assim que o vírus consegue introduzir o material genético nas células. “A partir do momento em que ele introduz o material genético dele, que é o RNA, ele vai usar toda a maquinária da própria célula para se replicar. Diante da presença do vírus na célula, existe uma resposta inflamatória, que pode ser exagerada. Isso leva a uma tempestade de citocinas, que acaba destruindo as células do hospedeiro e acaba sendo sistêmica: afeta pulmão, intestino e outros órgãos”, diz o geneticista. Essa é uma possível explicação científica para um risco acentuado em pessoas que têm uma expressão maior desses genes.
Como saber se sua variante genética te deixa mais protegido ou vulnerável?
De acordo com o especialista, é possível entender quais variantes genéticas você possui e se elas podem te tornar mais protegido ou vulnerável ao vírus por meio do teste genético Covigen®, da Multigene. “De forma simples e segura, o exame é feito após o envio de uma amostra de saliva e Swab (raspado da bochecha). O teste verifica o quanto você está suscetível a apresentar um quadro grave de Covid-19, identificando as variantes genéticas reconhecidamente associadas à doença que são conhecidas hoje pela ciência”, afirma o geneticista.
Esse é um dos primeiros exames genéticos para o Covid-19 no mundo. “O texto é resultado de uma atualização diária para estar a par das novidades científicas ligadas ao Novo Coronavírus e, assim, elaborar um perfil que estuda variantes genéticas bem estabelecidas. Os exames são feitos por geneticistas experientes e o laudo é elaborado da forma mais completa possível com as informações de hoje, para o médico avalie qual a melhor estratégia de prevenção para o paciente. É necessário pontuar que o estilo de vida influencia e muito as variantes genéticas. Por isso, ainda que você esteja suscetível a um quadro grave da doença, existem mudanças que você pode incorporar para modificar a expressão dos seus genes e proteger o seu organismo”, finaliza o geneticista.
FONTE:
*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.