Skincare bombado! Com ações clareadoras e anti-idade, os peptídeos estão presentes em formulações cosméticas mais robustas; eles são capazes de otimizar o desempenho dos dermocosméticos ao estimularem o melhor funcionamento celular

Enquanto o mercado anti-aging cresce anualmente em uma taxa de aproximadamente 8% desde 2018, as indústrias buscam se destacar cada vez mais nessa área para lançar novos produtos e tecnologias com maior eficácia. Nesse contexto, os peptídeos aparecem como substâncias de destaque para alavancar o poder rejuvenescedor dos cremes. Produtos com essas substâncias estão sendo chamados de “cosméticos proteicos”. “Os peptídeos são substâncias promissoras no combate ao envelhecimento. Eles contam com aminoácidos em sua composição, desempenhando um papel fundamental na síntese de proteínas. Graças as suas propriedades bioativas, são capazes de interagir com as células da pele por múltiplos mecanismos e facilitam a comunicação celular em processos como: resposta imune e ao estresse, homeostase e crescimento. Eles combatem a inflamação, inibindo a atividade de mensageiros pró-inflamatórios”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos. “Peptídeos para formação e estímulo de colágeno de boa qualidade, com atuação de reparo tecidual, ação cicatrizante, de preenchimento, controle de pigmentação, enfim, dentre muitos tipos de peptídeos, eles formam uma categoria indispensável para potencializar o rejuvenescimento da pele”, garante a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Mas afinal, o que são eles e como eles agem? Os peptídeos são cadeias curtas de aminoácidos – os blocos de construção das proteínas. “As proteínas mais conhecidas na pele são o colágeno, a elastina e a queratina. Vale lembrar que o colágeno é a principal proteína do nosso corpo; já a elastina é responsável pelas fibras que dão suporte ao colágeno e mantém a pele coesa e aderida evitando a formação de rugas e flacidez.

Existem centenas de diferentes peptídeos, que são feitos a partir de diferentes combinações de aminoácidos. Eles estimulam a comunicação e proliferação celular”, acrescenta. “Essas sequências de aminoácidos podem ser naturais ou sintéticas. Esse é um dos ativos definidos como ‘biomiméticos’, ou seja, que imitam as estruturas naturais da pele. No segmento cosmético, são utilizados peptídeos com estruturas muito pequenas, pois o tamanho pode influenciar na penetração do ativo na pele”, explica Maria Eugênia Ayres, farmacêutica e gestora técnica da Biotec Dermocosméticos. Como partículas pequenas, eles podem ser absorvidos melhor e mais rapidamente pelo nosso organismo. Na pele, eles penetram, encontram o receptor celular, ligam-se a ele e vão produzir determinado efeito. “Essas moléculas são extremamente versáteis e possuem diversos usos e funções. Eles funcionam como sinalizadores, que mostram aos organismos necessidades de produção de proteínas específicas para a saúde da pele, como a renovação celular, o estímulo à produção de colágeno e consequentemente o aumento da firmeza da pele, amenizando rugas e linhas de expressão. Eles também agem na uniformização da pele, redução de manchas, hiperpigmentação e aumentam o viço”, explica Maria Eugênia.

A dermatologista explica que uma função importante dos peptídeos é a de melhorar a ancoragem da pele, ao estimular a formação do colágeno e expressão de Laminina e Integrina, proteínas da membrana celular da pele. “Além disso, há peptídeos que promovem ação reparadora da barreira cutânea por mimetizar a composição dos aminoácidos presentes no Natural Moisturizer Factor (NMF ou Fator Natural de Hidratação), ação clareadora, de firmeza da pele e elasticidade, além de reparo e hidratação. São amplamente utilizados no tratamento antienvelhecimento e através das cadeias recombinantes de vários aminoácidos atuam como dermorelaxante também”, explica.

A farmacêutica Maria Eugênia explica que existem muitos tipos de peptídeos e eles são classificados de acordo com o número de aminoácidos presentes nas moléculas: dipeptídeo (formado por dois aminoácidos), tripeptídeo (formado por três), tetrapeptídeo (quatro), oligopeptídeo (de quatro até 50 aminoácidos) e polipeptídeo (formado por mais de 50 aminoácidos – categoria da qual fazem parte as proteínas, constituídas por um grande número de aminoácidos). A dermatologista explica que os peptídeos na forma vetorizada conferem rápida absorção. “Quando biomiméticos, simulam as proteínas naturais e atuam rapidamente na pele”, comenta. “Tem ação mais importante quando vetorizados e encapsulados em sistemas próprios para resultados mais significativos”, diz. Dois peptídeos importantes respondem pelo nome de: Alistin e EvenSkin A3. “Alistin é um peptídeo biomimético da carcinina que atua na neutralização dos radicais livres e também dos malefícios do açúcar”, conta a médica. “Para um efeito well-aging, o ativo Progeline pode ser usado; ele é um peptídeo biomimético derivado da Elafina, que inibe a progerina, uma enzima que é um biomarcador do envelhecimento. Com essa abordagem, Progeline consegue agir em diferentes causas do envelhecimento cutâneo, devolvendo à pele mais vitalidade e força, trazendo assim sua ação remodeladora facial. Ele pode ser associado ao Ascorbosilane C, uma molécula de Vitamina C vetorizada pela molécula do Silanol” explica Maria Eugênia.

Já Patrícia França ressalta a importância de utilizar peptídeos que atuem em uma estrutura celular que vem ganhando relevância no combate ao envelhecimento: a mitocôndria. “Ela é a responsável pela síntese de ATP, podendo ser considerada a “casa de força” celular, afinal sem energia, as funções orgânicas decaem. Bio-Arct® (versão oral) e Arct Alg® (versão tópica) possuem dipeptídeo citrulil-arginina em sua composição. Eles atuam combatendo a formação de radicais livres e estimulam a biossíntese mitocondrial, regulando seu metabolismo, além de participar efetivamente da ativação de proteínas relacionadas ao reparo celular. Com o aumento da síntese mitocondrial, teremos uma maior atividade celular, citando como exemplo os fibroblastos – ao serem ativados irão aumentar a produção de fibras colágenas e elásticas resultando em uma pele mais estruturada, firme e resistente”, explica a farmacêutica.

Qual a estratégia mais interessante para usar um peptídeo? Segundo a dermatologista, é possível usá-los um dia após o seu ácido, retinoide ou alfa-hidroxiácido é tirar deles o maior proveito, pois eles penetrarão melhor na pele e promoverão estímulo das proteínas que ajudam a renovar a pele. “Os peptídeos podem estar combinados em um mesmo produto com ação rejuvenescedora para peles que demonstram os primeiros sinais de envelhecimento com diminuição na produção de proteínas essenciais”, diz a dermatologista.

Existem tecnologias usadas em consultório que já conseguem promover uma leve esfoliação da pele e depois depositar peptídeos nas camadas mais profundas. É o caso do HydraFacial, tecnologia personalizável de hidrodermoabrasão, que limpa e hidrata a pele profundamente. O procedimento usa os peptídeos em algumas etapas do tratamento. “A plataforma tem várias ponteiras, cada uma com uma característica diferente, e consegue fazer a remoção da sujidade e da oleosidade, inclusive de micropoluentes que ficam aderidos dentro dos poros e nem sempre conseguimos remover com a limpeza de pele manual. Também há a aplicação de beta-hidroxiácidos, como o ácido salicílico, e alfa-hidroxiácidos, como o ácido glicólico, para diminuir a espessura do estrato córneo, que é a primeira camada da pele, o que prepara a pele para receber o ‘drug-delivery’, que vai introduzir na pele, chegando em camadas mais profundas, peptídeos sinalizadores de colágeno, antioxidantes, clareadores e substâncias hidratantes. A experiência pode vir conjuntamente associada com a drenagem linfática, além do uso do LED, que vai promover uma ação específica anti-inflamatória e estímulo de ATP, energia das células”, diz a Dra. Claudia Marçal.

Os suplementos orais para a pele também podem conter peptídeos. Maria Eugênia cita o Glycoxil, peptídeo derivado da carcinina que possui ação antiglicante, impedindo que a glicação (ligação da molécula de açúcar ao colágeno com consequente endurecimento das fibras de sustentação) ocorra, desglicante (promovendo a separação da glicose das fibras de colágeno e elastina), e antioxidante, combatendo a ação dos radicais livres. “Dessa forma, este ativo atua em todas as fases da glicação, ajudando assim, na prevenção do envelhecimento precoce dos tecidos e na manutenção da saúde da pele”, finaliza Maria Eugênia.

Para o futuro, a farmacêutica espera formulações com peptídeos com ação prolongada, melhor absorção e sensorial sofisticado. “Além disso, permitirão a entrega de ativos necessários para cada situação. Por exemplo um produto à base de peptídeos para alisar ou colorir o cabelo que fará efeito sem a necessidade de abertura de cutículas desse fio, minimizando, portanto, a perda de água e consequentes danos à estrutura da fibra capilar. Peptídeos também serão grandes aliados da Epigenética nos tratamentos ultrapersonalizados”, finaliza a farmacêutica.

FONTES: *DRA. CLAUDIA MARÇAL: Médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP, speaker de laboratórios globais de dermocosméticos e de fabricantes de equipamentos. CRM: 78980 / RQE: 31829. Instagram: @draclaudiamarcal

*MARIA EUGENIA AYRES: Graduada em Farmácia Industrial pela Faculdade Oswaldo Cruz com Pós-Graduação em Farmacologia Clínica. Atua no Setor Magistral desde 2000 onde atualmente é Gerente Técnica da Biotec. CRF 33.424.

*PATRÍCIA FRANÇA: Farmacêutica e gerente científica da Biotec Dermocosméticos.

foto: divulgação

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