A partir do dia 29 de agosto o Museu do Café estará aberto para visitação pública
O Sistema Fecomércio Sesc Senac PR presenteia Londrina e região com um novo e moderno equipamento cultural: o Museu do Café. Trata-se de uma obra pensada para preservar a memória da cultura cafeeira e do patrimônio histórico, lugar de informações contemporâneas, exposições, eventos, experimentações e vivências.
A cerimônia de inauguração com a presença de convidados, imprensa e autoridades está marcada para o dia 24 de agosto. A partir das 9h do dia 29 de agosto, o Museu do Café estará aberto à visitação pública, pronto para receber escolas e grupos de visitantes, garantindo vivências temáticas em um espaço educativo. “Uma das funções exercidas pelo Sistema Fecomércio Sesc Senac PR é a de manter e preservar imóveis importantes para a história paranaense. Ao longo dos últimos 19 anos prédios icônicos da vida paranaense têm sido preservados pelo trabalho que estamos desempenhando. Foi assim com o Cadeião que, após um convênio com a Prefeitura, pudemos recuperar e trazer vida, cultura e arte para este ícone londrinense e assim será com o Museu do Café”, pontua o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e vice-governador do PR, Darci Piana.
Com o museu, Piana destaca que será preservada a memória de um dos mais importantes ciclos econômicos do Paraná, responsável pelo desenvolvimento e criação de municípios em toda a Região Norte do estado. “Nós queremos mostrar em nosso museu o auge da produção cafeeira, o declínio que foi resultado da geada de 1975, a diversificação da produção, os novos modos de cultivo e as saídas encontradas para produzirmos, ainda hoje, um dos melhores cafés do mundo”.
Prédio
O prédio do museu – construído na década de 1960, auge da produção cafeeira paranaense – abrigou durante 54 anos a 10ª Subdivisão Policial e foi recebido pelo Sesc PR, no primeiro semestre de 2018. Em 2011, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR assinou com a Prefeitura de Londrina a cessão do imóvel por 20 anos, com possível renovação por igual período.
Constituído por dois andares, a edificação passou pela execução de minuciosos trabalhos que restauraram as escadas em granitina e os pisos em tacos em diversos ambientes. Entretanto, a configuração básica da edificação foi mantida, preservando as principais paredes em alvenarias e a estrutura do prédio. As disposições das janelas foram mantidas mas renovadas e foram incorporados diversos elementos em aço corten, conhecido por sua tonalidade vermelho-ferrugem, que remete a uma das cores do café maduro.
No pavimento térreo há quatro espaços expositivos dedicados ao café, integrando passado, presente e futuro, sendo utilizado para exposições permanentes – equipadas com recursos tecnológicos, imersivos e sensoriais –, que abrigarão exposições permanentes e temporárias de artistas contemporâneos dedicados ao tema; salas de atendimento, de técnicos e de dança.
No andar superior o público terá acesso à biblioteca; cursos de valorização social, como moda, figurinos, corte e costura; salas de artes; área de convivência; salas de música onde funcionarão o Centro de Difusão Musical e o Laboratório Cultural de Música; sala de múltiplas artes, sala educativa para atividades complementares às visitas guiadas ao museu, e um espaço para armazenagem e reserva técnica do acervo. “O Sesc tem como uma de suas premissas zelar pela cultura do nosso estado, suas raízes e sua história. Em Londrina, em virtude da importância da cultura cafeeira o que ela representou no país e no mundo, entregamos o primeiro museu do Sesc PR, o Museu do Café. Certamente isso enriquecerá a cultura do nosso povo paranaense, principalmente do londrinense”, ressalta o diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos.
A gerente do Sesc Londrina Cadeião, Patricia Erika Sugeta, enfatiza que o Museu do Café também terá uma loja de souvenirs de variados produtos, incluindo obras produzidas por artistas locais. “Pretendemos oferecer para Londrina um museu que estampará nossa memória de forma versátil, moderna e dinâmica, mas que será, também, um grande centro cultural com biblioteca, salas de cursos, espaços de convivência, artes e eventos especiais. Tudo isso localizado no coração de Londrina, no nosso conhecido Centro Velho, em uma das ruas comerciais mais famosas e populares da cidade, a Rua Sergipe”.
Para o doutor em História e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Rogério Ivano, o museu não é um local apenas de antiguidades e de passado, mas um centro de informações contemporâneas onde haja constante renovação de conteúdos. “Não só se guardam as relíquias da sociedade, as histórias de sucesso, mas o museu precisa colocar as problemáticas da sociedade também em discussão. Sobre a história do café, a proposta é trazer debates da historiografia contemporânea, entendendo que a história do café começa de maneira difícil, até mesmo violenta. A história do ouro verde do Norte do Paraná não existe sem essa trajetória, as diferentes fases, etapas”, avalia.
Comissão de Obras
Todo o processo, desde a elaboração dos projetos e o acompanhamento mensal da obra, foi realizado pela Comissão de Obras, presidida pelo conselheiro do Sesc PR Gélcio Miguel Schibelbein e composta pelos conselheiros Ottílio Mônaco, Zildo Costa e Aida Santos de Assunção. “Como conselheiro do Sesc PR sinto-me orgulhoso em entregarmos mais uma importante obra ao estado do Paraná. Fiscalizamos o andamento da obra desde o início com o objetivo que o cronograma fosse cumprido de acordo com o contrato que tínhamos com a construtora. Tudo isso foi feito para darmos transparência, seriedade e zelarmos pelos recursos investidos”, enfatiza Schibelbein.
Acervo
Para compor o acervo do museu dedicado à memória da cultura cafeeira, o Sesc PR conclamou a população londrinense e do Norte do Paraná que colaborasse com doações de fotografias, objetos, documentos e artefatos históricos que ajudassem a contar e preservar esta história.
O corretor de cafés, presidente da A Rural Corretora de Cafés e Cereais e ex-presidente do Sindicato dos Corretores de Café no Estado do Paraná (Sincafé), Carlos Antonio Amaral Monteiro, foi um dos doadores, que formalizou a entrega de diversos itens ao museu, entre eles uma coleção completa de mais de 500 xícaras e uma mesa de degustação de cafés. Os materiais recebidos comporão os espaços expositivos de inauguração do museu e de outros ambientes com o tema.
Darcy Ramires Paulo, ex-gerente regional da Inter Continental de Café S/A, já aposentado da função da empresa em que trabalhou por quatro décadas, também fotografias, documentos e objetos.
O museu ainda está recebendo doações para composição do acervo.
Cultura Cafeeira
Enquanto a erva-mate e a madeira foram os ciclos econômicos que levaram às regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná a serem colonizadas e exploradas, a pecuária foi responsável pela passagem e fixação dos tropeiros nos Campos Gerais e o ouro no litoral e na capital do estado, o café levou a expansão da monocultura paulista ao Norte do Paraná, o desenvolvimento e a criação de algumas das mais importantes cidades paranaenses, tornando vazios populacionais em regiões prósperas e urbanizadas. Exemplos disso são Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Maringá, Paranavaí, Arapongas, entre tantas.
A cultura cafeeira no Paraná foi a continuação das plantações que vinham desde Minas Gerais – quando do esgotamento da exploração aurífera –, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, até chegar às terras do Norte paranaense. Porém aqui, um detalhe fez toda a diferença: o solo. Resultado de derrames basálticos, o solo do terceiro planalto paranaense tem um aspecto avermelhado, repleto de minerais e extremamente fértil. Foi da palavra vermelha, em italiano, rossa, que a terra ganhou o apelido de roxa.
A cultura cafeeira tornou-se a riqueza do estado e trouxe o desenvolvimento e o crescimento da economia estadual. O ciclo da cafeicultura no estado pode ser dividido em três distintas fases. A primeira, de 1900 a 1945, é marcada pelo desbravamento e implantação da cultura; a segunda, de 1946 a 1974 é de expansão e racionalização e, a terceira, de 1975 a 2000, de retração e adequação tecnológica.
Londrina foi responsável, na década de 1960, por cerca de 51% do café produzido no mundo e ficou conhecida como “Capital Mundial do Café”. Enquanto na década de 1950 o Paraná tinha 300 mil hectares dedicados ao plantio do café, em 1962, saltou para 1,6 milhão de hectares plantados.
A decadência da cafeicultura paranaense ocorreu, principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966; pela devastadora Geada Negra de 1975, pelo medo generalizado de que uma nova geada ocorresse e pelo desenvolvimento da soja como um produto agrícola de grande aceitação, além do trigo e da pecuária.
As décadas seguintes viram o lento renascer da cafeicultura no Paraná, trazendo consigo também o conceito de cafés especiais.
Sesc Cadeião
Em dezembro de 2014, no aniversário de Londrina, o Sesc Paraná entregou à cidade o Sesc Cadeião de Londrina. Um espaço de cultura, lazer, conhecimento e aprendizado que só foi possível ser recuperado e restaurado após convênio firmado entre o Sesc PR e a Prefeitura de Londrina.
O prédio, único remanescente da década de 1940 em Londrina, ficou fechado mais de duas décadas, período em que diversas ocupações foram propostas para ele. Em 2011, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR assinou com a Prefeitura de Londrina a cessão do imóvel por 20 anos, com possível renovação por igual período, para sua utilização como espaço cultural.
Foram necessários 17 meses para realizar a restauração do prédio, demolições e construção de novos espaços. Algumas celas e paredes foram preservadas em seu estado original, para que as novas gerações conheçam a antiga realidade do presídio e tenham uma amostra da rotina trágica e desumana a qual eram submetidos diariamente os presos.
O Sesc Cadeião Cultural abriga aulas de diversas áreas artísticas, como dança, música e cinema e um espaço para exposições. Um teatro foi incorporado às atrações que serão oferecidas ao público.
No solário, onde os presos disputavam réstias de sol, funciona o Café-escola do Senac, concebido para se tornar ponto de encontro do público apreciador das artes em geral. O café-escola simboliza a homenagem do Senac aos que desbravaram a região e transformaram Londrina na Capital Mundial do Café.
Infraestrutura
Sesc Londrina Cadeião – Museu do Café | |
Infraestrutura | Pavimento Térreo:
Hall Principal Exposições 1 – Sala sensorial Exposições 2 Exposições 3 Exposições 4 Sala de Atendimento Sala de Técnicos Sala Administrativa Sala de Dança Pavimento Superior: Biblioteca Sala de Artes Sala CVS Sala de Música 1 Sala de Música 2 Sala de Música 3 Sala de Múltiplas Artes Espaço de Convivência Acervo Almoxarifado |
Área construída | 1.014,62m2 |
Capacidade | 250 pessoas |
Funcionamento | Terça a Sexta-feira: das 9h às 21h
Sábado e Domingo: das 9h às 18h |
SERVIÇO
Inauguração do Sesc Londrina Cadeião Museu do Café
Data: 24 de agosto de 2023
Horário: 18 horas
Visitação pública: a partir de 29 de agosto de 2023
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira, das 9h às 21h e sábado e domingo, das 9h às 18h
Endereço: Rua Sergipe, 52
Informações: (43) 3572-7700 ou relacionamento.ldacadeia@sescpr.com.br