O grande incêndio, ocorrido em 1968, encerrou as atividades da instituição de ensino, que se tornou, anos mais tarde, um dos destinos turísticos mais conhecidos de Minas Gerais

O Colégio do Caraça foi uma instituição de ensino reconhecida nacionalmente, por onde passaram personagens ilustres da história brasileira. Em maio de 1968, as chamas do incêndio, iniciadas em um pequeno fogareiro, colocou ponto final nas atividades educacionais no local, mas não terminou com a vocação pedagógica. Hoje destino turístico mineiro conhecido mundialmente, o Santuário do Caraça (Estrada do Caraça, km 9, entre as cidades de Catas Altas e Santa Bárbara) guarda consigo histórias marcantes e uma delas mostra o quão a perseverança foi importante para construir o sucesso que o local faz atualmente.

No dia 28 de maio do ano de 1968, os alunos e padres que residiam no educandário foram acordados pelas chamas que tomaram grandes proporções. O fogo se alastrou rapidamente para o Museu de História Natural e seguiu consumindo a farmácia, o gabinete dentário, a enfermaria, os salões de estudo, os dormitórios, as salas de aula e a biblioteca com o seu gigantesco acervo literário. Felizmente, o incêndio não teve vítimas e cerca de 15 mil obras foram corajosamente salvas pelas pessoas que testemunharam a tragédia.

Márcio Mol, gerente geral do Santuário do Caraça, relata que, conforme a história registrada na época do ocorrido, tudo começou com um pequeno fogareiro elétrico que foi esquecido ligado, dando início ao alvoroço que tomou conta do local naquela noite do ano de 1968. “O incêndio atingiu grandes proporções e destruiu o prédio onde funcionava o Seminário. Quase tudo foi consumido pelas chamas e, felizmente, nenhuma pessoa ficou ferida ou morreu. Após o acidente, a instituição de ensino, Colégio e Seminário, não voltaram mais a funcionar. No ano de 1970, a Província Brasileira da Congregação da Missão (PBCM) decidiu que o Caraça retomaria sua vocação histórica e sua missão, como centro de peregrinação, cultura e turismo. Hoje, como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), também se define pela educação e preservação ambiental”, explica.

Apesar das proporções do incêndio, que ficou marcado na história do Santuário do Caraça, nem tudo se perdeu. As ruínas do Colégio permanecem de pé e as estruturas foram adaptadas, preservando as paredes da antiga construção, onde hoje funciona a biblioteca. Parte da história pode ser contada por meio dos objetos guardados no Museu, que tem disponível para visitação, inclusive, o fogareiro que causou o acidente e mudou os rumos da história de uma das instituições de ensino mais renomadas do país, que posteriormente se tornou destino turístico com projeção internacional.

Márcio Mol lembra que a tradicional Biblioteca do Santuário do Caraça guarda raridades literárias. Para ele, uma forma de mostrar como era o ensino regido naquela época no Brasil. “Hoje a Biblioteca está instalada no prédio onde funcionava o famoso Colégio. No local é possível encontrar, além de livros usados pelos padres para o ensino, vinis e radiolas com ensino de inglês e outras disciplinas. Se pensarmos bem, algo até moderno e bem didático para os alunos naquela época. Ou seja, eles já usavam formas lúdicas para educar os alunos. A Biblioteca é uma aula expositiva para o turista e visitante que vier conhecer, pois, das obras que sobreviveram, muitas retratam o comportamento da época e como eram, até mesmo, as coisas naquele tempo. Vale a pena conhecer o local e se encantar com tanto aprendizado”, pontua.

Turismo pedagógico

O complexo Santuário do Caraça recebe estudantes de todo o país, do ensino fundamental ao superior, para aulas de Ciências, História, Biologia, Geografia, estudos práticos na área de Matemática, Botânica, Ecologia, Engenharia Ambiental, Fotografia, Arquitetura, entre outras, para vivenciar na prática e na realidade o que é ensinado em sala de aula. “Somos conhecidos no Brasil e no mundo pelas nossas belezas naturais e pela riqueza histórica do local, já que aqui, por exemplo, já estudaram cerca de 120 políticos, dos quais dois foram Presidentes da República: Afonso Pena (1906-1909) e Artur Bernardes (1922-1926). Com tudo disso, a vocação educacional do complexo vem sendo comprovada cada vez mais pela alta procura de escolas para levar estudantes, do ensino fundamental ao superior ao local, para vivenciar na prática o que é aprendido em sala de aula, para vivenciar de fato, o que os professores ensinam na teoria dentro das instituições de ensino”, comenta.

Para Márcio Mol, o que chama a atenção dos educadores são as múltiplas possibilidades de ensino em campo. “O Complexo Santuário do Caraça é centro de peregrinação católica e especialmente da Família Vicentina, polo de cultura e turismo. Da área total do complexo (12.475,45 hectares), são Reserva Particular do Patrimônio Natural 10.187,89 hectares com objetivos de preservação ambiental e de produção de conhecimento científico. Com isso, as agências de viagens especializadas operam com roteiros exclusivos de instituições de ensino para o Santuário do Caraça. Sempre temos demandas interessantes de escolas e faculdades, principalmente com estudantes do ensino fundamental, para aulas de Ciências, História, Biologia e Geografia, e do ensino superior, sobretudo nos cursos de Engenharia Ambiental, Geologia, Geografia, Direito Ambiental e muitos outros. Somos uma escola a céu aberto que, em breve, com o controle da pandemia, deve voltar a receber visitantes ávidos por conhecimento”, conclui.

Fonte de conhecimento

O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca), o hotel com 57 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas, e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos. O local possui enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas no meio ambiente. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça faz parte de duas importantes reservas ecológicas, as Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço Sul e a da Mata Atlântica, onde há diversas espécies de flora e fauna, algumas encontradas somente no Complexo do Santuário do Caraça, que fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado, onde também há campos rupestres. Em suas serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carreiam material orgânico em suspensão.

Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata. O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.

Biblioteca

A Biblioteca hoje está instalada no prédio onde funcionava o célebre Colégio, que hoje abriga também o Museu, o Arquivo e um Centro de Convenções.

Museu

O museu, montado a partir de mobiliário e artefatos diversos de uso diário, pertencentes ao próprio Caraça e com algumas peças remanescentes de séculos passados, constitui um interessante lugar de visitação, diariamente procurado pelos hóspedes e visitantes, através de percursos guiados pelos monitores, com taxa de R$ 5 por pessoa.

Igreja Neogótica

O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e toda com material regional: pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos de base de cal, pó de pedra e óleo.

Gastronomia

A gastronomia do Caraça é um ponto que merece atenção especial dos visitantes. Além da experiência de comer no refeitório histórico, com toda a simplicidade e variedade de sabores da comida mineira, há uma adega no local onde dá para ver o processo de produção do vinho tinto, do hidromel e dos fermentados de laranja, jabuticaba e morango. Há também a padaria, que fabrica pães, bolos e biscoitos, e a doçaria, para doces, geleias e compotas. O queijo minas artesanal, cujo processo de fabricação existe há mais de 200 anos, é uma das delícias mais procuradas no Santuário e é matéria prima de vários pratos da região em concursos e festivais gastronômicos.

Santuário do Caraça

Local: Estrada do Caraça, Km 9 – Entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara –

CEP 35960-000

Fácil acesso pelas rodovias BR 381 e MG 436, além do cômodo acesso por trem

(Estação Dois Irmãos – Barão de Cocais)

Taxa entrada:

R$ 20 (em dias de semana)

Finais de semana, feriados e datas comemorativas: R$30 (por pessoa)

Idosos: 50% de desconto

Moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara:

R$10 por pessoa (qualquer dia)

Entrada gratuita na 1ª quarta-feira de cada mês (mediante agendamento)

Site com opções de hospedagens: www.santuariodocaraca.com.br

Reservas: centraldereservas@santuariodocaraca.com.br

Instagram: @santuariodocaraca

Facebook: www.facebook.com/santuariocaraca/

 

crédito fotos: Miguel Andrade/Arquivo do Santuário do Caraça /PBCM 

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