Apesar de terem autoridade, pais não devem agir com arbitrariedade nem subestimar a capacidade de compreensão do filho para conseguir uma conversa racional e com bom senso
Para muitas mães e pais o diálogo com filhos adolescentes é uma verdadeira batalha diária. É uma fase de reformulação completa da criança para uma nova etapa, onde existe o estreitamento dos laços com o grupo de amigos, o afastamento da família para ter privacidade e a necessidade de autoafirmação, por exemplo. Ações estas que contribuem para que, em geral, a conversa seja frustrante, com respostas monossilábicas, agressivas ou defensivas; isso quando não finaliza em discussão.
O diálogo é conexão, então é preciso buscá-la. Obter mobilização e tocar no sentimento. “Os pais, apesar de terem autoridade, não devem agir como pessoas arbitrárias, precisam ser aconselhadores, veiculadores de informações”, sugere Karin Kenzler, psicóloga clínica. “Entendendo que não sabem de tudo, mas que buscam sempre a melhor solução, pensando no bem-estar do filho. Esse sentimento gera ligação”, completa. Mas, é essencial entender que essa conexão é conquistada com o tempo, não é do dia para a noite. Vale lembrar que os pais que já têm o hábito de conversar com os filhos desde pequenos chegam com certa vantagem nessa etapa.
É muito importante também ter uma conversa racional, baseada no bom senso e nunca subestimar a capacidade de compreensão do filho. Para a psicóloga, o diálogo eficiente deve se basear em cinco passos:
- escutar sem preconceitos, críticas ou julgamentos;
- empatizar: acolher o sentimento para desarmá-lo e torná-lo apto a escutar;
- entrar no mapa mental, pesquisar, perguntar para melhor entender os motivos e ajudá-lo a ter maior clareza da situação;
- demonstrar ao filho o dilema que está em jogo;
- buscar uma solução em conjunto.
Mesmo em um período tão complicado, como o da adolescência, vale persistir e reforçar, ou construir, uma relação pautada no respeito e no diálogo com os filhos.
Karin kenzler – Formada em psicologia pela PUC SP e pós graduada em psicopedagogia pela Universidade Santo Amaro, Karin tem no currículo experiência profissional na Alemanha, em psiquiatria de jovens e adultos e no Departamento de Desenvolvimento Pessoal. No Brasil, trabalha com psicoterapia para casais, famílias, adultos, adolescentes e crianças. Já atuou em psicóloga escolar, atendimento clínico em Terapia Artística, projeto social com crianças e adolescentes da favela e psicologia do esporte. Tem formação em Psiquiatria e Psicoterapia de criança e adolescentes, Especialização em Psicanálise da Criança, Extensão em testes e dinâmicas de grupo em Orientação Vocacional e Extensão em Terapia de Casal e Família.
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