Nascida no ITA, iniciativa propõe um novo roteiro de concepção, projeto, construção e reforma para incorporadores, projetistas e construtores
Baseando-se na cultura e sustentabilidade, com a adoção de técnicas, métodos e tecnologias que vão desde o canteiro de obras até a habitação da residência, o Projeto Habitas deu início no dia 26 de novembro à reforma e retrofit (modernização de um imóvel antigo) da Casa Niemeyer – assim chamada em homenagem ao autor do projeto arquitetônico, Oscar Niemeyer (1907-2012).
O projeto, criado a partir da comunidade acadêmica do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), contempla a reforma de uma edificação do campus do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), localizada no bloco H17 – que foi projetado por Niemeyer com unidades residenciais maiores e desenho distinto das demais residências no campus.
A obra visa contribuir para a melhor compreensão e conscientização do mercado sobre a importância e viabilidade da sustentabilidade, especialmente em edificações públicas. No âmbito do poder público, esse tema ainda carece de abordagens eficazes para uma quebra de paradigmas e efetivo investimento em sustentabilidade.
Valorizando o locus institucional do projeto – o ITA –, o desafio que se propõe vai além da simples identificação e aplicação dessas técnicas e tecnologias, avançando sobre o desenvolvimento e a inovação, além de envolver a comunidade acadêmica e científica para buscar uma certificação inspiradora para o mercado sustentável: a AQUA-HQE.
O Processo AQUA-HQE é uma certificação internacional da construção sustentável, desenvolvida a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale) e aplicada no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini.
O objetivo, segundo o coordenador do projeto, o professor Wilson Cabral de Sousa Júnior, do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do ITA, é demonstrar a viabilidade de replicação em qualquer lugar do país.
“A adoção de técnicas, métodos e tecnologias para a sustentabilidade está se consolidando paulatinamente na construção civil brasileira. No entanto, nos novos projetos e nas reformas e retrofit de prédios públicos com destinações diversas é ainda comum a ausência de elementos de sustentabilidade nesses projetos, sob o argumento dos custos de implantação e manutenção”, afirma.
O conceito de sustentabilidade que será trabalhado no Projeto Habitas, explica o coordenador, considera a redução de impactos socioambientais e a autossuficiência, desde a concepção do projeto e escolha dos materiais às técnicas de geração e aproveitamento de energia e água.
Além de pesquisadores e acadêmicos do ITA, o projeto tem o apoio de especialistas do setor público e privado, e empresas parceiras para a elaboração dos projetos executivos e execução das obras.
Projeto Habitas
O Projeto Habitas propõe um novo roteiro de concepção, projeto, construção e reforma para incorporadores, projetistas, construtores e usuários baseado no Living Building Challenge, o LBC.
De forma a contribuir para uma melhor compreensão da urgência do tema, cuja essência vai pautar a engenharia, o design e a arquitetura ao longo dos próximos anos, o Projeto Habitas contempla a reforma de duas edificações do campus do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), em São José dos Campos (SP), e visa comprovar as vantagens socioeconômicas de uma reforma sustentável em relação ao modus operandi atual da construção civil.
Presumem-se situações desafiadoras para ambas as frentes. A primeira edificação compreende uma reforma de prédio residencial em processo de tombamento como patrimônio histórico e certificação AQUA-HQE. A segunda, por sua vez, visa uma mudança da destinação de uma edificação no campus para uma Casa de Cultura & Sustentabilidade, com certificação AQUA-HQE e Living Building Challenge.
Casa Niemeyer
Um dos prédios contemplados, a Casa Niemeyer é assim chamada em homenagem ao autor do projeto arquitetônico, Oscar Niemeyer (1907-2012). O conjunto da qual faz parte foi projetado com unidades residenciais maiores e de desenho distinto das demais residências no campus. As casas são geminadas, com dormitórios dispostos na fachada principal, o que configura dois pavimentos bem marcados e reforça a ideia da permeabilidade do conjunto em função do recuo da sala de jantar, da varanda com pilotis e do jardim lateral que interliga as áreas ajardinadas da frente e do fundo do bloco.
A reforma preserva o projeto arquitetônico original, de modo que a inserção de tecnologias sustentáveis se adequa às características propostas por Niemeyer. O objetivo é que a residência ganhe características sustentáveis, alcançando a certificação AQUA-HQE – que propõe um novo olhar para sustentabilidade nas construções brasileiras, buscando sempre uma melhoria contínua de seu desempenho.
Parceiros em projetos e execução:
Otta Albernaz Arquitetura e Design, LarVerdeLar, Guimarães Construtora, Conecte Solar, OHL Energia, Leal Energia, Natus Garden, Comfise, General Water, Fundação Vanzolini e Cabana Work.
Parceiros em materiais e tecnologias:
BYD, Amanco Wavin, WEG, Amazon, Saint Gobain, Cebrace, Brasilit, Isover, Assa Abloy, Yale, La Fonte, Udinese, Forgatti Vale Alumínios, Tempervale Esquadrias, TecSUS, Elgin, Honeywell, Solar Group.
Também estão envolvidos nos projetos executivos os professores e pesquisadores do ITA e DCTA: Jenner Arduíno (Arquitetura), Márcio Antônio Pimentel (Engenharia Civil), Paulo Ivo Braga de Queiroz (Engenharia Civil), John Bernhard Kleba (Sociologia), Maryangela Geimba de Lima (Engenharia Civil), Monica Maria (Engenharia Civil), Diogo Ramos (Computação), Jacqueline Ramis (Arquitetura), Fernanda Borges (Arquitetura), Mariana Chaves (Engenharia Civil), Dafne Brito (Engenharia Civil), Jéssica Meireles (Engenharia Civil), dentre outros.