O uso de certos produtos de higiene pessoal durante a gravidez, como tinturas, relaxantes e mousses contendo produtos químicos controversos, pode afetar os níveis de hormônios maternos, de acordo com estudo da Rutgers University

Existem recomendações de beleza que os médicos costumam fazer às gestantes para evitar riscos ao feto, dentre elas estão: a proibição do uso de ácidos como o retinoico, a isotretinoína, a tretinoína, assim como clareadores do tipo hidroquinona. Mas um novo estudo da Rutgers University (Estados Unidos), publicado em novembro na Environmental Research, demonstrou que o uso de certos produtos de higiene pessoal durante a gravidez, incluindo produtos para o cabelo, pode afetar os níveis de hormônios maternos. “Os produtos de higiene pessoal e beleza contêm vários ingredientes que geralmente incluem uma ampla gama de produtos químicos de desregulação endócrina, como ftalatos, parabenos, fenóis e metais tóxicos. Esses produtos químicos interagem com os sistemas hormonais, influenciando a síntese, a regulação, o transporte, o metabolismo e a recepção hormonal, todos especialmente vulneráveis durante a gravidez”, explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “Os pesquisadores descobriram que o uso de produtos para o cabelo, especialmente tinturas de cabelo, alvejantes, relaxantes e mousse estão associados a níveis mais baixos de hormônios esteroides sexuais, que têm um papel crítico na manutenção da gravidez e no desenvolvimento fetal. As interrupções desses hormônios podem contribuir para desfechos maternos e gestacionais adversos, como restrição de crescimento, parto prematuro e baixo peso ao nascer”, conta a Dra. Roberta Padovan, médica pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética.

O estudo examinou a associação entre o uso de produtos de higiene pessoal e os níveis de hormônios esteróides sexuais, incluindo estrogênios e progesterona e hormônios da tireoide entre mulheres grávidas. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 1.070 mulheres grávidas entre 18 e 40 anos de idade. Como parte do estudo, os participantes realizaram exames físicos e preencheram uma série de questionários fornecendo dados demográficos, ocupação, estilo de vida e uso de produtos de higiene pessoal, como fragrâncias, loções, cosméticos, esmaltes de unha, creme de barbear, enxaguatório bucal, xampu e outros produtos para o cabelo, como alvejantes, relaxantes e mousse. “Os participantes também forneceram amostras de sangue duas vezes durante a gravidez, que foram analisadas para nove esteroides sexuais e hormônios da tireoide”, diz o Dr. Fernando.

Segundo o Dr. Fernando, a descoberta com relação ao uso de produtos para cabelo é preocupante. “Alterações nos níveis hormonais, especialmente durante a gravidez, podem ter consequências enormes além da saúde no nascimento, incluindo mudanças no crescimento de bebês e crianças, e podem influenciar o desenvolvimento de cânceres sensíveis aos hormônios, como câncer de mama, útero e ovário, segundo o estudo”, diz o ginecologista. “É necessário, no entanto, que pesquisas adicionais abordem o impacto na saúde pública da exposição a produtos químicos em produtos para o cabelo em populações grávidas”, diz o médico.

Os pesquisadores também descobriram que variáveis socioeconômicas, como renda, educação e situação de emprego, influenciam o uso de produtos de higiene pessoal entre mulheres grávidas, de forma que as participantes empregadas relataram usar mais cosméticos do que aqueles que estavam desempregadas. “Esses dados são importantes porque nos permitem identificar as populações que estão em maior risco de exposição a produtos químicos associados ao uso de produtos de higiene pessoal”, explica a Dra. Roberta Padovan.

Por fim, os autores do estudo recomendam que médicos e obstetras conversem com mulheres em idade reprodutiva sobre o potencial impacto na saúde de desreguladores endócrinos, como os encontrados em produtos para o cabelo. “O ideal é apostar em produtos de uso seguro para grávidas, sem a presença de ingredientes químicos controversos, como ftalatos, parabenos, fenóis e metais tóxicos. Além deles, a gestante também deve evitar o uso de substâncias com formol e amônia, presentes em alisantes e tinturas”, finaliza a Dra. Roberta.

FONTES:

*DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

*DRA. ROBERTA PADOVAN: Médica Pós-graduada em Dermatologia. Graduada em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e especialista em Medicina Estética e Dermatologia pela INCISA. Com participação regular em congressos, jornadas e cursos nacionais e internacionais, a médica é proprietária de duas clínicas, no Maranhão e em São Paulo, com diversos tratamentos para saúde e beleza da pele. Além disso, atuou como médica residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

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