Será que faz mal para a pele misturar produtos de marcas diferentes? A dermatologista Dra Valéria Marcondes responde essa dúvida e ainda ensina como cuidar da pele seca, oleosa e mista.

Você já deve ter ouvido, principalmente de marcas de dermocosméticos, aquela história de que não é bom misturar produtos de linhas diferentes nos cuidados com a pele do rosto. O ideal seria, segundo eles, investir na linha inteira da marca para cuidados com limpeza, esfoliação, tonificação e hidratação, pois são formulados para uma sequência. Mas isso é verdade ou uma estratégia de marketing? “Se todas as linhas tivessem sabonetes com ingredientes não irritantes e abrasivos, tônicos sem grandes quantidades de álcool e principalmente hidratantes com conservantes como parabenos, esse princípio até poderia valer. Mas todas as linhas possuem bons e maus produtos e precisamos ficar sempre atentos às formulações”, afirma a dermatologista Dra Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology (AAD).

De acordo com a médica, não é incomum encontrar marcas com ótimos hidratantes e fotoprotetores inadequados, ou linhas com sabonetes irritantes e máscaras altamente hidratantes. “Tudo também vai depender do tipo de pele do paciente e da melhor estratégia para tratar alterações em sua pele, por isso é fundamental procurar um dermatologista”, afirma a Dra. Valéria.

Do mesmo modo que você não usa roupas de apenas um estilista ou toma remédios somente de uma indústria farmacêutica, o mesmo deve ser feito com os produtos da sua pele, segundo a dermatologista. “Para ter sucesso na rotina skincare, é necessário selecionar o que funciona melhor para seu tipo de pele e necessidade. Por isso, a mistura é necessária muitas vezes. Usar apenas uma linha não garante que seu tratamento será efetivo”, conta.

Mas, afinal, como escolher o melhor produto para o seu rosto? A dermatologista explica pelas características da pele:

Pele oleosa – bastante comum no Brasil, esse tipo de pele tem tendência a ter acne, conta com poros dilatados, brilho em excesso e aspecto mais congestionado. “É aquela pele em que o paciente sente que forma cravos com muita facilidade e há uma dificuldade de controlar o brilho, porque as glândulas produzem gordura com facilidade”, afirma. O sabonete para esse tipo de pele deve ser preferencialmente líquido e usado obrigatoriamente de duas até três vezes ao dia. “Os sabonetes devem ser aqueles com extratos controladores de oleosidade e podemos usar ácido salicílico ou glicólico”, conta. A loção tônica adstringente vem logo em seguida e pode conter álcool, pela sua atividade secativa, mas não pode passar de 5% da formulação para não ser irritativo. “Essa pele precisa ser hidratada na sequência, com produtos oil control e que proporcionam efeito mate. Mas não podemos deixar de hidratá-la, para não causar o rebote – que ocorre quando deixamos a pele seca demais e há uma reação compensatória do organismo para repor esse filme gorduroso com mais oleosidade”, comenta. Geralmente os hidratantes são indicados em séruns, loções com oil control, oil free, ou na forma de gel. “Essa pele deve receber fator de proteção solar acima de 30 e esse filtro solar deve ter toque seco”, conta. Em relação à noite, repete-se a higienização do dia e em alguns casos pode ser necessário o uso de ácidos como retinoico ou substâncias como peróxido de benzoíla.

Pele seca – tem deficiência em produzir gordura de boa qualidade, os famosos ácidos graxos ou ômegas, que também formam a membrana hidrolipídica, que reveste o tecido e proporciona aparência luminosa. “A pele seca tem uma característica de ser mais áspera, mais sensível e, às vezes, ficar mais avermelhada, além de apresentar tendências a ter rugas mais precoces”, afirma a médica. Para limpeza, a médica indica as loções, sabonetes cremosos, emulsões ou os sabonetes líquidos à base de extratos calmantes e sem agentes agressores. No geral, essa pele deve evitar a esfoliação e investir em tônicos calmantes hidratantes à base de fatores de hidratação e de aminoácidos, e sem álcool. “Os hidratantes podem ser mais robustos, em veículos mais cheios de lipídios, e devem ter a capacidade de segurar a água na pele e contar com alguns lipídios na formulação para ajudar a formar a membrana hidrolipídica”, diz a médica. Principalmente esse tipo de pele não pode esquecer do creme específico para a região da área dos olhos. “Assim que a pele foi hidratada, deve-se esperar alguns minutinhos para passar o fotoprotetor, que deve ser diário. Deve também receber filtros solares com índice normalmente acima de 30, com textura mais cremosa”, explica. À noite, após a limpeza e tonificação, é importante utilizar hidratantes nutritivos, segundo a médica.

Pele mista – é uma combinação de áreas mais ressecadas e áreas mais oleosas; a pele mista tem a zona T mais oleosa (testa, nariz e queixo), porque é onde se apresentam as glândulas sebáceas. “No caso da pele mista, a higienização também é com o sabonete líquido e posso usar uma loção tônica adstringente na região da zona T. No restante do rosto, a hidratação deve ser feita usando séruns, loções mais leves, produtos ricos em segurar a molécula de água na pele, sem esquecer a fotoproteção que também pode ser com os BB, CC creams, ou simplesmente o filtro solar sobre um bom hidratante”, afirma a Dra Valéria Marcondes. E à noite, o paciente deve lavar o rosto novamente, tonificar a pele, dando maior atenção à região da zona T e, dependendo da faixa etária do paciente, ele pode usar a vitamina C, os derivados de vitamina A, ácido retinóico, alfa hidroxiácidos e beta hidroxiácidos.

Fonte: Dra. Valéria Marcondes
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br

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