Dados pessoais de mais de 11,8 milhões de cidadãos ficarão sob gestão de uma empresa privada, com interesses comerciais
A iminente privatização da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (CELEPAR) traz consigo um risco real e grave para a vida de mais de 11,8 milhões de paranaenses. A empresa, que hoje gerencia os dados pessoais de milhões de cidadãos e garante a eficiência de serviços públicos digitais em áreas como saúde, segurança e emissão de documentos, pode ter seu controle transferido para a iniciativa privada. Essa mudança, no entanto, vai muito além de uma simples reestruturação administrativa — ela ameaça diretamente a segurança dos dados de toda a população do estado.
A CELEPAR é o pilar tecnológico que assegura o funcionamento de serviços essenciais para o governo do Paraná e, consequentemente, para o cidadão. Atualmente, ela trabalha em prol do interesse público, garantindo que serviços como agendamento médico, emissão de documentos e acesso a benefícios sejam realizados de forma gratuita, ágil e segura. Com a privatização, surge o risco de que esses serviços sejam alterados ou até cobrados, prejudicando principalmente a população que mais depende da eficiência desses sistemas.
SEGURANÇA DOS DADOS PESSOAIS
Paulo Jordanesson Falcão, advogado do Comitê de Trabalhadores contra a Privatização da CELEPAR, explica que o maior risco está na possível exposição dos dados pessoais dos paranaenses. Hoje, a CELEPAR gerencia informações extremamente sensíveis de mais de 11,8 milhões de cidadãos. Dados médicos, fiscais e pessoais estão armazenados nos sistemas da empresa, que segue padrões rigorosos de segurança pública. No entanto, a privatização pode comprometer essa proteção, colocando esses dados nas mãos de uma gestão privada, onde a prioridade não será mais o interesse coletivo, mas o lucro.
“Estamos falando de um risco sem precedentes. A privatização da CELEPAR colocará em jogo a segurança de dados pessoais de milhões de paranaenses. Dados como histórico de saúde, documentos fiscais e até informações sobre a segurança pública poderão ser expostos ou comercializados. O foco deixa de ser o cidadão e passa a ser o lucro, o que compromete gravemente a privacidade e a segurança de toda a população”, destaca o advogado.
Em tom de alerta, Falcão questiona se os próprios deputados favoráveis à privatização estão cientes das implicações dessa decisão. “Será que os parlamentares paranaenses que estão a favor da privatização da CELEPAR sabem que até os seus e-mails estarão expostos? Que a carteira de vacinação pessoal e de familiares, assim como dados sensíveis, estarão vulneráveis? Eles se sentem confortáveis com isso?”, argumenta. Segundo ele, é importante que todos entendam o que está em jogo, uma vez que essa decisão afeta diretamente a privacidade da população.
A possibilidade de exposição dos dados pessoais é apenas uma das consequências da privatização. Falcão ressalta que a empresa, ao ser transferida para a iniciativa privada, perderá sua missão principal de servir à população. “A CELEPAR, como empresa pública, desenvolve soluções que atendem diretamente as necessidades dos cidadãos. Com a privatização, essa missão será trocada por interesses comerciais, desconectando completamente a empresa da realidade da população. Além disso, o risco de vazamento de dados se torna uma ameaça permanente, com consequências irreversíveis”.
O QUE ESTÁ EM JOGO
A privatização da CELEPAR coloca em xeque não apenas a eficiência dos serviços digitais, mas a própria segurança dos dados pessoais dos paranaenses. Informações de toda a população paranaense passarão para as mãos da empresa responsável pela compra do órgão. “A gravidade da situação não pode ser subestimada. Estamos falando da possível perda de controle sobre os nossos dados mais sensíveis, que podem ser utilizados de forma indevida”, pontua Falcão.
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