Dados de estudo recente mostram relação interessante entre a redução da progressão da doença e o emagrecimento
Com o envelhecimento, é normal começar a sentir dores nos joelhos, sobretudo por problemas como a artrose. Mas quem está acima do peso e também é sedentário costuma ter dores piores, mais intensas e mais cedo. “O aumento de peso causa uma sobrecarga sobre as articulações com um ‘trauma’ repetitivo excessivo da cartilagem e sua degeneração. Dessa forma, uma recomendação importante é a perda de peso, de preferência acompanhada de algum exercício já que as articulações foram feitas para o movimento”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Em 2022, um estudo publicado na Arthritis & Rheumatology mostrou que declínios no índice de massa corporal (IMC) foram associados a uma piora mais lenta da osteoartrite (OA) do joelho. “Nesse estudo que avaliou mais de 6.000 joelhos, cada redução de 1 unidade no IMC foi associada a uma redução de 4,76% nas chances de incidência e progressão dos defeitos estruturais gerais de osteoartrite do joelho.
A Organização Mundial da Saúde tem alertado que a prevalência de obesidade triplicou em todo o mundo desde 1975. No Brasil, a doença crônica afeta quase 1/4 da população, mas o sobrepeso acomete quase seis em cada 10 brasileiros. “Isso significa predizer que teremos uma ‘epidemia’ ainda maior de artrose nos joelhos”, diz o médico. A artrose é a maior causa de dor musculoesquelética e limitação funcional na população idosa.
Estudos anteriores já haviam vinculado o peso corporal ao risco de desenvolvimento de artrose do joelho e à probabilidade de progressão e resultados finais, como a substituição total da articulação. Os pesquisadores também encontraram uma associação significativa entre as alterações do IMC e o risco de desenvolver dano estrutural, ou seja, o sobrepeso aumenta o risco de danos articulares. “Pessoas com sobrepeso ou obesidade – e potencialmente também aquelas com peso normal – podem se beneficiar de uma diminuição no IMC para prevenir, retardar ou retardar os defeitos estruturais na osteoartrite do joelho”, explica.
Segundo o médico, além da artrose, o joelho também pode sofrer com um risco de condromalácia, condição que mais afeta indivíduos com alto grau de obesidade, inclusive os mais jovens. “Nesse caso, a sobrecarga gera inflamação na cartilagem, que fica mole com o tempo. Se o diagnóstico demorar a ser feito, o joelho pode ficar inoperável, piorando suas condições gradativamente”, diz o médico. Outras lesões geradas por excesso de carga são: lesão da cartilagem e lesão meniscal degenerativa. “Em ambos os casos, podemos ter quadros graves, ainda mais em pacientes em que a obesidade intensificou problemas no joelho já existentes”, argumenta o especialista.
A recomendação principal é enfrentar o problema por meio de dieta orientada por um nutricionista. Além da dieta, a atividade física visando o fortalecimento do músculo (o que é bom para o joelho, segundo o médico) e o aumento do gasto calórico são indicadas. Por fim, o Dr. Marcos destaca que, ao sentir dor no joelho, o melhor a fazer é procurar um ortopedista com essa especialidade. “O diagnóstico correto e o programa de tratamento indicado pelo especialista podem frear a progressão da artrose”, finaliza o médico.
FONTE: *DR. MARCOS CORTELAZO: Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva. Graduado em Medicina e pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Dr. Marcos Cortelazo é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS). Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia, o especialista integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz. CRM 76316 Instagram: @dr.marcos_cortelazo