Diante de um momento que ninguém imaginou viver, todos nós tivemos que nos adaptar de várias maneiras, mas o impacto financeiro, sem dúvidas, ditou uma nova forma de se relacionar com gastos e prioridades

Em tempos de crise, do mesmo modo que o desemprego aumentou veementemente e, segundo o IBGE totalizou 12,850 milhões de desempregados no Brasil, outras formas de trabalho vieram à tona e ditaram a maneira como as pessoas passaram a se relacionar com o dinheiro que, aliás, sofreu mudanças drásticas do dia para noite.

Enquanto muitas famílias perderam parte ou a totalidade de sua renda, outras conseguiram se manter ou até mesmo prosperar com novas propostas de negócios por meio de produtos e soluções inovadoras para caminhar na contra mão da crise.

Mas o que me chama a atenção é que, independentemente do lado em que as pessoas estão, ou seja, sem uma ocupação nesse momento ou se redescobrindo em novos formatos de trabalho, o fato é que, nem sempre conseguem se organizar corretamente para dar conta de todas as despesas que aparecem.

Muitos acabam por extrapolar nos gastos por impulso e no e-commerce. Isso porque, fazem compras pela busca de satisfação imediata, pois associam o consumo ao prazer, uma combinação que pode causar prejuízos financeiros desnecessários, porque não fazem um balanço das reais necessidades, e terminam caindo no vermelho.

Educação Financeira

Muita dessa dificuldade em controlar custos, vem da deficiência da educação financeira no universo familiar e escolar da maioria dos brasileiros, mesmo sendo um tema essencial na vida de todo cidadão. Talvez agora, num cenário de pandemia, o assunto seja mais valorizado, afinal, por meio dele que aprendemos a valorizar nosso trabalho e não desperdiçar nosso esforço diário.

Se não temos controles para nossas despesas mensais, não há renda que aguente. No entanto, infelizmente, estamos acostumados a falar sobre dinheiro somente em situações de dificuldade, o que gera uma crença equivocada de que dinheiro é ruim. Só que é preciso mudar esse enredo e aprender que falar sobre finanças, investimentos, e também dialogar sobre proteção e segurança, exatamente para que a dificuldade financeira não apareça.

Então, pergunte-se sempre: meus gastos estão sendo feitos por necessidade ou são frutos de um impulso? Estou comprando pela ansiedade e angústia causadas pelo isolamento social ou por qualquer outro motivo? Este é um momento que pede maior controle, tendo em vista a instabilidade financeira do país, mas fazer esse tipo de análise é fundamental a todo momento, assim como identificar e analisar os sinais e os porquês da compra.

Transtorno do Comprar Compulsivo

Com a tecnologia a nosso favor, até as compras essenciais se tornaram mais práticas. Assim, mesmo em tempo de dificuldades financeiras, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), a compra via e-commerce cresceu 40% desde março deste ano.

Essa facilidade faz com que muitas pessoas exagerem. Fazer um balanço do que é realmente necessário é vital, já que o momento pede muita cautela e planejamento financeiro. Além disso, é preciso ficar atento para a compulsividade que pode ser considerada uma doença chamada TCC (Transtorno do Comprar Compulsivo), também conhecido como “oniomania”, que precisa de acompanhamento médico.

Feita toda essa reflexão, o que se espera de verdade, é que a experiência de viver uma pandemia faça com que as pessoas passem a valorizar mais o espaço familiar e os gastos domésticos. É preciso um novo olhar sobre os temas mais importantes de nossas vidas e, dentre eles, ter mais consciência em relação aos gastos supérfluos.

*Dora Ramos é consultora contábil com mais de 30 anos de experiência. Empreendedora desde os 21 anos, é CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial. Está há mais de 20 anos na jornada do autoconhecimento, é terapeuta holística, além de trabalhar também com PNL, aromaterapia, massagem, reiki e outras terapias de reconexão.

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