Por Ariane Bete*

Em mais uma edição da NRF, maior feira de varejo do mundo, realizada em Nova York (EUA), as menções à inovação e tecnologia foram recorrentes. Especialmente por meio da Inteligência Artificial, soluções práticas devem despontar para os mais variados fins, desde a estruturação dos negócios antes mesmo de serem implementados, à solução de problemas simples do cotidiano, às operações internas e até mesmo às estratégias para fidelização de clientes.

Um dos destaques é justamente o uso da IA para simular operações, como fluxo de clientes e organização de lojas, uma solução que ajuda empreendedores a desenvolverem seus planos de negócios de forma muito mais assertiva, obtendo mais sucesso nas vendas. É possível, porém, implementar tal tecnologia em loja já estabelecidas, garantindo a elaboração de soluções que otimizem os processos, atraiam clientes e aumentem a rentabilidade.

As soluções tecnológicas podem ser ainda utilizadas para facilitar o trabalho dos colaboradores, como o treinamento por meio da gamificação, que apresenta etapas a serem cumpridas e vai evoluindo conforme a pessoa avança no treinamento, e o uso de inteligência artificial para desenvolver treinamentos baseados nos comportamentos e nas práticas dos colaboradores de destaque no estabelecimento.

Além disso, as inovações, podem ser utilizada para otimizar operações de reposição de produtos, vendas, trocas, entre outros, com ênfase na redução do tempo de trabalhos mais mecânicos – como o atendimento ao cliente, no qual questões simples podem ser respondidas por um robô com supervisionamento humano. Desse modo, os colaboradores têm tempo para lidar com o que for mais complexo e significativo, como estreitar laços com clientes de forma mais humanizada e encontrar soluções para problemas que surgem no dia a dia.

A IA pode ser ainda uma grande aliada no controle do estoque e na precificação. Gôndolas que, pelo peso, conseguem identificar quais produtos têm mais saída e precisam ser repostos, ajudam o trabalho dos colaboradores do estabelecimento. Além disso, o cruzamento do histórico de dados de preços e vendas permite uma análise mais precisa das demandas dos clientes, permitindo uma precificação mais assertiva.

Conquistando clientes

O uso da tecnologia deve ter força desde as pesquisas online. Desenvolvedores têm trabalhado para tornar os produtos de varejistas mais visíveis na internet, especialmente pela geração de tags a partir da imagem do item, com descrições que asseguram um melhor rankeamento em sites de busca. E para se ter maior visibilidade no meio digital, estão sendo criados sistemas que facilitam a divulgação em várias redes sociais simultaneamente, já com links para compras.

O grande diferencial, contudo, segue sendo o uso de dados dos usuários que frequentam os sites das lojas. Por meio de tais conteúdos, identificados por sistemas que reconhecem até mesmo quem faz navegação em janelas anônimas, é possível traçar o perfil de quem tem interesse pelo estabelecimento e/ou pelos produtos ofertados, e assim criar estratégias para conversão dos clientes. O importante, nesse caso, é saber fazer uso dos dados para aproximar-se dos consumidores e oferecer para eles soluções e experiências que tornem as vendas mais agradáveis.

Experiência do cliente

A NRF 2025 discutiu temas importantes como a diferença da experiência de compra em lojas virtuais e lojas físicas. A compra on-line ocorre quando o consumidor já sabe o que quer, porque já fez pesquisas anteriores ou até mesmo já conhece o produto. A compra em loja física, portanto, surge como um complemento da experiência, para que ele tenha uma proximidade com a marca maior. Para o lojista, trazer clientes para o ponto de venda tem mais a ver com a escuta de suas preferências e demandas.

Em supermercados, a organização e a praticidade devem ser o foco. Lojas desorganizadas afastam os clientes e tornam as compras mais morosas, então é importante investir em visual merchandising. Outra solução cada vez mais importante é a oferta de produtos prontos para consumo, como refeições completas e saudáveis, para que o cliente possa comprar o que precisa com muito mais agilidade. E os varejistas não devem se limitar à venda de enlatados e industrializados: o diferencial é a venda de produtos de fornecedores locais, que garantem maior frescor dos itens oferecidos – e ajudam a movimentar a economia da região.

E a tecnologia pode ainda ajudar alguns estabelecimentos a aprimorarem a experiência do cliente, como o uso de realidade aumentada que ajuda prever como será o uso do produto comprado. Porém, em alguns casos, o caminho é pensar no espaço físico como um ambiente para experiências únicas, um espaço em que o lúdico é permitido e a criatividade pode ser explorada de forma mais livre. Isso conecta o cliente com a marca e torna a compra um momento agradável e memorável.

O mundo está em constante mudança, com impactos visíveis no varejo de todo o mundo. Para que o setor tenha maior resiliência, é fundamental entender o momento de vida do seu consumidor e se adaptar às mudanças. O êxito está em saber usar a criatividade para criar soluções novas e disruptivas ou simplesmente aproveitar as ferramentas já disponíveis, dando a elas novos usos.

*Ariane Bete é diretora comercial da DM, grupo de serviços financeiros especializado em gestão de crédito

Foto de Hitesh Choudhary na Unsplash

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