Se a atual dinâmica do mercado persistir, o segmento pode retornar aos níveis de 2019 a partir deste ano

Após um ano turbulento, o mercado de luxo iniciou seu caminho de recuperação. A indústria voltou a crescer no primeiro trimestre de 2021, crescendo em até 1% em relação a 2019, que é visto pela indústria como o último ano comparável.

A China continua a impulsionar a retomada, enquanto os Estados Unidos se recuperaram inesperadamente. A aceleração desta região-chave é uma das várias novas tendências, juntamente com a importância de um toque humano ao lado das interações digitais e da crescente presença de marcas no mercado de segunda mão.

As perspectivas para 2021, no entanto, ainda permanecem incertas. Espera-se que o mercado atinja entre € 250 e € 295 bilhões, dependendo de qual dos dois cenários descritos no relatório se desenrolar em 2021. Estas são as principais conclusões do estudo “Bain & Company Luxury Study 2021 Spring Update”, realizado pela a Bain & Company, uma das principais consultoria estratégicas do mundo em colaboração com a Fondazione Altagamma, a fundação da indústria italiana de fabricantes de bens de luxo.

Um forte início de ano impulsionado pela China e os EUA

Comparando com o primeiro trimestre de 2019, o mercado de bens pessoais de luxo cresceu entre 0 e 1%, considerando as taxas de câmbio atuais, (entre 2 e 3% a taxas de câmbio constantes) no primeiro trimestre de 2021.

Enquanto a China está impulsionando a recuperação graças ao repatriamento contínuo e à aceleração dos gastos domésticos com luxo, o mercado dos EUA tem tido uma retomada inesperada.

“A confiança renovada do consumidor, juntamente com o estímulo e um rápido lançamento de vacinas, viabilizou que o consumo de luxo voltasse a um ritmo surpreendentemente rápido”, conta Luciana Batista, sócia da Bain & Company.

Dois cenários possíveis para a recuperação do mercado em 2021

Apesar dos sinais positivos no mercado, um alto grau de incerteza permanece. Existem duas trajetórias possíveis para a recuperação em 2021:

Cenário 1 (probabilidade 30%): o caminho de recuperação se mantém ao longo de 2021, recuperando o nível de mercado de 2019 já este ano. Com este resultado, o mercado pode chegar a € 280-295 bilhões.

Cenário 2 (probabilidade de 70%): apesar do forte impulso do primeiro trimestre, o crescimento do ano inteiro é sufocado por compras de luxo domésticas mais lentas e turismo intra-regional limitado. Nesse caso, a recuperação total para os níveis de 2019 seria esperada apenas em 2022 e o mercado alcançaria € 250-265 bilhões este ano.

Três tendências para ficar de olho

À medida que a indústria do luxo navegava pela crise, algumas tendências se solidificaram: o apetite da China e dos cidadãos chineses por luxo continua insaciável; todas as nacionalidades dos clientes estão crescendo positivamente ou em vias de recuperação; o crescimento do canal online permanece robusto à medida que novos consumidores compram luxo online pela primeira vez, e uma ampliação da gama de preços com mais produtos de nível básico, mas também mais itens de alta qualidade.

Entre as tendências a serem observadas nos próximos meses:

Os anos 2020 podem remodelar o mercado de luxo dos Estados Unidos: a recuperação nos Estados Unidos superou as expectativas; a melhoria das condições macroeconômicas, um mercado de ações dinâmico, o aumento da confiança do consumidor e o rápido lançamento de vacinas são fatores que contribuem para uma forte recuperação. A Bain viu uma mudança no mapa de mercado com novos centros urbanos e uma ênfase crescente nas áreas suburbanas, bem como o aumento da relevância subcultural e da mentalidade da próxima geração.

O toque humano ainda é importante: a pandemia catapultou as marcas de luxo para a era do digital em um ritmo imprevisto. A Bain estima que mais de 85% das compras de luxo foram influenciadas digitalmente em 2021. Mas o toque humano no luxo continua sendo necessário e, seja na loja ou remotamente, essas interações desempenharão um papel crítico na manutenção da fidelidade do cliente.

O mercado de segunda mão atinge vários segmentos de consumo: a Bain estima que o mercado de segunda mão de luxo valha € 28 bilhões em 2020 (contra € 26 bilhões em 2019). O mercado de itens de luxo pré-usados abrange não apenas os consumidores mais jovens, que estão principalmente comprando categorias e produtos aspiracionais, mas também os que mais gastam e colecionam em busca de produtos sofisticados ou colecionáveis. As marcas estão cada vez mais entrando nesse mercado em uma nova onda de desintermediação para os clientes e se tornando plataformas para interagir com eles durante todo o ciclo de vida de um item.

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