A função de registrar dados deixou de ser suficiente para os contadores da atualidade; saiba quais são as novas habilidades indispensáveis para o sucesso desse profissional.
A facilidade com números e o gosto pelos cálculos faz com que todos os anos centenas de estudantes ingressem no curso de Ciências Contábeis no Brasil. Dados divulgados em 2019 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostravam que o curso era o 4º mais procurado do país, com cerca de 362 mil matriculados. Além disso, em 2015, por exemplo, 42.483 pessoas se formaram em Ciências Contábeis.
Com uma taxa de empregabilidade de 60,5%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor é considerado promissor e sempre relevante. Entretanto, o papel do contador evoluiu muito além do registro e acompanhamento das movimentações financeiras. Nos dias de hoje, principalmente com a evolução das tecnologias e da Inteligência Artificial, o contador completo é aquele que alia conhecimentos multidisciplinares, visão consultiva e proatividade para contribuir com a saúde financeira e estratégica das empresas.
O especialista em Governança Corporativa e CEO da Digiwork Inteligência Contábil, Rafael Mafra, afirma que a função de apenas “olhar para trás” e registrar os dados deixou de ser suficiente. “O contador precisa olhar para frente, analisar cenários e antecipar desafios e oportunidades”, destaca.
O novo perfil do contador
Segundo Mafra, o contador moderno é mais do que um gestor de números; ele é um estrategista. Além de registrar os dados financeiros, deve ser capaz de criar cenários e orçamentos empresariais, identificar discrepâncias entre números contábeis e operacionais, como vendas por setor ou devoluções por produto, analisar inconformidades e sugerir melhorias nos processos internos. “Isso significa compreender que a contabilidade é reflexo do passado, mas pode ser usada para prever e moldar o futuro da organização”, assegura.
Ele ainda destaca que o principal desafio para um contador que deseja se destacar é a formação multidisciplinar. “Como muitos contadores vêm de áreas específicas, como auditoria ou consultoria, integrar diferentes saberes pode ser complexo. Além disso, habilidades como retórica, argumentação e liderança de equipes especializadas são indispensáveis”, afirma Mafra,
Para ele, outro ponto desafiador é entender profundamente os impactos que erros operacionais, como falhas em compras, vendas ou logística, podem causar no balanço patrimonial. Sem esse conhecimento, o contador torna-se um mero espectador, incapaz de justificar ou corrigir variações nos resultados.
Por isso, dominar os processos internos da empresa permite ao contador atuar de forma preventiva e consultiva. Por exemplo, ao identificar altos custos e prejuízos recorrentes, ele pode investigar políticas de compras, critérios de estoque e autorizações de despesas. Essas análises podem evitar a repetição de padrões financeiros prejudiciais e sugerir mudanças que aumentem a competitividade da empresa.
Já a visão consultiva, outra habilidade indispensável, é construída com experiência prática, estudo constante e vivência em diferentes mercados, afirma o CEO da Digiwork. Para ele, o contador que transita por negócios de diferentes portes e segmentos adquire um repertório que lhe permite antecipar problemas e sugerir soluções adequadas à realidade da empresa. “Para ser considerado completo, o contador deve dominar conceitos de direito empresarial, leis de sociedades anônimas, falências, direito trabalhista e tributário. Como a contabilidade se baseia em legislações específicas, ignorá-las compromete a análise e a entrega de soluções eficazes”, finaliza Mafra.
Sobre a Digiwork
A Digiwork é uma empresa de inteligência contábil fundada em Blumenau em 1991, pela família de Rafael Mafra. Atualmente, a empresa, além da Matriz em Blumenau, também conta com uma filial em Indaial e possui cerca de 30 funcionários, e mais de 300 clientes, atendendo fisicamente clientes em diversos Estados.
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