Em sua segunda participação no MDF, o American Hardwood Export Council (AHEC) propõe novas soluções e aplicações de madeiras folhosas americanas;

Em uma época marcada pelo uso de plásticos, consumo excessivo e mudanças climáticas, o AHEC aposta nos conceitos de slow design, diminuição de descarte durante a produção, e mostra a madeira como uma matéria-prima importante para uma menor pegada de carbono. 

Na segunda semana de fevereiro Madrid abriu as portas, pela sexta vez, para o festival que reune designers, artistas e arquitetos de todo o mundo. Em 2023, o Madrid Design Festival recebe as exposições “SLOW” e “Natural Connections”, projetos impulsionados pelo American Hardwood Export Council (AHEC) com a participação de grandes nomes do design europeu, como Inma Bermúdez, Moritz Krefter, Álvaro Catalán de Ocón e Jorge Penádes. Por trás da madeira, matéria-prima principal presente em ambas instalações, o objetivo dos trabalhos expostos é propor novos usos inteligentes de madeiras folhosas (tulipwood, carvalho-vermelho, bordo e/ou cerejeira) através de processos de produção e uso final mais sustentáveis desse material subutilizado.

O Madrid Design Festival acontece dos dias 7 de fevereiro a 9 de abril de 2023, e as exposições “SLOW” e “Natural Connections” estarão abertas ao público até 12 de março e 07 de março de 2023, respectivamente.

Definindo tendências e exemplos para o mercado global

Com o intuito de mostrar de perto casos de usos na prática e demonstrar os benefícios do uso das madeiras folhosas americanas em objetos que facilmente poderiam compor ambientes nos quais transitamos no dia-a-dia, o AHEC trouxe ambas exposições para o Madrid Design Festival para promover essa reflexão a nível global e expandir as discussões sobre design e sustentabilidade.

Diante dos crescentes desafios ambientais globais, se torna cada vez mais importante aproveitar ao máximo todas as matérias-primas sustentáveis disponíveis. Nesse contexto, as madeiras folhosas americanas (tais como tulipwood, carvalho-vermelho, bordo e cerejeira) se apresentam como opções interessantes para adicionar ao portfólio de matérias-primas para a produção, principalmente pelo seu baixo impacto no ambiente, porque pode durar gerações e ser facilmente reciclável.

Além disso, é importante lembrar que a escolha da madeira terá um impacto a longo prazo: a dependência excessiva em uma seleção limitada de espécies acaba gerando tensões no abastecimento, daí a responsabilidade coletiva de usar de diversidade de matérias-primas oferecidas pela natureza.

No caso das florestas norte-americanas de folhosas, o bordo, a cerejeira e o carvalho-vermelho representam mais de 40% de toda a madeira plantada, por isso é vital não ignorá-las. Como seu volume líquido aumenta em 63 milhões de m³ a cada ano, o volume de madeira usado para fabricar todas as peças da mostra “SLOW”, por exemplo, é regenerado enquanto você termina de ler este parágrafo.

Para David Venables, Diretor do AHEC na Europa, através das exposições também é possível mostrar exemplos que talvez sirvam de inspiração para outros designers continuarem buscando um caminho mais verde na produção. “Essa primeira semana do Festival proporcionou trocas muito valiosas entre jornalistas, entusiastas da arte e design e profissionais da indústria. Acompanhando o mercado nos últimos anos é claro observar que, aos poucos, o conceito de “slow design” vem ganhando espaço. No entanto, a grande diferença é o que fazemos com esse conhecimento. Queremos mostrar como isso pode ser colocado na prática e como podemos pensar uma produção com madeira sem – ou quase sem – descarte, com peças atemporais e não obsoletas, pensadas para um ciclo de consumo e produção circular. Esperamos que esses sejam apenas alguns exemplos que inspirem outros designers e arquitetos ao redor do mundo.”

Por dentro das exposições:

‘Slow design’ para mudanças rápidas

Reunindo o trabalho de 17 alunos selecionados de 9 escolas de design espanholas, SLOW Spain: Slow design for fast change mostra o talento e as ideias da nova geração emergente de designers enquanto explora as possibilidades materiais de quatro madeiras folhosas americanas sustentáveis, mas subutilizadas: tulipwood, carvalho-vermelho, bordo e cerejeira.

Mentorados por Inma Bermúdez e Moritz Krefter, Álvaro Catalán e Jorge Penádes, os jovens designers tiveram a missão de desenvolver móveis que sejam funcionais e, ao mesmo tempo, apresentassem alguma inovação – além de, claro, utilizar uma ou mais madeiras folhosas americanas, demonstrando na prática casos de uso para este material.

Entre os designs, se detacam a estante modular “Todo Toca”, a releitura de uma cadeira em estilo japonês “Bondu” (que não conta com cola ou pregos, utiliza apenas os encaixes corretos da madeira para deixá-la firme e em pé), e a mesa de apoio/luminária “Pami” (que conta com fios de metal que conduzem eletricidade e possibilitam que a peça acenda).

Para Sheila Valle, uma das estudantes que participou do projeto, a reflexão que fica deste trabalho é que é essencial que novos profissionais na indústria se atentem à sustentabilidade no momento de pensar o design de produto. “O momento em que nos encontramos é um ponto de virada e o papel do designer é uma figura chave em tudo isso. Apesar de ainda haver muito a ser feito, felizmente começam a surgir cada vez mais propostas que oferecem materiais alternativos, principalmente baseadas no reaproveitamento de elementos descartados, já que o sistema de fabricação linear que temos atualmente é inviável. Precisamos repensar nosso modelo de consumo, e começar a projetar com um modelo circular em mente, e claro que a materia-prima tem um papel indiscutível nisso tudo.”

Natural Connections

Já na segunda exposição, com o objetivo de conectar material e pessoas de forma lúdica, consciente e com foco na natureza, o AHEC convidou Inma Bermúdez e Moritz Krefter (Studio Inma Bermúdez), Jorge Penadés e Alvaro Catalán de Ocón a criarem três móveis para espaços públicos, pensados para ajudar as pessoas a encontrarem e redescobrirem a natureza.

Inspirados no edifício do Matadero, também localizado em Madri, que anos atrás serviu como matadouro de animais para comercialização da carne, Inma Bermúdez e Moritz Krefter (Studio Inma Bermúdez) criaram “La Manada Perdida” (o rebanho perdido), um conjunto de peças, em carvalho vermelho, bordo e cerejeira, que lembra um grupo de animais que parecem estar perdidos. Dispostos no hall de entrada do prédio, eles parecem bancos, mas seu design instiga a imaginação: a indefinição de sua função é um convite para que o visitante decida como quer utilizá-los. Durante a produção, o design foi adaptado ao material disponível para reduzir o desperdício, e os objetos têm acabamento mínimo para imitar a textura da árvore de onde vieram.

No seu projeto, Wrap, Jorge Penadés explora uma nova aplicação da madeira com inspiração no sistema de produção de tubos de cartão. Ao invés de criar um móvel tradicional, o designer desenvolveu um sistema estrutural utilizando duas lâminas de cerejeira de 0,7 mm, coladas e enroladas em direções opostas para criar uma estrutura tubular surpreendentemente resistente e versátil. Complementado com um pé de madeira maciça e uma rótula 360º, permite a criação de composições horizontais e verticais. Penadés usou essa abordagem inovadora para configurar uma arquibancada multifuncional e uma prateleira baixa que demonstram a resistência, estabilidade e estética da cerejeira.

Inspirando-se nas tradicionais persianas de madeira das cidades mediterrâneas, Álvaro Catalán de Ocón interpreta a madeira através da iluminação e cria uma ‘nuvem elétrica’ para o espaço Matadero. Intitulada Nube (nuvem), a peça é composta por pequenos pedaços de madeira, todos iguais e produzidos mecanicamente. Catalán utilizou um processo de produção em grande escala, que permite a criação de muitos elementos repetidos de forma simples, deixando o componente artesanal, que é a alma de seu trabalho, para montagem e instalação. Bolas e cilindros feitos de madeira de carvalho vermelho, cerejeira e bordo formam uma espécie de malha eletrificada que filtra a luz e provoca um interessante jogo de luz e sombra que envolve o visitante.

E como o mercado brasileiro se conecta a tudo isso?

Desde o início da pandemia, o brasileiro vêm resiginificando o lar. Além de valorizar mais o conforto e a beleza dos itens dentro de casa, esse novo comportamento também veio somado à uma preocupação maior com o meio ambiente e impacto socioambiental. De acordo com uma pesquisa realizada pela Mastercard em abril de 2021, 85% dos brasileiros afirmaram estar mais conscientes do seu impacto no meio ambiente desde o início da pandemia e 75% disseram que reduzir suas emissões de carbono é uma meta mais importante agora do que antes do isolamento social. Ainda segundo outro estudo feito pelo Mercado Livre entre 2021 e 2022, 4,3 milhões de latinoamericanos (moradores do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Uruguai) adquiriram mais de 7 milhões de produtos que geram impacto socioambientais positivos nesse período – e o Brasil sozinho corresponde a 40% desse mercado. A categoria Casa&Móveis também se destacou como líder em vendas no Brasil no consumo online com impacto positivo.

Além desse novo perfil do consumidor que foi surgindo nos últimos anos, também é importante destacar que a indústria brasileira não fica para trás quando o assunto é sustentabilidade. Além de ser um grande mercado produtor e exportador de madeira de altíssima qualidade, o Brasil possui também o pinus e eucalipito, madeiras provenientes de reflorestamento e manejo sustentável e que são usados como material renovável, reciclável e biodegradável.

Junto a isso, somamos uma gama de arquitetos e designers brasileiros que, nos últimos anos, têm seu trabalho focado na sustentabilidade e se tornaram conhecidos por trabalhar no aprimoramento deste setor, também explorando o “slow design”.

Assim, o Brasil se mostra um dos mercados mais promissores para implementação do uso de madeiras folhosas americanas, uma vez que já tem um mercado experiente com a matéria-prima e profissionais direcionados a pensar no impacto socioambiental e na criatividade do projeto ao mesmo tempo. A adição de outras espécies de madeiras – como o carvalho-vermelho, a tulipwood, o bordo e a cerejeira – às espécies já naturalmente utilizadas para produção nacional, só trará benefícios, sem gerar tensões de abastecimento e também fornecendo a possibilidade de criar produtos finais menos obsoletos, dada a durabilidade das madeiras folhosas americanas.

Sobre o American Hardwood Export Council (AHEC)

A American Hardwood Export Council (AHEC) é a principal associação comercial internacional para a indústria de madeira folhosa americana, representando os exportadores comprometidos entre as empresas de madeira de lei, que agora comercializam e vendem seus produtos em volumes significativos em todo o mundo. Por mais de 30 anos, a AHEC tem estado na vanguarda da promoção internacional de madeira, construindo com sucesso uma marca distinta e criativa para madeiras folhosas americanas. Ao reconhecer o papel fundamental que o design desempenha no uso bem-sucedido e inovador de american hardwoods, a AHEC ajuda a indústria a desenvolver novas oportunidades ao construir um relacionamento com a comunidade global de design. Na Europa, a AHEC é conhecida por suas colaborações imaginativas e ambiciosas com arquitetos e designers para destacar o potencial e inspirar mais uso desses materiais de forma sustentável.

Sobre o Madrid Design Festival 

O Madrid Design Festival é um festival internacional que pretende fazer de Madrid a capital do design e colocá-la numa posição privilegiada no contexto internacional. O evento anual decorre durante os meses de fevereiro, março e abril e abrange todas as disciplinas do design, da arquitetura ao design gráfico, da comunicação ao design de interiores, hibridizando-as todas num formato contemporâneo e inovador.

créditos fotos: Uxío da Vila : Fabiana Rosa/Divulgação

Somos um veiculo de comunicação. As informações aqui postadas são de responsabilidade total de quem nos enviou.