Segundo pesquisa, Indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, ficando atrás apenas da indústria petrolífera

O meio ambiente está cada vez mais em pauta devido a necessidade de atenção com a geração de resíduos, o que vem se tornando uma grande preocupação para as empresas.

De acordo com o levantamento publicado pela Global Fashion Agenda (organização sem fins lucrativos), 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em anos recentes e a projeção é de um aumento de 60%, ou mais de 140 milhões de toneladas nos próximos oito anos.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria e de Confecção (Abit), a indústria têxtil e de confecção registrou um crescimento de 20% em 2021, representando uma movimentação de 194 bilhões de reais. Conforme apontado em pesquisas, a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, ficando atrás apenas da indústria petrolífera.

De toda forma, quem consome também precisa estar atento a tal cadeia produtiva, optando por consumir marcas e empresas que geram menos impacto ao meio ambiente. Atualmente é mais comum identificarmos no universo da moda, marcas sustentáveis que podem nos ajudar a refletir sobre hábitos de consumo.

Frente a essa realidade, a publicitária, fashion designer, ativista CEO da Liga Transforma, Lourrani Baas acredita numa moda sustentável e autoral, capaz de reduzir os impactos ambientais, além de criar novas possibilidades para mulheres em vulnerabilidade social. Ela também acredita que essas mudanças já podem ser vistas.“Já é possível notar mudanças no consumidor brasileiro em relação à moda sustentável, mesmo que de forma lenta e gradual. Vestir é um ato de sensibilidade e humanidade para vencer os padrões, por isso lancei a marca homônima de alfaiataria slow fashion que leva o meu nome, LOURRANI BAAS. Nela trabalho com tecido plano e técnicas de moulage (técnica de modelagem onde a construção da roupa é feita diretamente sobre o corpo) na alfaiataria”, explica Lourrani.

Reforçando essa moda com propósito, em sua nova coleção-cápsula intitulada 100 ANOS DE BRASIL, apresentada na 51ª edição da semana de moda da Casa de Criadores através de um fashion film, Lourrani utilizou 15kg de lixo têxtil, mostrando que é possível deixar de poluir o meio ambiente e transformar o ‘lixo’ em moda autoral.

Para a fashion designer, fazer moda com propósito está no DNA. De acordo com ela, trabalhar com moda enquanto mulher gorda, ativista, baiana, nordestina e preta, é algo muito difícil. “Me sinto em um papel desafiador e resiliente. Lidar com sustentabilidade e economia circular não é tarefa fácil. Estamos falando de mudanças de hábitos e costumes. Mas acredito no poder da transformação, e como práticas e inspirações para a preservação do meio ambiente, também podem impactar positivamente vidas”, explica Lourrani.

A coleção assinada por Lourrani Baas, utilizou tecidos produzidos pela Liga Transforma, startup de impacto socioambiental detentora de um método único de beneficiamento de resíduo têxtil, que transforma retalhos em novos tecidos sustentáveis, conectando comunidades, oferecendo qualificação profissional e renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social

Na coleção 100 ANOS DE BRASIL, ativista faz um cruzamento entre as influências que compuseram o cubismo, ligadas a Semana de Arte Moderna e o novo olhar artístico, plural, alegre e consciente, repleto de cores e formas que homenageiam o povo brasileiro, quebrando padrões e vivendo disrupções diárias.

Com criações de peças que trazem a imponência, beleza e a diversidade através de modelagens flexíveis, pensado de forma estratégica para alcançar e abraçar as mulheres, a collab apresenta uma estética única e marcante, utilizando a criação de espelhos de retalhos (patchwork) em padronagens exclusivas, gerando novas formas geométricas. Entendendo a assimetria, a colagem como espírito libertador e as cores como a representatividade de corpos e curvas, com peças que refletem um escape da realidade opressora.

“Nada será como antes! No Novo Mundo, chegamos em terras distantes pelo mar, através de uma expedição desbravadora. Rompemos padrões e perspectivas, dando lugar ao novo, divertido e cheio de poder, identificando a natureza como ponto forte, trabalhando a ressignificação do resíduo têxtil, ofertando conceito, design sustentável e responsabilidade socioambiental”, ressalta Lourrani.

A 100 ANOS DE BRASIL, é um dos resultados do prêmio Fashion Futures (na categoria Design Sustentável), plataforma de visibilidade e aceleração de moda autoral e regenerativa desenvolvido em 2021 pelo Instituto C&A, onde a Designer e a Liga foram ganhadoras.

Além de ser uma porta-voz da luta pela pluralidade de corpos na moda, com uma visão ecológica, social e transformadora, Lourrani comprova que o trabalho realizado através de resíduo têxtil precisa ter um reconhecimento maior, pois apresenta claramente que a moda sustentável não é apenas uma tendência para reaproveitamento dos resíduos e sim uma das principais soluções para redução da agressão ao meio ambiente.

Confira o fashion film:https://www.youtube.com/watch?v=3VYMOTqTcyo

fotos: Ru Figueredo @rufigueredo

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