Condição que se caracteriza por sentimentos de amargura profunda, desespero e falta de esperança pode acontecer logo após o nascimento do bebê. Problema pode afetar desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança

Em um momento de pandemia do Novo Coronavírus, ainda não há um estudo conclusivo sobre os riscos de transmissão da mãe para o bebê, mas não é somente isso que preocupa. “O isolamento social pode aumentar o risco de depressão pós-parto, uma condição caracterizada por profunda tristeza, desespero e falta de esperança logo após o nascimento do bebê. Embora não exista uma única causa conhecida para depressão pós-parto, ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de outros problemas e transtornos mentais. No entanto, a principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez. Mas dentre os hábitos que também influenciam no aparecimento desta doença, muitos deles estão sendo comuns nesse momento de pandemia, como: a privação do sono, o isolamento, a alimentação inadequada, o sedentarismo e a ansiedade, estresse e depressão”, afirma a médica ginecologista Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

De acordo com a ginecologista, o grande ‘motor’ desses maus hábitos é a ansiedade e o estresse, que são cada vez mais comuns em um momento como esse, de mudanças na rotina e no contato social. “E uma depressão pós-parto nesse momento pode dificultar ainda mais as coisas para a mãe e o bebê. Isso por que a mulher que está em depressão pós-parto, normalmente, amamenta pouco e não cumpre o calendário vacinal dos bebês. Além disso, o problema pode afetar o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança, que tem maior risco de apresentar baixo peso e transtornos psicomotores, além de outros problemas de saúde”, diz a ginecologista. Além disso, um novo estudo, publicado na edição de janeiro e fevereiro do periódico Dermatitis, diz que a depressão materna no período pós-parto está associada ao desenvolvimento de dermatite atópica ao longo da infância e adolescência do filho, evidenciando que o vínculo emocional entre a mãe e o bebê no começo da vida pode influenciar o surgimento de doenças de pele. “A Dermatite Atópica é uma doença inflamatória crônica da pele, tipicamente caracterizada por coceira, dor e distúrbios do sono. Também tem sido fortemente associado a vários distúrbios de saúde mental, como depressão, ansiedade e ideação suicida”, explica a dermatologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A depressão pós-parto ainda pode fazer com que a mãe interaja menos com a criança. “Então, dessa forma, sintomas como irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, diminuição da energia e motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de lidar com situações novas são emocionalmente potencializados”, diz a ginecologista.

Para o tratamento da depressão pós-parto os médicos indicam medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia. “O aconselhamento e apoio da família, parceiro(a) e amigos é fundamental, pois ajuda a tratar e a prevenir depressão, depressão pós-parto e depressão durante a gravidez”, diz a Dra. Ana.

Para prevenir a depressão pós-parto nesse momento de isolamento social, a Dra. Ana Carolina reforça a importância do autocuidado, principalmente com relação à saúde mental e aos hábitos. “Mantenha uma alimentação saudável, faça exercício físico leve, arranje um tempo de qualidade com você mesma e principalmente evite o isolamento total. Reforce os laços com suas famílias e amigos por meio de chamadas de vídeo ou telefonema, pois essas são estratégias importantes no momento”, lembra a médica. Ficar longe de cafeína, álcool e outras drogas e medicamentos (a menos os recomendados pelo médico) também pode ajudar. “Com relação ao sono, tente manter uma rotina, e evite o uso excessivo do celular antes de ir para cama, já que a luz azul pode interferir na qualidade do sono. Se necessário, faça meditação, fuja dos excessos das notícias desgastantes nesse momento e leia um livro. Caso sinta que está precisando conversar ou pedir ajuda, não hesite”, finaliza a médica.

FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA – Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.

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