Dicas do que fazer antes de procurar o pronto-atendimento
Crianças são naturalmente ativas e curiosas. E – até que tenham consciência dos riscos – precisam ser observadas de perto. Todo ano, aproximadamente 5 mil crianças morrem e 120 mil são hospitalizadas por causa de acidentes ou lesões, segundo o Ministério da Saúde. A boa notícia é que a maior parte dos acidentes podem ser evitados com algumas medidas simples e nesse período de volta às aulas é importante saber quais são os principais cuidados com os pequenos.
Acidentes mais comuns
Bebês e crianças com até dois anos podem ser acometidos por problemas relacionados com a aspiração de alimentos, brinquedos e objetos estranhos.
“Dos dois até os quatro anos, acidentes de trânsito e afogamentos dominam as estatísticas. Entre os acidentes domésticos que podem levar à hospitalização ou lesões estão os cortes, engasgos, intoxicação, quedas e queimaduras”, explica a endocrinologista pediátrica, Myrna Campagnoli, diretora médica do Laboratório Frischmann Aisengart.
O que fazer: Abaixo seguem os passos para os primeiros socorros em situações de emergência. Vale lembrar que o acionamento do serviço de emergência médica ou dos bombeiros deve ocorrer o quanto antes.
Afogamento: O afogamento pode acontecer em grande quantidade de água (piscinas, por exemplo) ou em pequenas quantidades (como bacias com roupa de molho, por exemplo). Se o afogamento ocorrer em grande quantidade de água, o primeiro passo é resgatar a criança – sem entrar na água, se possível. Avalie se ela está respirando. Se estiver, coloque-a de lado para que possa expelir a água que bebeu.
Caso não esteja respirando, inicie a respiração boca a boca e massageie o tórax da criança. Procure, também, deixar a cabeça mais baixa que o peito para evitar afogamento com o próprio vômito.
Assim que recuperar a consciência, aqueça-a trocando as roupas e cobrindo com cobertores.
Convulsões: O mais importante nos casos de convulsão é proteger a cabeça e evitar a aspiração da saliva ou vomito. O procedimento é deitar a criança de lado e colocar uma almofada sob a cabeça para evitar traumas.
Se a criança estiver com a boca relaxada, coloque um pequeno pano entre os dentes para evitar lesões na língua. Mas não force caso os dentes estejam cerrados. Observe atentamente a estes detalhes para contar ao médico posteriormente.
Leve-a para o Pronto Atendimento assim que possível. É normal que a criança adormeça após a crise e também pode ocorrer eliminação de urina e fezes durante a crise.
Corte: O primeiro passo é colocar um pano limpo para fazer a compressão – independente do tamanho do corte. No caso de cortes grandes, fazer a compressão e trocar o pano quando este estiver molhado, até a chegada ao hospital. Manter o membro mais elevado que a cabeça pode contribuir para reduzir o sangramento. Não coloque pomadas ou qualquer outra substancia (pó de café, açúcar, bicarbonato) sobre a ferida.
Engasgo (crianças pequenas): Primeiro veja se com os dedos não é possível retirar o objeto ou alimento da cavidade oral. Se não for, incline o corpo da criança para frente, mantendo o tórax mais elevado que a cabeça e bata nas costas dela com as mãos em concha até que o objeto seja expelido pela boca.
Engasgo (crianças maiores): Ao detectar que uma criança não consegue respirar corretamente, devido a um engasgamento, peça para ela tossir com força.
Caso isso não seja suficiente, deve-se preparar para aplicar a manobra de Heimilich:
Posicionar-se por detrás da criança, envolvendo-a com os braços.
Feche uma das mãos e posicione-a na região superior do abdômen, logo acima do umbigo.
Coloque a outra mão sobre o punho fechado, agarrando-o firmemente;
Puxe com força ambas as mãos para dentro e para cima.
Repeta a manobra por até 5 vezes seguidas
Fratura e torção: Para os casos de fraturas fechadas, imobilize a parte machucada utilizando um pedaço de papelão e um tecido para enfaixar e leve-a imediatamente para o hospital.
Se a fratura for aberta ou exposta, coloque uma gaze umedecida com soro ou água em volta do corte e osso exposto e imobilize conforme a fratura fechada. Nunca tente colocar de volta no lugar ou alinhar o membro (deixa-lo reto).
A imobilização deve ser feita na posição em que o membro se encontra.
Intoxicação: Separe a embalagem do produto ingerido e procure a hospital. Jamais dê leite ou induza ao vômito. O atendimento médico imediato é fundamental para evitar consequências graves.
Mordidas e picadas: Tente capturar o inseto e levar junto no hospital, pois há muitas espécies e os antídotos são diferentes. Na impossibilidade, tente verificar se identifica o inseto. No caso de abelhas, evite retirar o ferrão.
Queimadura: Para queimaduras leves, coloque o local atingido em água corrente e fria por, pelo menos, 15 minutos. Não coloque algodão ou gelo e não passe manteiga, óleo, pasta de dentes ou pó de café. Retire qualquer objeto como joias e adornos ou roupa que esteja sobre a queimadura. Se estiver aderida a pele, não force, pois a lesão pode se agravar e procure um médico.
Como transportar a vítima
Transportar uma criança que tenha passado por algum trauma é contraindicado. Procure chamar uma ambulância. No caso de fraturas, o transporte deve ser realizado com o membro em superfície plana. Jamais faça a transferência por conta própria quando a lesão for em locais como a coluna e a cabeça.