Sempre muito banalizada pelo mercado, a Geração Z tem muito o que ensinar. Como os pais e as empresas podem ajudá-los?

A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre meados dos anos 1990 e início dos anos 2000, está entrando no mercado de trabalho e trazendo consigo uma nova onda de dinamismo e inovação. Explorar os benefícios que essa geração pode oferecer ao ambiente de trabalho está entre as ações que as empresas podem investir e aproveitar ao máximo o potencial desses jovens profissionais.

A nova geração cresceu em um mundo digital, o que significa que eles são nativos tecnológicos. Eles trazem para o local de trabalho uma facilidade com a tecnologia que pode impulsionar a inovação e a eficiência. Sua habilidade para se adaptar rapidamente às novas ferramentas digitais é um ativo valioso em um mercado em constante evolução. Além disso, a maioria possui uma mentalidade empreendedora, buscando sempre novas maneiras de resolver problemas e melhorar processos. Eles são motivados por desafios e têm uma abordagem ‘faça você mesmo’ para o trabalho, o que pode ser um grande impulso para a criatividade e o desenvolvimento de negócios.

“Eu vejo muitas vantagens em contratar jovens para compor o quadro de uma equipe. A primeira delas é a oportunidade de trazer uma perspectiva nova, sem vícios. Uma página em branco a ser preenchida. Isso é muito bom para o gestor se desenvolver e aprimorar suas habilidades no desenvolvimento de pessoas. Outro ponto que vejo, é a oportunidade de desenvolver habilidades de liderança nos membros mais experientes da equipe, que podem atuar como mentores desses jovens. Para os jovens, sem dúvida, a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho e fazer parte da população economicamente ativa”, explica Leila Santos, coach e especialista em comportamento humano.

Para as empresas que buscam inovar e se manter competitivas, entender e integrar a Geração Z no local de trabalho é essencial. Ao reconhecer e apoiar os valores e habilidades únicas que esses jovens trazem, as organizações podem criar um ambiente de trabalho mais dinâmico, inclusivo e produtivo. Para Leila, o preconceito de muitas empresas acaba atrapalhando todo o processo de crescimento de milhões de jovens que estão ingressando no mercado. “Existe muito preconceito e eu me preocupo demais com isso porque tenho filhos que estão em vias de entrar no mercado de trabalho. Como profissional do desenvolvimento humano, participo de fóruns com profissionais de RH e percebo que a geração Z está completamente estigmatizada como sendo uma geração difícil, sem ambição, sem comprometimento. O maior equívoco na minha opinião é julgar os valores da nova geração a partir das lentes das gerações anteriores que estão decidindo as contratações. Não podemos declarar que os novos valores emergentes tais como saúde mental, bem-estar, equilíbrio vida pessoal e profissional levem necessariamente à falta de compromisso e ambição.”

Leila aponta que um dos fatores que podem levar a mudança de mindset da nova geração é de não seguir os mesmos modelos mentais já existentes nas organizações. “Esses jovens não entendem por que devem sacrificar a saúde física e mental para dar conta do seu trabalho. Eles veem em seus pais o futuro que os espera: pessoas que nunca tem tempo, que precisam de remédios para dormir, que lidam com assédio no trabalho e que estão sempre reclamando da empresa. Precisamos encarar o fato de que não vamos mais encontrar jovens que reproduzam o modelo mental vigente nas organizações. E isso, não significa que eles não possam ser eficientes e produtivos.”

Mas como ajudar a Geração Z a mostrar seu valor?

Leila Santos elenca três tópicos importantes de como superar o cenário atual e ajudar esses novos profissionais a se destacarem por suas competências e valores:

Pais: melhorar a visão dos filhos sobre a relação com o trabalho, incentivar que os filhos participem de movimentos que ajudem no desenvolvimento dessas habilidades: ter responsabilidades dentro de casa, participar de agremiações na escola, fazer esporte coletivo, mais interações sociais, organizar eventos ou projetos domésticos.

Empresas: acolher a diferença intergeracional e promover o desenvolvimento dessas competências através de mentoria e treinamentos.

Jovens: buscar o autoconhecimento e autodesenvolvimento entendendo que o ambiente corporativo tem uma dinâmica própria e que algumas competências são fundamentais para que os negócios e a sociedade prosperem.

“Existe um descasamento entre o que a empresa espera do jovem e que o jovem espera da empresa, mas um precisa do outro. Vejo que o tema já está em pauta e com boa vontade de todos os envolvidos, vamos encontrar um caminho”, finaliza.

Sobre Leila Santos

Consultora de empresas e coach de líderes há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Com pós-graduação em Gestão de Empresas e Neurociência aplicada ao desenvolvimento de pessoas, a profissional se dedica a potencializar o desenvolvimento e performance de pessoas e organizações através de programas de liderança, coaching e gestão de cultura organizacional.

foto: divulgação

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