Por Fernanda Andrade

O mercado de trabalho tem exigido cada vez mais dos profissionais. Com a crise e grandes volumes de demissão, realizar sozinho tarefas que antes eram feitas por três, quatro pessoas, tornou-se mais frequente do que se imagina. Lidar com as constantes mudanças estruturais ou de organograma faz parte do cotidiano de praticamente todas as empresas atualmente. Nesse sentido, é preciso muita flexibilidade para enfrentar as vulnerabilidades constantes. O popular “jogo de cintura” está sendo mais necessário do que nunca.

Inicialmente, os profissionais tendem a resistir às mudanças, relutá-las. Alguns tentam até minimizá-las, tentando negá-las ao máximo. O ser humano tende a querer se manter em sua zona de conforto. Fazer o que já sabe e tem domínio, é muito mais fácil e cômodo do que se aventurar por caminhos desconhecidos. Mas chega um momento que não dá mais. Por mais que tentemos postergar, as situações se desenham de tal forma que não há mais como não encará-las de frente.

É nesse momento que a flexibilidade se faz presente e tão necessária. É preciso se despir de algumas crenças pré-estabelecidas e estar aberto às novas possibilidades. Como em todos os processos de mudança, o profissional terá de passar pela chamada curva de aprendizagem, onde precisará aprender coisas novas, como se tornar líder ou mesmo assumir uma outra área de negócio, diferente da que estava acostumado. Essa flexibilidade irá exigir também uma boa dose de paciência. A perfeição requer treino e, todos que assumem uma nova função terão que desenvolver algumas competências técnicas e comportamentais diferentes.

Só após um período de dedicação e esforço extra é que se conquistará o conhecimento e habilidades necessárias para as novas atividades. Muitas vezes, passada essa fase de adaptação, muitos profissionais avaliam a mudança como muito positiva, visto que os desafios podem ser estimulantes. Alguns se sentem tão motivados que podem, inclusive, sentir interesse por voltar a estudar, como forma de buscar mais conhecimento e ferramentas para lidar com as novas exigências.

Contudo, cabe destacar também que toda flexibilidade exige limite. Um profissional precisa ter uma meta, um plano de carreira bem claro. Ele precisa ter um plano de carreira estabelecido e o que pretende fazer para chegar lá. A flexibilidade pode ser interpretada como pequenas alterações de rota nesse caminho, mas elas não podem desviar o profissional de seu foco principal. Quando faz uma mudança muito brusca de carreira, voltar à área de origem pode ser mais difícil. Mas, se a alteração de rota já era desejada, a mudança pode ser muito positiva e até renovadora.

Por outro lado, ser inflexível também tem seu preço. Profissionais que se mantém totalmente rígidos em seus propósitos, sem abrir qualquer tipo de exceção, pode perder muitas oportunidades. As empresas valorizam muito a flexibilidade e, tendem a reconhecer quem fez algum esforço para ajudar a companhia em um momento de necessidade. Algumas concessões devem ser negociadas dentro de uma proposta de mudança. Muitas vezes, é necessário dar um passo para o lado ou até mesmo para trás para avançar mais lá na frente. Já quem não aceita ceder, pode nunca atingir seu objetivo. Vale a pena pensar sobre isso.

Fernanda Andrade é Gerente de Hunting e Outplacement da NVH – Human Intelligence.

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