Estudo publicado no British Journal of Dermatology diz que, ao encolher com o frio, as células da primeira camada da pele prejudicam uma proteína chamada filagrina, que tem papel fundamental na hidratação natural da pele
É tradição anual: se até mesmo as peles mais oleosas muitas vezes ficam ressecadas com o tempo seco e o clima frio do outono e inverno, as peles secas sofrem ainda mais. O estudo “Changes in filaggrin degradation products and corneocyte surface texture by season”, publicado em março do ano passado no British Journal of Dermatology e coordenado por diversos pesquisadores europeus, explica exatamente por qual razão isso acontece: as células da pele literalmente encolhem no frio e prejudicam uma proteína chamada filagrina, que ajuda na hidratação natural. “A filagrina é uma importante proteína da pele que desempenha um papel importante na barreira cutânea. Ela é degradada em aminoácidos que mantêm a hidratação dentro das células e fornecem proteção. E esse processo é essencial para garantir que sua pele continue produzindo seu fator de hidratação natural (NMF)”, explica a dermatologista Dra. Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Mas um dos achados do estudo foi justamente o fato de que o clima frio e o ar seco fazem com que a camada mais externa de células da pele encolha. “O trabalho destaca que isso ajuda a degradar as reservas de filagrina, o que leva àquela textura seca e escamosa. Áreas com quantidade mais baixa de filagrina, como as bochechas e as mãos, tendem a ficar com a textura ainda mais seca. E isso tudo aumenta o risco de inflamações, sensibilidade e irritação – aumentando as chances de graves crises de eczema e psoríase”, conta a dermatologista. O estudo analisou a pele de 40 homens e 40 mulheres saudáveis, após acompanhamento no verão e no inverno.
É por esse motivo, segundo a médica, que os hábitos de cuidado com a pele devem ser reforçados nos períodos mais frios. “Hábitos errados no inverno também podem piorar a qualidade da pele e do couro cabeludo. O principal deles é tomar banhos demorados e muito quentes. A água em alta temperatura retira a oleosidade e favorece o aparecimento da dermatite seborreica. Esfregar muito a pele corporal com bucha também agride demais os tecidos e resseca ainda mais”, explica.
A dermatologista preparou dicas para enfrentar o inverno sem medo:
>Temperatura do chuveiro – Evitar água muito quente, pois ela retira a oleosidade natural da pele e do cabelo, provocando ressecamento. A temperatura deve ser no máximo de 35 a 40 graus, que embaça um pouco o espelho. Se todo o espelho estiver embaçado, a água deve estar em excessivos 60 graus aproximadamente;
>Pele do rosto – Para a limpeza da pele, basta água morna e um pouco de sabonete. Prefira sabonetes líquidos mais suaves, menos agressivos, e com capacidade hidratante;
>Hidratação o rosto – Após limpeza e tonificação, aplique hidratantes com alta capacidade de hidratação, com ácido hialurônico e ativos formadores de filme. Se a pele for seca, produtos de textura mais ricas podem ser usados para formar um filme sobre a pele que consiga formar uma parede de defesa para repor e segurar água para evitar a perda transepidérmica;
>Usar e abusar de hidratantes no corpo – O segredo é aplicar com o corpo ainda úmido para aumentar a penetração. Os óleos vegetais ricos em ácidos graxos essenciais podem ser usados;
>Escolha do Vestuário – Dê preferência a casacos e blusas de moletom ou de algodão ou flanela. Quando utilizar lã, fios sintéticos ou lã acrílica, utilizar uma camiseta de algodão por baixo para evitar contato direto com a pele para prevenir coceiras e alergias;
>Uso de Secador de Cabelo – Como é mais frequente no inverno, deve-se utilizar mais longe dos cabelos para evitar o aquecimento do couro cabeludo e prevenir descamações;
>Hidratação dos Cabelos – A máscara ideal para causar um efeito nutritivo aos cabelos pode conter na composição produtos derivados de vegetais (Manteiga de Karité, Manteiga de Cacau, Manteiga de Oliva, Óleo de Algodão, Óleo de Girassol), com ativos que repõem os nutrientes necessários para manter os cabelos nutridos e bonitos ao longo do inverno;
>Uso de condicionador e cremes sem enxágue – Aplicar da metade para baixo nos fios. Evitar contato com o couro cabeludo para prevenir descamações. Lavar retirando bem o produto. Creme sem enxágue também deve ser aplicado evitando contato com a raiz;
>Uso de Filtro Solar – Mesmo na época do inverno, devemos utilizar o protetor solar diariamente. Ele deve ser adequado para o tipo de pele e contar com FPS de no mínimo 30;
>Beber muito líquido – Não devemos esquecer o consumo de água, frutas e verduras, que ajudam na hidratação;
>Visite o dermatologista – Muitos problemas de pele podem ser tratados com procedimentos em consultório ou por meio da orientação do dermatologista.
Fonte: Dra. Valéria Marcondes
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br
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