Estudo de pesquisadores do King’s College London foi feito com gêmeos e mostra que a qualidade da dieta típica de um indivíduo pode ser influenciada pelo seu fator genético, mas isso não é totalmente determinante

Seus padrões de ingestão de alimentos estão parcialmente sob controle genético, de acordo com a última pesquisa de pesquisadores do King’s College London, publicada no último dia 18 na revista Twin Research and Human Genetics. Os pesquisadores estudaram a qualidade da dieta típica de um indivíduo usando um tipo de análise chamado ‘índice dietético’. A equipe analisou respostas do questionário alimentar de 2.590 gêmeos, usando nove índices dietéticos comumente usados. “Os pesquisadores usam índices dietéticos para entender quais alimentos alguém come e os nutrientes fornecidos, em comparação com as diretrizes recomendadas. O estudo foi feito com gêmeos idênticos (que compartilham 100% dos genes) e não idênticos (que compartilham 50% dos genes). Os pares de gêmeos idênticos eram mais propensos a ter pontuações semelhantes em nove índices dietéticos em comparação com pares de gêmeos não idênticos”, diz o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem.

De acordo com o estudo, isso acontecia mesmo quando outros fatores eram levados em consideração, como índice de massa corporal (IMC) e níveis de exercício. “Os resultados indicam que existe um componente genético nos padrões de ingestão alimentar”, afirma o geneticista. “No entanto, essa predisposição não é completamente determinante. Todos nós somos resultados da interação dos nossos genes com fatores ambientais. O nosso estilo de vida, nossa alimentação, nível de atividade física e nível de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética”, afirma o Dr. Marcelo

Estudos anteriores com gêmeos já indicavam que existe um forte componente genético para alimentos específicos, como café e alho, bem como para os hábitos alimentares gerais. “Esse é o primeiro trabalho a mostrar que a ingestão de alimentos e nutrientes, medida por nove índices dietéticos, também está parcialmente sob controle genético”, afirma o especialista.

Segundo os pesquisadores, o estudo representa a primeira investigação abrangente das contribuições de fatores genéticos e ambientais para a variação do comportamento alimentar. “Existe uma relação complexa entre genética e ambiente e isso pode ter implicações futuras para o público, principalmente com campanhas de nutrição e saúde”, destaca o estudo. “Este estudo usou dados de alimentos apenas de gêmeas, com idade média de 58 anos. Pesquisas futuras precisarão examinar os índices dietéticos de um grupo mais variado de pessoas para ver se as mesmas descobertas são verdadeiras”, finaliza o geneticista.

FONTE:

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.

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