Tensão emocional gerada pelas incertezas com relação ao futuro e mudanças drásticas na rotina causadas pela pandemia do Covid-19 podem impactar diretamente na libido. Ginecologista dá dicas para evitar o problema
Devido à pandemia, muitos casais estão passando por diversas mudanças nas relações, ocasionadas pelo grande estresse e ansiedade do período. Uma dessas mudanças é a diminuição do apetite sexual. “O estresse pode interferir no sistema nervoso, que é responsável pela ereção dos tecidos na hora da prática sexual e no aumento da lubrificação vaginal para facilitar a penetração. Logo, com o desequilíbrio desse sistema devido ao estresse, há a interrupção dessa preparação para o ato sexual, resultando na diminuição da libido e até mesmo em desconforto e dor na hora do sexo”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista da clínica GRU. “Além disso, o cansaço gerado por momentos estressantes, por si só, já pode prejudicar o desempenho e o desejo sexual.”
Por isso, durante esse período de isolamento social, é importante adotar medidas para gerenciar e diminuir o estresse, evitando assim que sua libido diminua, pois o sexo traz uma série de benefícios, incluindo alívio de dores, melhora da qualidade do sono e até queima de calorias. “Logo, é interessante, por exemplo, que você dedique parte do seu dia para fazer aquilo que gosta. Isso ajuda a controlar o estresse e a ansiedade de passar tantas horas dentro de casa em isolamento social. Procure práticas de autoconhecimento, como a meditação, ou então invista em hábitos que antes você não tinha tempo, como ler e aprender a cozinhar”, sugere a ginecologista. Tente, inclusive, passar mais tempo com seu parceiro, dialogando e trocando carícias sem correria, o que pode ajudar tanto no controle do estresse quanto na melhora do desejo sexual, principalmente porque a comunicação com o outro promove a liberação de hormônios relacionados ao bem-estar, segundo a médica.
Vale a pena também investir em uma alimentação balanceada rica em nutrientes variados, que está diretamente ligada à função sexual. “Uma dieta saudável e balanceada pode contribuir muito para uma vida sexual mais satisfatória, pois fortalece os sistemas nervoso e circulatório, melhorando assim a função sexual. Por isso, inclua em sua alimentação diária uma ampla variedade de frutas, legumes, grãos, alimentos integrais, fibras, óleos como azeite e de girassol e carnes magras”, recomenda a médica. Alguns alimentos, como pimenta, romã e ostras, também são interessantes, pois estimulam naturalmente o apetite sexual, ajudando a aumentar a libido.
Segundo a ginecologista, a prática regular de exercícios também é fundamental. “Quando nos exercitamos, o organismo libera substâncias que ajudam a controlar o estresse e promovem sensação de bem-estar. A testosterona, hormônio importante para estimular a libido tanto em homens quanto em mulheres, também é produzida durante a prática de exercícios”, afirma. Além disso, praticar atividade física ajuda a promover autoconhecimento e a tonificar os músculos, melhorando a autoestima com o próprio corpo e a segurança na hora do sexo.
Devemos também regular nosso sono e dormir entre 7 e 8 horas por dia. “Isso porque não dormir bem faz com que o organismo diminua a produção de melatonina e aumente a produção de prolactina, que são hormônios contrarreguladores para estímulo gonadal e, consequentemente, causam a diminuição da libido, que também é afetada pelo estresse e exaustão que ocorrem quando não dormimos bem”, aconselha a médica. Procure também se expor ao sol diariamente por, no mínimo, 20 minutos, já que a exposição solar é capaz de produzir endorfinas, como a serotonina, que causam sensação de bem-estar e relaxamento. Mas não se esqueça do protetor solar.
Por fim, é preciso ressaltar que, ao notar diminuição do apetite sexual, o mais importante é que você converse com seu ginecologista. Apenas ele poderá realizar um diagnóstico correto para identificar a real causa da baixa libido. “Além do estresse, muitos outros fatores podem estar envolvidos na diminuição do apetite sexual, incluindo o uso de certas medicações e a presença de doenças como depressão. Nesses casos, o médico poderá determinar quais as intervenções terapêuticas necessárias e oferecer recomendações para aumentar naturalmente o desejo sexual”, finaliza a Dra. Eloisa Pinho.
FONTE: *DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria