Texto inédito de José Pedro Peter fala sobre amizade, bullying, sexualidade, remorso e perdão entre dois amigos, vividos pelo autor e por Carlos Marinho, sob a direção de Daniel Dias da Silva

Com quantos amigos se destrói uma “Fortaleza”? A peça, que estreia dia 2 de março no Espaço Abu, em Copacabana, joga luz sobre a construção da masculinidade por meio da relação de dois melhores amigos. Muito mais do que responder a perguntas, propõe questionamentos e reflexões, deixando que cada espectador da plateia saia com a sua própria interpretação. O texto inédito de José Pedro Peter narra a história de dois amigos de infância, PH (Carlos Marinho) e Bruno (José Pedro Peter) que veem sua amizade acabar por causa de preconceitos, inseguranças e pressão dos pais e colegas de escola.

“A história é contada sob o ponto de vista do PH e mostra que o adulto que ele se tornou, mesmo vivendo uma vida tranquila com mulher e filhos, carrega culpa e arrependimento e não consegue ficar em paz com o seu passado. Ele apenas sobrevive”, define Peter.

Fruto de uma educação rígida e de um pai extremamente preconceituoso, PH se torna um homem de 35 anos refém do que aconteceu com seu melhor amigo no passado, carregando uma culpa por algo que ele não é capaz de reverter. Se na infância, os dois eram inseparáveis, na adolescência PH não mede esforços para deixar claro seu ponto de vista preconceituoso e o machismo, herdados do pai. “Há uma cena em que Bruno confessa que gosta de Cazuza e o amigo diz para ele que está errado, que ele não pode gostar de um cantor gay que tem uma doença. Coisas que ele escutou do pai em casa”, adianta Carlos.

Cheia de referências aos anos 80 e 90, como Cazuza, Oasis, fitas VHS e revistas pornôs, “Fortaleza” ajuda a entender como foi formada a geração de homens que hoje está com seus 35/40 anos. “PH e Bruno eram adolescentes típicos, que compravam revista pornô na banca de jornal, assistiam a fitas de sexo explícito escondidos um na casa do outro. E é justamente nessa fase da adolescência, na formação da sexualidade, que a amizade dos dois começa a ser destruída”, explica o autor.

“Fortaleza” ajuda a entender como foi formada a geração de homens que hoje está com seus 35/40 anos. É um rito de passagem de um dos personagens, que, já maduro, repassa certos acontecimentos da juventude que deixaram cicatrizes na sua relação com o seu melhor amigo e que ele leva pela vida adulta. Uma espécie de ‘Dom Casmurro’ moderno”, conta o diretor Daniel Dias da Silva.

Serviço:

Fortaleza

Espaço Abu. Av. Nossa Sra. de Copacabana, 249 – loja E – Copacabana

Temporada: 2 de março a 1 de abril

Sábados, domingos e segundas, às 20h.

Ingressos: R$ 60 (inteira) R$ 30 (meia)

Duração: 70 min.

foto: divulgação

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