Mudar de escola é uma das situações mais desafiadoras que uma criança ou adolescente pode viver. Por isso, independente da idade, é comum que os estudantes fiquem ansiosos, agitados, irritados e inseguros. “Mesmo para um adolescente, que está indo para o Ensino Médio, mudar de escola significa entrar em um ambiente desconhecido – e isso sempre assusta e desequilibra. É preciso conversar muito com o estudante e prepará-lo para a mudança, mostrando o quanto a vida traz imprevistos e que precisamos saber lidar com eles e com as nossas reações diante disso”, ressalta o professor Carlos Roberto Merlin Júnior, gestor pedagógico do Colégio Positivo – Ângelo Sampaio.

Geralmente, as mudanças inesperadas, causadas por uma transferência de emprego dos pais, por exemplo, costumam causar mais estresse do que aquelas já esperadas, como quando a escola não oferece o próximo ciclo. Dessa forma, sempre que possível, procure preparar as crianças com antecedência para que elas lidem melhor com o que está por vir.

Uma providência essencial é levar o estudante à nova escola para que ele conheça de antemão o espaço físico e a equipe pedagógica com quem irá conviver. A medida, segundo Merlin, trará mais segurança e facilitará a criação de laços com a nova instituição. Outra atitude muito importante é levar na nova escola o material didático utilizado pelo estudante no colégio anterior. Assim, a equipe pedagógica poderá avaliá-lo e construir, se necessário, um plano de apoio pedagógico para o novo aluno.

No mais, sempre que houver oportunidade, converse com a criança ou o adolescente sobre os novos desafios. Perguntas do tipo “Como foi seu dia?”, “O que está achando dos novos professores?”, “Sua turma é legal?” ou “Fez algum novo amigo hoje?” ajudam a monitorar se a adaptação escolar está sendo bem-sucedida ou não. Observar se o estudante chega feliz em casa também é uma pista para saber como andam as coisas na escola. E, mais uma vez, ao observar qualquer sinal de problema, os pais devem procurar ajuda.

“A família deve estar preparada para uma resistência e até tristeza nos primeiros dias, mas essa situação deve mudar com o passar do tempo. Do contrário, é preciso pedir ajuda ao departamento pedagógico da escola, que deve possuir mecanismos próprios de apoio à socialização e ambientação de novos estudantes”, diz Merlin.

Organizando os estudos

Outro aspecto importante na vida escolar, especialmente quando há mudanças na rotina, é a organização dos estudos. Muitas vezes, ao mudar de escola, o estudante pode se atrapalhar com as novas demandas e ver seu rendimento prejudicado. Nessas horas, tanto os pais, como a escola, devem intervir para auxiliar a garotada. “Rotina, método e disciplina são as palavras norteadoras para o sucesso em qualquer metodologia ou sistema de ensino. O primeiro passo é entender que a criança ou o adolescente não conseguirá desenvolvê-los sozinho. A escola precisa explicar para o estudante o que estudar e como estudar. Já à família cabe auxiliar na rotina e na disciplina”, explica Merlin.

Percebeu que seu filho, ou filha, está precisando de auxílio? A professora Acedriana Vogel, diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, dá algumas dicas que podem ajudar.

  • Crie um cronograma

Seu filho passou do Ensino Fundamental – Anos Iniciais para os Anos Finais, ou do Ensino Fundamental – Anos Finais para o Ensino Médio? Se sua resposta foi positiva, pode ser que ele tenha dificuldades para organizar os estudos devido ao aumento no número de disciplinas e professores. Assim, criar um cronograma do que estudar em cada dia deve ajudar.

  • Estabeleça um tempo de estudos

São necessárias ao menos duas horas de estudos em casa por dia, de segunda a sábado, para que o estudante se aproprie do que foi ensinado em sala de aula. Contudo, nos anos finais do Ensino Médio, por conta da proximidade do vestibular, esse período pode não ser suficiente, havendo a necessidade de aumentar o tempo destinado aos estudos em casa. Acedriana reforça que estudar não é apenas fazer as tarefas de casa.

  • Saiba como estudar

É necessário distinguir o que é estudar em cada etapa de formação do estudante, de acordo com o ciclo em que ele se encontra. “No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, estudar implica em ler livros do seu interesse, desenhar, montar quebra-cabeças, ouvir, criar e contar histórias, interpretar a partir de pequenos textos, estimular resultados numéricos, entre outros. Já no Ensino Fundamental – Anos Finais, estudar implica em ler e saber resumir as principais ideias do texto, redigir textos próprios, calcular, criar mapas mentais relacionando as áreas, elaborar e responder perguntas se localizar no tempo e no espaço, resolver problemas de lógica etc. Enquanto que no Ensino Médio, envolve tudo que foi citado no Ensino Fundamental de maneira mais complexa e aplicada para se avançar com propriedade no trabalho com a matriz curricular proposta para o final do ensino básico.

  • Lembre-se: notas não são tudo

As notas são um parâmetro importante, mas não é a única referência para saber se houve ou não aprendizagem. Dessa forma, procure observar se o estudante consegue desenvolver as atividades e tarefas de casa e se ele demonstra interesse pelo que foi trabalhado em sala de aula. Se perceber dificuldades, talvez seja necessário rever a rotina de estudos diários ou mesmo conversar com a equipe pedagógica da escola.

  • Fique de olho no emocional

Por fim, mas não menos importante, fique atento às emoções. Isso porque, algumas vezes, o aluno tem rotina e disciplina, organiza seus estudos de maneira adequada mas, ainda assim, não consegue bons resultados por conta da ansiedade ou do nervosismo. Nesses casos, é importante buscar apoio terapêutico para entender como a criança ou o adolescente está lidando com as pressões e cobranças e, assim, encontrar soluções. “É sempre importante lembrar que a saúde emocional é fundamental para o bom desempenho escolar. Estar confortável emocionalmente é condição para o sucesso na escola e na vida”, finaliza a professora Acedriana.

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