Associação Britânica de Dermatologistas emitiu alerta de que produtos químicos acrílicos, os principais ingredientes em unhas de acrílico, unhas de gel e unhas de polimento de gel, estão causando uma epidemia de alergia de contato no Reino Unido e na Irlanda. No Brasil, casos também aumentaram
Hoje em dia, não faltam materiais para alongar as unhas, como as técnicas em gel, porcelana, fibra de vidro, acrílica, que são muito usadas por mulheres que querem ter unhas maiores. Mas fique atenta: “Nem todas as pessoas podem usar as unhas postiças: há pessoas com doenças na pele ou nas unhas que não devem usar. Por exemplo: alérgicos aos componentes do adesivo, pessoas com a pele sensível, com psoríase da unha e infecção devem evitar, pois o trauma pode piorar a doença da pele e unhas”, explica a Dra. Valéria Marcondes, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Além disso, produtos químicos metacrílicos, os principais ingredientes utilizados em unhas de acrílico, unhas de gel e unhas de polimento de gel, estão causando uma epidemia de alergia de contato no Reino Unido e na Irlanda, segundo comunicado da Associação Britânica de Dermatologistas após estudos e aumento de casos.
A onda de alongar as unhas também faz sucesso no Brasil e as alergias, por aqui, também aumentaram, segundo a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia: “As reações alérgicas podem envolver o afrouxamento das unhas ou uma vermelhidão com comichão, não apenas nas pontas dos dedos, mas potencialmente em qualquer parte do corpo que tenha entrado em contato com as unhas, incluindo as pálpebras, face, pescoço e região genital. Muito raramente, podem ocorrer sintomas como problemas respiratórios. Além da alergia, todas as formas de alongamento trazem algum dano à unha original”, diz a Dra. Claudia. De acordo com ela, é muito importante que as pessoas saibam que podem desenvolver alergias de unhas artificiais. “A verdade é que muitas mulheres sofrem com essas alergias que permanecem sem diagnóstico, porque elas podem não vincular seus sintomas às unhas, especialmente se os sintomas ocorrerem em outras partes do corpo.
É importante que eles obtenham um diagnóstico para que possam evitar o alérgeno, mas também porque o desenvolvimento de uma alergia a esses produtos químicos pode ter consequências ao longo da vida para tratamentos odontológicos e cirurgias onde dispositivos contendo esses alérgenos são de uso comum”, afirma a médica. “Um quadro muito comum e involuntário é levarmos a unha ao rosto e muitas vezes às pálpebras, pescoço, à área da mandíbula e a consequência é a sensibilização destas regiões. As pessoas acabam achando que a razão é o perfume, o uso de cosméticos locais, mas na verdade são as unhas que provocam a sensibilidade, pois as levamos inúmeras vezes ao rosto sem percebermos e acabamos causando este quadro de hipersensibilidade à distância. É realmente uma preocupação hoje. Há pacientes que fazem uso contínuo dessa técnica e acabam tendo uma perda enorme da espessura da unha”, diz a dermatologista Dra. Claudia.
Hoje em dia, como as jovens e mesmo as profissionais ou executivas que viajam muito precisam estar o tempo todo com as unhas em ordem, elas acabam adotando as unhas em gel e as de acrílico, porque são mais simples de manter. “Por conta disso, começamos a perceber uma quantidade muito maior de casos de hipersensibilidade por reação cruzada a outras substâncias e além disso, alergias, não só na matriz da unha, que se torna ressecada, mas também na cutícula, que acaba ficando toda talhada. Também pode ocorrer um edema (inchaço) e eritema (rosa avermelhado) ao redor da unha”, afirma a Dra. Claudia.
Na técnica de unha de porcelana, usa-se um líquido e um pó acrílico, o que faz com que a unha fique um pouco ‘arenosa’ e áspera. “Mas se a profissional for cuidadosa, consegue fazer uma unha fina e delicada, ideal para usar com esmalte por cima”, diz a Dra. Valéria. No caso da unha de gel, essa é uma técnica que usa um gel para modelar a unha, que seca em uma cabine de luz ultravioleta. “Ela permite um acabamento mais bonito, pois o gel é um material fino e quase transparente. O resultado é uma unha mais lisa e pode ser usada sem esmaltes. Por fim, a unha de Acrigel usa uma camada de pó acrílico da porcelana entre as camadas de gel, o que ajuda a dar mais resistência à unha. As unhas são limpas e preparadas antes de receber o gel. Depois as camadas de gel são aplicadas com um pincel, entre uma camada e outra. Depois, as mãos ficam alguns minutos dentro da cabine de luz ultravioleta para a secagem do gel”, diz a Dra. Valéria. Com relação à retirada dessa unha, a Dra. Claudia Marçal explica que as unhas de gel não podem ser removidas por imersão e devem ser cortadas da unha, enquanto as acrílicas ou com polimento em gel devem ser removidas por imersão em acetona. As unhas que contêm acrilato também podem causar danos físicos às unhas e cutículas quando elas são removidas, seja por polimento, raspagem ou imersão em acetona. “Nunca retirar o material sozinha pois pode danificar ainda mais, então procure um profissional habilitado”, diz a Dra. Claudia.
O comunicado da Associação Britânica baseou-se em um estudo que descobriu que 2,4% das pessoas testadas tinham alergia a pelo menos um tipo de químico metacrilato. O estudo da Associação analisou três tipos principais de aprimoramentos de unhas contendo metacrilatos: unhas de gel, unhas acrílicas e com polimento de gel. As preocupações foram levantadas sobre as três opções, mesmo que aplicadas profissionalmente. Quando os produtos entram em contato com qualquer parte da pele pode ocorrer a sensibilização aos produtos químicos. Isso é muito provável quando as pessoas aplicam um produto por elas mesmas com kits caseiros ou aplicadas com profissionais sem treinamento suficiente. “É necessário ser extremamente cauteloso com kits caseiros, que podem aumentar o risco do paciente desenvolver uma alergia”, explica a Dra. Claudia Marçal.
Segundo a Dra. Valéria, para evitar que fungos e bactérias invadam as unhas, também é importante colocá-las com um bom profissional para não deixar espaços embaixo da unha ou bolhas de ar. “E para que elas durem mais, o ideal é usar luvas para lavar louça, evitar contato com água muito quente, evitar o contato com solventes de tintas ou acetona e fazer a manutenção a cada 15 dias. Cremes hidratantes e bases são ótimos aliados para evitar que as cutículas se ressequem e estraguem a unha”, diz a médica.
No entanto, de acordo com o estudo, o risco é particularmente alto para manicures, esteticistas e outros profissionais que trabalham com aprimoramentos de unhas. “Usar luvas de proteção não é suficiente, pois os metacrilatos passam diretamente através de muitos tipos de luvas. Os proprietários de salões precisam considerar o nível de treinamento que oferecem aos funcionários nessa área. Uma precaução importante é usar luvas de nitrilo que são substituídas e descartadas a cada 30 minutos e removidas com uma técnica ‘sem toque’. Os metacrilatos devem ser mantidos longe de todo contato direto com a pele. O treinamento também precisa reduzir as chances de iniciar uma alergia em seus clientes”, afirma a Associação.
Se alguma coisa der errado e a unha ficar mais fraca, fina ou quebradiça, ou se a paciente perceber algum sinal de alergia, a conduta correta é procurar um dermatologista, que irá tratar a alergia e pode indicar fórmulas tópicas e orais, principalmente com silício Exsynutriment, para fortalecer as unhas. “Muitas vezes o material se descola juntamente com as unhas, deixando a lâmina mais fina e quebradiça. Os sinais de bactérias são pontos esverdeados nas unhas e fungos pontos amarelados e pretos. Sempre que aparecerem estes sintomas deve-se retirar o material. Nunca retirar o material sozinha pois pode danificar ainda mais, então procure um profissional habilitado”, diz a Dra. Claudia. Para recuperar as unhas, é necessário ficar no mínimo 6 meses sem reaplicar o produto e deixar as unhas curtas, além de seguir a orientação médica.
Fontes:
DRA. CLAUDIA MARÇAL – É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.
DRA. VALÉRIA MARCONDES – Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br