Mercado de energia limpa e certificações sustentáveis indicam o caminho para um futuro de cidades mais verdes
A crise climática, combinada com o aumento contínuo de empreendimentos na construção civil, tem feito com que a sociedade e os profissionais da área repensem profundamente como as cidades são construídas. O impacto ambiental gerado por esses empreendimentos é um dos maiores desafios da atualidade, exigindo que a indústria da construção se adapte para mitigar os efeitos ambientais e adote soluções inovadoras. O design sustentável, o planejamento urbano inteligente e o uso de materiais ecológicos são temas essenciais na busca por um futuro mais equilibrado.
Segundo Rodrigo Lagreca, CEO da Energia das Coisas, o que se destaca como um gargalo nas cidades em crescimento, principalmente com a proliferação de construções verticais, é a dificuldade de implementar soluções massivas de energia renovável, como os sistemas fotovoltaicos (PV). Segundo ele em edifícios altos, a superfície disponível para painéis solares é limitada, comprometendo a capacidade de autossuficiência energética.
Diante disso, alternativas inovadoras começam a ganhar espaço, como o mercado de energia por assinatura. ”Este modelo permite que moradores de prédios possam acessar energia limpa e renovável sem a necessidade de instalar sistemas PV em seus edifícios”, explica Lagreca. A assinatura de energia oferece acesso a fontes sustentáveis, geralmente a custos mais baixos do que os cobrados pelas distribuidoras convencionais, ampliando a democratização da energia renovável.
Além da questão energética, outra tendência que vem se consolidando é a necessidade de integrar pontos de carga para veículos elétricos nos projetos de novos edifícios. “A eletrificação dos transportes é uma mudança inevitável e global, com mais pessoas optando por veículos elétricos devido à sua eficiência energética e menor impacto ambiental. Dessa forma, prédios que não oferecem estações de recarga tendem a se tornar obsoletos frente à crescente demanda”, pontua Lagreca.
Outro aspecto importante dessa mudança na construção civil é a busca por certificações que atestam a sustentabilidade e a eficiência no uso de recursos, como as certificações Aqua e LEED. Embora essas certificações ainda estejam mais restritas a empreendimentos de alto padrão devido ao custo, Lagreca acredita que a tendência é que “isso se dissemine entre uma gama maior de projetos”. Essas certificações são mais do que selos de prestígio; elas servem como indicadores claros de que um edifício foi projetado para consumir menos energia e água, e para proporcionar um ambiente mais saudável para seus ocupantes.
Os critérios usados para obter certificações como Aqua e LEED incluem a medição e monitoramento de água quente e fria, climatização, iluminação e usos auxiliares de energia. Essas práticas não apenas reduzem o consumo de recursos, mas também elevam a conscientização dos usuários sobre a importância de um consumo responsável e eficiente.
Marcelo Camargo , diretor da Light & Co. confirma que um projeto bem elaborado e executado, é o diferencial. “É importante esclarecer que, em geral, o que é certificado são os projetos, e não os produtos em si. No entanto deve-se priorizar o uso de luminárias eficientes. Aonde o ponto chave, são peças com LED integrado. “Essas permitem que se alcance um fluxo luminoso superior ao de lâmpadas LED, mas com um consumo menor. Vale ainda pontuar o alto índice de reprodução de cores (IRC), vida útil e garantia”, explica.
Além disso, segundo Marcelo, a vida útil se estende significativamente, com produtos que chegam a 50 mil horas de uso.” Essa tendência já é uma realidade em São Paulo e está ganhando força em outros mercado”, conclui.
O setor da construção civil desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas, e os avanços em certificações ambientais, energia renovável e planejamento urbano sustentável são sinais de que essa transformação já está em andamento. Porém, ainda há muito a ser feito para que essas práticas se tornem o novo padrão.
Com o aumento da conscientização e da demanda por soluções ecológicas, o futuro da construção deve ser sustentável, inteligente e eficiente. “O mercado está respondendo à crise climática com inovação, e a sociedade também deve fazer sua parte ao exigir projetos que respeitem o meio ambiente e garantam um futuro habitável para as próximas gerações”, finaliza Lagreca.
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