O recente episódio ocorrido com a ex-BBB e empresária Mayra Cardi, 34, que teve complicações ao tentar o parto humanizado em casa e ser encaminhada às pressas para o hospital, reacende as discussões sobre a segurança do parto caseiro
Médicos do Comitê Parto Adequado do Hospital e Maternidade Santa Brígida, de Curitiba, se pronunciaram a respeito do incidente. Eles alertaram para os perigos do parto caseiro e orientaram que o parto humanizado seja realizado em um hospital, local apropriado e mais seguro, tanto para a mãe quanto para o bebê.
“As complicações ocorrem em cerca de 10% dos casos. Entre eles estão: sangramento, elevação da pressão arterial materna, sofrimento fetal agudo e prolapso do cordão umbilical. Estas situações necessitam de atendimento médico imediato e local para tratamento apropriado da mãe e do bebê“, explica a médica obstétrica Dra. Dani WerKa.
O tempo de locomoção até o hospital também é um fator de risco. “As complicações hemorrágicas que podem ocorrer após o nascimento, associadas à falta de um acesso imediato a um hospital pode ser fatal para a mãe, assim como a impossibilidade de realização de uma cesárea de emergência. Caso seja necessária, pode colocar em risco também a saúde do feto“, afirma a coordenadora do programa Parto Adequado do Santa Brígida, Vivian Crudo.
Sentindo contrações desde a noite de sexta (19), Mayra Cardi tentou o parto em casa, mas a bolsa estourou e a criança não chegava à posição correta. Após horas de espera em casa, a empresária teve de ir a um hospital induzir o parto. Sophia Cardi nasceu no dia 21 de outubro com 3.200 kg e 48,5 cm. “Choramos, sofremos, amamos, nos entregamos até entender que humanizado deve ser até onde é seguro, saudável e possível”, disse ela à agência Folhapress.
O Hospital e Maternidade Santa Brígida é a instituição que tem o maior índice de nascimentos na rede de saúde particular paranaense e uma das únicas que já contam com acomodações especiais para a realização de partos adequados. As adequações no hospital foram realizadas após orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) feitas no começo deste ano com o objetivo de diminuir nascimentos por via cirúrgica para o patamar de 15% do total. No Brasil 55% dos nascimentos acontecem via cesariana no SUS, sendo 84% na saúde privada.
“A procura crescente pelo parto humanizado é uma realidade. Contudo, muitas seguem modismos ditados por famosos e querem fazer os partos em casa também. Mas é preciso que todos saibam de seus riscos para evitar fatalidades”, conclui Crudo.
Um estudo realizado em dezembro de 2015, publicado pelo New England Journal Medicine, concluiu que a chance dos bebês nascidos por parto domiciliar falecerem é de 2,4 vezes maior comparado com aqueles que nascem dentro do ambiente hospitalar. Ainda conforme a pesquisa, nos cerca de 1.000 partos planejados que ocorrem fora do hospital, 3,9 das crianças morrem no parto ou no primeiro mês de vida. Já dentro dos hospitais, esse percentual cai para 1,8 a cada 1.000 nascidos.
Crédito: Maternidade Santa Brígida