No alto de um edifício da década de 1930, o apartamento da matriarca da grife italiana que leva o nome da família expõe as criações de sua marca de decoração, como a clássica estampa em zigue-zague, inúmeros móveis garimpados e uma extensa coleção de arte e design
Discutindo a relação entre moda e arquitetura, a edição de outubro de Casa Vogue traz uma reportagem sobre a história da italianíssima marca Missoni, que começa, curiosamente, em terras estrangeiras. Seus fundadores, Rosita e Ottavio, se conheceram em Londres, em 1948. Ela passava uma temporada na Inglaterra estudando o idioma, enquanto ele, campeão de atletismo, competia nos Jogos Olímpicos daquele ano. Um encontro no Piccadilly Circus e uma troca de olhares durante uma viagem de trem para a cidade de Brighton bastaram para unir os dois, que se casaram em 1953.
Pouco tempo depois, em 1959, eles chacoalharam o universo da moda quando manequins irreverentes apareceram nas vitrines da loja de departamentos La Rinascente, em Milão, de olhos vendados com listras multicoloridas. Seus vestidos representavam a primeira coleção produzida pela dupla criativa e desvelavam a originalidade, a experimentação cromática e as linhas fluidas e informais que geraram frisson nos anos 1960.
Na década seguinte, a empresa instalou-se na comuna de Sumirago, onde permanece até hoje. Os três filhos, Vittorio, Luca e Angela, cresceram ao lado da fábrica, entre fios e retalhos. Nessa época, veio a necessidade de ter um segundo endereço, em Milão – uma residência que também servisse como ateliê. A família ocupou, então, um apartamento no último andar de um prédio dos anos 1930, projeto do arquiteto Piero Portaluppi (1888-1967), no Corso Venezia.
Após algumas remodelações, é ali que Rosita, do alto de seus 91 anos e desde a década de 1990 à frente da Missoni Home (ramo do grupo dedicado à decoração), segue recebendo convidados com um sorriso no rosto e incansável curiosidade pela vida. “O piso foi desenhado por Ottavio”, diz ela, mostrando um mosaico inserido no terrazzo, habilmente executado por mestres venezianos, que decora a entrada. Seus olhos brilham quando fala do marido, falecido em 2013. Como o casal, as propriedades do clã Missoni parecem entrelaçar passado e presente, reverberando anedotas, referências e lembranças.
O marido segue muito presente no lar que pertenceu a ambos. “Esta tapeçaria [no living] leva a assinatura do artista El Anatsui”, comenta Rosita sobre a escultura têxtil que considera assemelhar-se a algumas criações do companheiro, hoje exibidas no Museu Arte Gallarate, em Varese. “Rossana Orlandi me convidou para ver a exposição na galeria, antes do vernissage. Eu me apaixonei por esta peça! Então, ela retirou da parede para que eu pudesse levá-la. Não hesitei nem por um momento”, revela.
Rosita Massoni_foto_ Valentina Sommariva/Living Inside
Acompanhada de seu braço direito, Paola Dallavalle, com quem trabalha há anos, ela termina o tour pelo apartamento entusiasmada, apresentando seu projeto mais recente: uma série de mesas de centro com acabamento de vidro e resina, posicionadas propositalmente em frente à estante Carlton, de Ettore Sottsass, um clássico do movimento Memphis. “Gosto da transparência do vidro e do brilho que o material dá às cores”, observa, orgulhosa de mais essa invenção.
A matéria completa pode ser conferida na edição de outubro de Casa Vogue, já disponível nas bancas de todo o país.
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