O arquiteto Michael Zanghelini, que participa pela quinta vez da mostra, coordenou o projeto, que envolveu diferentes equipes e necessidades, desde a estrutura até o paisagismo

Um projeto ousado, inteligente e totalmente funcional: a Casa na Floresta, assinada pelo arquiteto Michael Zanghelini, é um dos grandes destaques da CASACOR SC 20203. O espaço inteiro possui 350 metros quadrados e foi totalmente pensado para “estar em comunhão com a natureza”, conforme define o próprio profissional.

Aliás, essa sintonia nos faz lembrar uma apresentação de dança, com materiais, soluções e texturas dando forma e cor ao espaço. No jardim, por exemplo, há o suave movimento das cascatas. Ao caminhar mais um pouco, a arte do encontro acontece com outros três elementos tão marcantes: a terra (os níveis da casa dão a sensação de que ela está emergindo do terreno), o fogo, na lareira externa, e o ar, que adentra pelas aberturas estrategicamente planejadas pelo profissional.

“Os quatro elementos se comunicam. Aliás, tudo por aqui conversa entre si e isso é resultado de um trabalho em conjunto. Estamos diante de uma arquitetura de grande porte, com uma fachada de 32 metros lineares. Foi um verdadeiro balé para fazer tudo funcionar”, comenta Michael.

Segundo ele, a obra foi complexa – envolveu diferentes equipes e habilidades, desde a estrutura até o paisagismo. “Fizemos uma gestão cuidadosa para que tudo acontecesse em sinergia”, comenta. O projeto contou, inclusive, com o olhar do engenheiro Diogo Garcia, da Ângulo Engenharia. “Cuidamos de todos os processos construtivos, desde mexer na terra até os pilares. Garantimos qualidade do que fizemos por meio da união de diferentes forças”, ressalta Michael.

Em relação à estrutura, houve o aproveitamento de diversos elementos existentes no local. O meio ambiente agradece, uma vez que dispensou-se o uso de novos recursos em muitos pontos. O material que se destaca é, sem dúvidas, a madeira biriba encaixada (também pintada de preto).

Área verde e suas cores complementares

Assinado por Michael, o projeto de paisagismo tem uma composição natural e fluida, que imprime justamente uma sensação mais “selvagem”. Em cada cantinho, seja por meio de uma claraboia ou de uma janela, a morada faz um convite para o verde entrar e presentear os ambientes com sua cor e vivacidade.

A paleta de cores também foi definida para evidenciar esse protagonismo da natureza. Michael explica que optou pelo preto como tonalidade principal justamente por ser neutro e contribuir para reforçar a sensação de estar no meio da floresta. Outro tom em destaque é o bege – um oposto complementar perfeito.

Conexão, contemplação e praticidade

Também assinado por Michael, o projeto luminotécnico foi pensado para evidenciar cada ponto da casa – luzes quentes garantem um clima intimista. A suíte feminina é uma prova do que estamos falando. Toda pintada de preto, é um convite ao descanso e à contemplação do verde. Da banheira de imersão, por exemplo, é possível ver o mar pela janela e, ao mesmo tempo, a copa das árvores pela claraboia.

Em relação aos móveis, Michael diz que fez uma curadoria intuitiva, com peças simples, minimalistas e confortáveis. “Tudo bem natural”, ressalta.

Este bloco do quarto está totalmente conectado à cozinha e ao living por um corredor de vidro. O ambiente destinado às refeições tem vista para o mar – e pode ser utilizado a qualquer hora.

Na área externa, uma praça de fogo totalmente funcional garante bons momentos ao ar livre. O espaço é brindado pelo sol da manhã. “O planejamento foi feito para que a casa funcionasse em todos os momentos e temperaturas. Ela é linda na chuva, mas fica especial no início do dia”, diz Michael.

Tal cuidado pode ser comparado ao de trabalhos manuais, longos, complexos e cheios de afeto. “Sem dúvidas, é um grande desafio conduzir um projeto deste tipo, Há um volume muito grande de coisas e decisões. A sensação agora é de dever cumprido”, diz.

 

crédito fotos: Mariana Boro

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