Neste período a atenção precisa ser redobrada com o alto consumo calórico dos foliões, bem como os riscos de desidratação e o excesso de estresse físico
Carnaval é sinônimo de alegria e descontração. No entanto, durante os dias de folia, as pessoas acabam extrapolando um pouco os limites, e indo além do que o corpo pode aguentar. Não é exagero essa comparação: participar de vários blocos carnavalescos equivale fisicamente a uma corrida de mais ou menos 10km. Em relação ao grande desgaste físico, o consumo de bebidas alcoólicas, na maioria das vezes com energéticos, é fato comum durante a folia. Por isso é importante intercalar para cada lata de energético, o consumo de 500 ml ou mais de água, além de doces, para evitar a hipoglicemia e reequilibrar o metabolismo cerebral.
Além do desgaste físico, em muitos casos, o exagero contribui para o aparecimento ou agravamento de alguns sintomas ou até mesmo de doenças. Entre elas as arritmias cardíacas que, apesar de muitas vezes apresentarem sintomas como cansaço, palpitações, falta de ar, tonturas ou desmaios, outras podem ser assintomáticas e acometer pessoas saudáveis.
De acordo com o cardiologista e médico do esporte do HCor (Hospital do Coração), Dr. Nabil Ghorayeb, não é incomum, em períodos como no Carnaval, a ocorrência de arritmias cardíacas por conta de atitudes como o consumo exagerado de bebidas alcóolicas, cigarro, drogas e energéticos.
“A moderação e o equilíbrio são fatores importantes na prevenção de arritmias, especialmente em ocasiões como o Carnaval. Todos os excessos trazem malefícios, especialmente em indivíduos portadores de doenças cardíacas, os quais podem desenvolver complicações e evoluir para morte súbita. Essas situações poderiam ser evitadas por meio de informação, prevenção e bom senso”, aconselha Dr. Ghorayeb.
E para os foliões que vão ficar somente na arquibancada pulando? Para o cardiologista do HCor, o desgaste e o risco serão pequenos. “Ao sentir cansaço, o ideal é sentar e se reidratar. O abuso de bebidas alcoólicas e outras substâncias torna a festa de carnaval sem controle, e os efeitos cardiovasculares são imprevisíveis”, esclarece.
Para aproveitar os dias de folia sem descuidar da saúde do coração, o cardiologista do HCor dá algumas dicas:
Aproveite com moderação: o excesso de estresse físico, como pular exageradamente, especialmente se o indivíduo for portador de doença cardíaca, pode induzir arritmias, desmaios, hipertensão, infarto e até morte súbita. Por conta da empolgação e da multidão, as pessoas acabam esquecendo que cada um tem seu limite, tanto físico como mental, e é essencial respeitá-lo;
Hábitos Saudáveis: lembre-se que a prevenção é o melhor remédio contra qualquer doença. Nem sempre o portador de doença cardíaca tem sintomas. E ela pode ser silenciosa. Por isso é importante ter hábitos saudáveis, praticar atividades físicas frequentemente, realizar exames preventivos e consultar, pelo menos uma vez por ano, um clínico ou cardiologista;
Beba com moderação e diga não às drogas: o uso de drogas ilícitas e outros estimulantes, além do álcool, podem induzir arritmias, crises de hipertensão arterial e infarto. Quando usados simultaneamente, os efeitos podem ser ainda mais intensos, levando à morte súbita. Energéticos em excesso, ricos em cafeína e taurina, usados para se manter alerta, também podem induzir arritmias. Os energéticos diminuem a sensação de “tontura”, o que leva o indivíduo a beber maior quantidade de álcool e consequentemente a correr maiores riscos;
Beba bastante água: desidratação, motivada pela falta de líquidos e por suor excessivo, pode provocar quedas de pressão e desmaios;
Repouse e tenha um sono com qualidade: dormir pouco pode provocar hipertensão, agitação, ansiedade e sonolência diurna. Dirigir automóveis com sonolência aumenta muito o risco de acidentes;
Tenha uma alimentação saudável: dê preferência a verduras, grãos integrais, carne branca, peixes, legumes e frutas. Alimente-se com frequência e não permaneça em jejum por tempo prolongado;
Dê preferência a roupas leves: o uso de roupas muito pesadas e quentes em ambientes abafados pode levar à desidratação e a desmaios por quedas de pressão.