Diagnóstico molecular permite tratamento mais rápido e eficaz

A chegada do inverno costuma aumentar a proliferação do vírus influenza no País. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5 a 10% dos adultos e 20 a 30% das crianças são atingidas pelas doenças causadas pelo vírus, como é o caso da gripe. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, já foram registrados mais de 3.500 casos de infecção em todo o Brasil entre janeiro e junho de 2018. A OMS ainda estima que em torno de 1,2 bilhão de pessoas estejam propensas a contrair gripe com complicações.

Os vírus Influenza são classificados em três tipos, sendo os tipos A e B responsáveis pelas epidemias sazonais e o tipo C infecções respiratórias moderadas, sem grandes impactos na saúde pública. O subtipo mais conhecido é o H1N1, que também foi chamado de gripe suína, que gerou epidemia no Brasil em 2009 e, em 2018, já causou a morte de aproximadamente 400 pessoas. Um outro subtipo que vem causando impacto é o H3N2, responsável pela infecção de mais de 47 mil pessoas no último surto que aconteceu nos Estados Unidos, resultando em diversas mortes.

Os sintomas dos diferentes tipos são iguais – febre alta, tosse, garganta inflamada e dores no corpo. Quando, além disso, causa falta de ar, pode evoluir com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Nesses casos, é indicado o tratamento antiviral e o diagnóstico por biologia molecular. Segundo o protocolo do Ministério da Saúde para o tratamento de influenza, agir precocemente com antivirais pode reduzir a duração dos sintomas e a ocorrência de complicações pelo vírus. Mesmo assim, o diagnóstico correto se faz necessário para que o tratamento seja eficaz. “O erro no diagnóstico, dependendo do tipo do vírus, pode levar a complicações respiratórias como pneumonia. Geralmente, a evolução da gripe influenza tem resolução espontânea em até sete dias, embora a tosse, o mal-estar e a fadiga possam permanecer por algumas semanas. Alguns casos podem evoluir com complicações, sendo as mais comuns pneumonia, sinusite, otite e desidratação”, comenta Marcelo Ducroquet, infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP).

Exames mais completos, como os de biologia molecular, são capazes de detectar e diferenciar os principais agentes causadores da gripe. O assessor médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e médico assistente da Seção de Biologia Molecular da Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas de São Paulo (FMUSP), André Mario Doi, explica que o diagnóstico rápido e preciso das infecções respiratórias pelo vírus Influenza é fundamental, principalmente em populações de risco como crianças, gestantes e idosos. “Nos casos positivos, a instituição de terapia específica precoce (uso de antivirais) reduz mortalidade e gravidade do quadro. O teste molecular possui elevada sensibilidade e permite o diagnóstico rápido e acurado das infecções respiratórias de etiologia viral”, explica o médico.

Além de auxiliar na análise médica, o diagnóstico molecular utiliza uma metodologia mais específica que pode diferenciar os vários tipos de influenza em um único teste, e o resultado pode ser conferido no mesmo dia.

Para a identificação de doenças infecciosas, o uso de métodos moleculares têm apresentado resultados eficientes: os testes realizados fornecem dados epidemiológicos importantes, que, muitas vezes, servem como base para órgãos públicos realizarem o controle de “espécies” e vírus presentes no País, além de realizarem novos estudos e desenvolverem novas vacinas, por exemplo. “Alguns kits, como o de painel respiratório, permite detectar 21 patógenos, entre vírus e bactérias, em amostras respiratórias, em uma só reação, dentre eles, os vírus causadores da gripe (Influenza A e B). Frente a um quadro gripal, que pode ser ocasionado por uma grande diversidade de vírus além do Influenza, o painel respiratório permite identificar qual o provável agente causador do quadro”, comenta Dr. André Doi.

De acordo com o médico, alguns métodos comerciais permitem detecção não apenas no Influenza, mas de outros vírus respiratórios que são frequentes no inverno, como Vírus Sincicial Respiratório, Parainfluenza, Metapneumovírus, Rhinovírus etc.

Fundamental para monitorar as mudanças genéticas dos vírus da gripe, o diagnóstico molecular distingue o agente infeccioso e, com isso, possibilita o uso correto de medicamentos. “Outra questão que enfrentamos, que provém do diagnóstico errado, é a indicação de medicamentos incorretos. Isso pode levar a internações hospitalares e complicações que poderiam ser evitadas”, finaliza Ducroquet.

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