Por Helena Proni

A maioria das mulheres que passam pelo climatério, período que marca o fim da vida reprodutiva, apresenta sintomas desconfortáveis, sendo o principal deles as ondas de calor. As ondas de calor são causadas pela queda da produção de estrogênio nos ovários, que deixam de funcionar após a menopausa (última menstruação da vida). São sintomas incômodos, que podem se associar a insônia, ansiedade, depressão e irritabilidade, além de causar prejuízo no convívio social e relações de trabalho. Também são frequentes no período as palpitações, sensação de fadiga, dores no corpo e dor de cabeça. O melhor tratamento para essa situação é a reposição de estrogênio, que apresenta alguns riscos e muitos benefícios.

Entre os benefícios da reposição hormonal temos não só a melhora das ondas de calor, mas também fortalecimento dos ossos, pele, cabelos, melhora da libido, disposição, distribuição de gordura, apetite, risco de doença cardiovascular, memória, entre outros. Já os riscos aparecem predominantemente se ela for utilizada em mulheres com contraindicação à medicação, como alto risco cardiovascular, câncer de mama e lúpus, e envolve aumento da ocorrência de infarto, AVC e trombose. Nas mulheres saudáveis ou com risco cardiovascular baixo, a reposição hormonal não traz esses riscos. É importante ressaltar que ao usar o estrogênio em gel ou adesivo, não há aumento do risco de trombose, já na via oral, o aumento é de 2 a 3 vezes.

E quanto ao risco de câncer de mama, tão temido pelas mulheres quando falamos em reposição hormonal? Você sabia que o uso da terapia com estrogênio + progesterona (obrigatória em quem tem útero) só aumenta o risco após 5 anos de uso? Antes disso o seu risco é igual ao de mulheres que nunca repuseram hormônios. Mesmo após 5 anos, o aumento é pequeno, cerca de 30%. Para quem usa apenas o estrogênio (mulheres sem útero) não houve aumento de risco após 7 anos de uso no grande estudo norte-americano WHI. Entretanto, para mulheres que já tiveram câncer de mama ou lesões pré-malignas na mama a reposição não é indicada.

Por fim, cabe uma reflexão: as mulheres temem o câncer de mama, que atualmente tem diagnóstico precoce, tratamento adequado e baixa mortalidade (e que não tem seu risco aumentado com o uso da reposição hormonal pelo tempo recomendado). Por que as mulheres não temem a doença cardiovascular, principal causa de morte no climatério? O estrogênio se indicado nos primeiros anos de menopausa em mulheres saudáveis previne a doença cardiovascular. Sabe-se que mulheres que fazem reposição vivem mais do que as que não fazem.

Portanto, se você tem ondas de calor e/ou osteoporose (as duas indicações formais para reposição hormonal) e não possui contraindicações, não existe em utilizar a reposição prescrita pelo seu médico. Lembrando que a via não-oral é sempre mais segura.

Para quem não pode utilizar estrogênio e/ou progesterona, existem outros meios de melhorar as ondas de calor, mas sem os demais benefícios do estrogênio.

Apesar dos seus benefícios comprovados, até o momento não há indicação de prescrever a reposição como prevenção de doenças, apenas para tratar ondas de calor e osteoporose, e no caso de secura vaginal deve-se usar a via vaginal.

Helena Proni é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Fez Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Aperfeiçoamento em Ginecologia Endócrina, Climatério e Anticoncepção; e Patologia do Trato Genital Inferior e Infecção pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

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