Produção de peças usando técnicas como crochê e costura artística são fonte de renda de homens que se interessam em apreender, empreender e ensinar

O universo handmade está se tornando fonte de renda para o público masculino no Brasil. Trabalhos manuais que antes eram mais vistos pelas mãos de mulheres, com a evolução de técnicas como crochê, o tricô e a costura artística e criativa passam a ser feitos também por homens, que também se interessam em aprender, empreender e ensinar.

“Temos notado um crescimento no número de homens participando ativamente dos cursos oferecidos anualmente na Mega Artesanal. Eles buscam uma alternativa de renda, mas também a satisfação e a possibilidade de expressão que o artesanato proporciona”, afirma Rita Mazzotti, diretora da WR São Paulo, que organiza a feira Mega Artesanal, maior feira do mercado do artesanato da América Latina, que acontece há mais de 15 anos, em São Paulo.

Samuel Ramos, do Blog do Crochê, é um deles. Ele aprendeu os primeiros pontos com a irmã em 2012, começou a confeccionar e vender peças como hobby e, com os resultados, rapidamente trocou o trabalho em regime CLT pelo artesanato. Atualmente, tornou-se um grande nome no cenário do artesanato brasileiro, reúne mais de 1 milhão de inscritos em seu canal do YouTube, foi reconhecido com diversas premiações, incluindo a indicação ao prêmio “Artesão do Ano”, em 2023, além de ter uma linha de fios que leva sua assinatura.

“Ser homem e entrar em um mercado até então amplamente dominado por mulheres foi um dos maiores desafios, não por parte do público, que me acolheu muito bem, mas especialmente pelos vícios culturais que estavam arraigados em mim. Tive dificuldade em aceitar que o que eu estava fazendo era algo único e que eu precisava, sim, aceitar os elogios. O artesanato me trouxe reconhecimento, me colocou em posição de destaque e elevou minha autoestima. Além de ser terapêutico, o artesanato me fez evoluir como empreendedor e alcançar patamares jamais imaginados antes”, lembra o artesão.

O artesão e arte-educador Sergio Fronza já era apaixonado pelas artes manuais desde criança. Filho de costureira e de alfaiate, já gostava de costurar roupas para as bonecas da irmã e acompanhava a mãe em atividades como pintura de cerâmica, vitral, gesso, bordados, tricô. Na escola, era chamado pelos colegas para fazer os trabalhos de arte e, enquanto serviu o Exército, ajudou na confecção de novas fardas. Com formação técnica em Contabilidade, outros três cursos universitários iniciados e depois de ter trabalhado como bancário e funcionário público concursado, o que continuou cativando mesmo Fronza foi o artesanato.

“Faço pintura em óleo sobre tela, tecido, gesso, cerâmica e madeira, bordados simples e amo uma costura artesanal. Com a ajuda da internet e através das técnicas de costura e costura artística comecei a confecção de pequenas peças e, a partir de 2016, passei a comercializar para valer. Em 2018 me tornei arte-educador e fui contemplado em editais municipais e federais com projetos que tem por excelência incentivar a economia criativa. Participei da Mega Artesanal 2019 como professor pela Fernando Maluhy Tecidos, em 2022 como arte-educador, pela César Tecidos, e em 2023, pela ArtePunto e Fitas Progresso. Sou também conselheiro representante da Câmara Setorial de Artes Visuais junto ao Conselho Municipal de Cultura e Turismo do Município de Santa Bárbara d´Oeste. Enfim, sou artesão 24 horas por dia e completamente apaixonado pelo que faço!”, afirma Sergio Fronza.

Rita Mazzotti, que já está nos últimos preparativos para a Mega Artesanal 2024, em São Paulo, comenta que os homens já correspondem a cerca de 4% dos seguidores das redes sociais da feira. O perfil dos visitantes das feiras do grupo são artesãos mais ligados às artes manuais que ao artesanato raiz – aquele que passa de uma geração para outra e é feito sempre da mesma forma. “O artesão que visita as nossas feiras aprendeu sim com parentes mais velhos em alguns casos, mas não somente. Aprende com cursos especializados em lojas, ateliês e no YouTube. A grande maioria também não está presa a somente uma técnica ou matéria-prima, são abertos às tendências e novidades”, afirma.

Edição de 2024 da Mega Artesanal

A Feira, que já está em sua 17ª edição, traz uma variedade de experiências para quem deseja investir no setor de artes, artesanato e artes manuais. “É um mundo de oportunidades para conhecer os grandes fabricantes, grandes lojas, os melhores ateliês, onde comprar produtos, comprar itens em oferta, conhecer os lançamentos do mercado – desde um kit para fazer artesanato até peças prontas (temos a Praça do Artesão, que é uma referência no evento) e entender que, sim, se pode viver do artesanato”, enfatiza.

O evento disponibiliza também cursos gratuitos, demonstrações, lançamentos de produtos com expositores da indústria, além das oportunidades apresentadas pela ala do varejo. Neste ano, os visitantes vão também conhecer novidades da indústria de confeitaria. “É difícil falar sobre algo relativo ao artesanato que não tenha na Mega, por isso somos a maior da América Latina. O objetivo é levar tudo o que as pessoas precisam para trabalhar com esse mercado: ferramentas, máquinas, novas tecnologias, novos produtos, lançamentos, tendências para o segundo semestre. E a edição de 2024 vem com força nos itens de decoração e artesanato na moda”, comenta Rita Mazzotti.

Na edição de 2023, a feira recebeu mais de 100 mil visitantes ao longo dos seis dias de evento, 630 caravanas de todo o Brasil, ultrapassando a expectativa de público. Foram cerca de 400 expositores, incluindo indústria, comércio, ateliês, artesãos e artistas, que ditam as tendências do setor. Segundo dados do Sebrae, a indústria do artesanato movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano no Brasil.

Os ingressos para a Mega Artesanal 2024 estão disponíveis pelo wrsaopaulo.com.br/megaartesanal.

A WR é especializada na promoção e organização de feiras e congressos, nacionais e internacionais. Em 2003, entrou no setor de arte, artesanato e artes manuais e, desde então, responde pela realização das principais feiras do setor, com ênfase na oferta de cursos, oficinas e workshops para capacitação e reciclagem de técnicas e de espaços de inspiração, com exposições, simulações de ambientes, instalações etc. Integram ainda o calendário de feiras a Artesanal Sul (Porto Alegre/RS), a Artesanal Nordeste (Olinda/PE), a Artesanal Centro-Oeste (Goiânia/GO), a Brazil Patchwork e Scrapbooking Show (São Paulo/SP), e a Criativa SP (São Paulo/SP).

foto: Divulgação

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