O fim de ano é considerado uma época para reflexões pessoais, que para muitos, geram sentimentos de ansiedade, que podem estar associados a doenças cardiovasculares
O final do ano é uma época repleta de festividades, viagens e encontros com família e amigos. É tempo também para reflexões e balanços pessoais – o que, para muitos, pode levar a um sentimento de melancolia e ansiedade. Esses estados emocionais não afetam apenas o bem-estar mental como podem ter impactos graves na saúde do coração.
De acordo com Patrícia Oliveira, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês – área liderada pelo médico cardiologista Roberto Kalil Filho -, transtornos mentais, como ansiedade e depressão, estão associados a um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e até mesmo à piora de condições já existentes.
“Nesta época, parte dos pacientes com ansiedade e depressão podem tomar atitudes que impactam diretamente em sua rotina de autocuidado, reduzindo a quantidade de exercícios físicos e a aderência a tratamentos medicamentosos, além de poder desenvolver distúrbios alimentares que interferem no controle do metabolismo, aumentando os níveis de pressão arterial”, afirma a cardiologista.
A conexão entre mente e coração
Patrícia explica também que, para além de uma questão comportamental, o coração e o estado de espírito estão intimamente relacionados. “Transtornos mentais desencadeiam alterações biológicas importantes, mudando as vias de sinalização entre o sistema nervoso central e os órgãos. Além disso, podem levar à elevação de citocinas inflamatórias, agravando condições como aterosclerose e isquemia miocárdica”, afirma.
A especialista ainda ressalta que quadros de depressão e ansiedade se caracterizam pela hiperativação do sistema simpático (que prepara o organismo para reagir em situações de medo, estresse e excitação) e liberação de cortisol, que podem causar vasoconstrição e aumento da pressão arterial e frequência cardíaca.
Um dos maiores exemplos do impacto das doenças mentais na saúde do coração tem nome conhecido: a ‘síndrome do coração partido’ é uma cardiopatia induzida por estresse, que se manifesta de maneira similar ao infarto agudo do miocárdio, mas sem lesões ateroscleróticas obstrutivas, caracterizadas pelo estreitamento e enrijecimento das artérias causado pelo acúmulo de gordura em suas paredes.
Neste caso, segundo a especialista, o estresse e a depressão ativam o sistema neuro-hormonal, levando a liberação de substâncias que reduzem o fluxo sanguíneo no músculo cardíaco (vasoconstrição) e possível lesão celular.
Cuidados multidisciplinares
A abordagem multidisciplinar é essencial para prevenir os efeitos negativos da ansiedade e depressão no coração. “O acompanhamento por uma equipe que inclui cardiologistas, psicólogos e psiquiatras é fundamental, especialmente em pacientes que já passaram por eventos cardíacos”, explica Patricia.
Entre as abordagens estão:
- Terapias psicológicas e psiquiátricas: ajudam a tratar os transtornos mentais, reduzindo o risco cardiovascular.
- Exercícios físicos regulares: promovem bem-estar emocional e melhoram a saúde cardiovascular.
- Medicação apropriada: quando indicada, pode controlar sintomas emocionais e prevenir complicações cardíacas.
Além disso, protocolos clínicos específicos permitem o rastreio precoce de transtornos mentais em pacientes cardíacos, melhorando tanto a qualidade de vida quanto a sobrevida. “O equilíbrio emocional é tão importante quanto o controle de fatores tradicionais, como colesterol e pressão arterial. Ao cuidar da saúde mental, estamos cuidando também do coração”, conclui a cardiologista.
Sobre o Sírio-Libanês
A Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, instituição filantrópica que em 2021 completou 100 anos, trabalha diariamente para oferecer e compartilhar com a sociedade uma assistência médico-hospitalar de excelência, sempre com um olhar humanizado e individualizado em mais de 60 especialidades. Um trabalho reconhecido desde 2007 com o selo da Joint Commission International (JCI), o órgão mais importante do mundo em controle da qualidade hospitalar. O Sírio-Libanês mantém o compromisso assumido em 1921 por suas fundadoras e realiza iniciativas sociais em quatro pilares: Integração com a Comunidade, Ambulatórios de Filantropia, Instituto Sírio-Libanês de Responsabilidade Social e Projetos de Apoio ao SUS. Desde 2003, por meio do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, a instituição contribui para o desenvolvimento de profissionais da saúde regidos pela ética e capacitados para prestar um atendimento baseado em boas práticas, além de contribuir com o desenvolvimento científico por meio de parcerias, estudos e pesquisas nacionais e internacionais. Atualmente, a instituição oferece programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, programas de residências médicas e multiprofissionais, cursos de atualização (continuados e de curta duração), Ensino a Distância (EAD), estágios, seminários e reuniões científicas. O Sírio-Libanês foi pioneiro na criação de programas de Saúde Populacional, que unem empresas, operadoras e time de Atenção Primária no cuidado qualificado e acompanhamento da saúde, ajudando na gestão do benefício do plano de saúde e melhorando a qualidade de vida e a produtividade de profissionais. Atualmente, o Sírio-Libanês está presente com dois hospitais e cinco unidades em São Paulo e Brasília. Saiba mais em nosso site.
Foto de Yuris Alhumaydy na Unsplash