Aproximadamente 78 milhões de crianças recém-nascidas não são amamentadas na primeira hora de vida, o que as coloca em um grupo de maior risco para doenças e até morte, dificultando também a continuidade da amamentação, de acordo com uma recente publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNICEF.

A maioria destes bebês nascem em países de baixa ou média renda.

O estudo documenta que recém-nascidos que são amamentados na primeira hora de vida têm maior chance de sobrevivência; mesmo uma demora de algumas horas após o nascimento pode trazer consequências danosas.

O contato precoce no ato de amamentar, estimula a produção pela mãe de leite e colostro, que é a primeira “vacina” do bebê, pois é muito rico em nutrientes e anticorpos.

Todos os anos, portanto, milhões de recém-nascidos deixam de receber os benefícios que a amamentação precoce, na primeira hora de vida, traria para sua saúde e sobrevivência.

De acordo com a UNICEF, estes problemas seriam facilmente corrigidos se as mães recebessem orientações e estímulo à amamentação precoce, até por parte pelo pessoal da área de saúde.

Taxas de amamentação na primeira hora após o nascimento são mais altas em alguns países da África (65%), e mais baixas em alguns locais da África (32%).

Por exemplo, em Burundi e Sri Lanka, 9 entre 10 bebês são amamentados na primeira hora de nascimento. E, no Azerbaijão, apenas 1 em 10…

Estes dados fazem parte de um projeto da OMS e da UNICEF, denominado “Capture the Moment”, publicado agora em julho, com dados de países da América Latina, Caribe, Ásia e África.

No Brasil, os únicos dados reportados neste estudo são de 2006, com taxa estimada de 49,2%, porém sem maiores detalhes nem atualizações.

Neste projeto, muito interessante para a comunidade leiga e principalmente da área de saúde, percebemos a importância do período pré-natal, parto e pós-natal bem assessorados, para a mãe e para a criança.

A amamentação dá à criança melhor possibilidade de um início de vida saudável, conforme palavras do diretor geral da OMS.

Devemos, assim, urgentemente orientar a população em geral sobre este assunto, envolvendo para isto membros da família, profissionais da área da saúde, líderes e governantes.

Referência: www.unicef.org/publications/files/UNICEF_WHO_Capture_the_moment_EIBF_2018.pdf

Lycia M. J. Mimica é professora doutora de Microbiologia do Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Contato: lmimica@uol.com.br

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