Médico alerta sobre exposição frequente e excessiva a barulhos nas grandes cidades. Segundo especialista, a poluição sonora juntamente com alguns hábitos ruins, como o uso prolongado de fones de ouvido, podem sim levar uma pessoa à surdez permanente

Há nos grandes centros urbanos um tipo de poluição que não vemos, não sentimos o cheiro, mas ouvimos e que pode trazer sérios problemas a nossa saúde. Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que 10% da população do mundo está exposta constantemente a níveis de pressão sonora que podem provocar perda de audição, sendo que 30% desses casos estão associados aos ruídos das cidades. Para combater o problema e chamar a atenção das pessoas para o cuidado com a saúde auditiva, a OMS instituiu o dia 7 de maio como a data internacional para o combate à poluição sonora, chamada de Dia do Silêncio.

De acordo com o otorrinolaringologista Guilherme Horbilon de Castro (CRM-GO 19274 / RQE 13130), especialista que atende no Órion Complex, em Goiânia, a poluição sonora não é prejudicial apenas aos ouvidos. “O tolerável é uma exposição a um limite de 85 a 90 decibéis, acima disso já se tem prejuízos à audição, problemas que se não tratados podem sim levar à surdez”, informa o médico.

“A exposição frequente a ruídos em um volume considerável aumenta o estresse, o que gera irritabilidade, afeta a saúde mental e cardiovascular”, explica o especialista, que ainda acrescenta que dentre os sintomas mais comuns causados pela exposição, por longos períodos do dia, a sons muito altos está a perda do poder de concentração.

Segundo o otorrino Guilherme Horbilon, o excesso de barulho de forma aguda, como uma exposição próxima ao nível de uma explosão de fogos de artifício, por exemplo, ou tiro de arma de fogo, pode atingir nossos ouvidos ao ponto de gerar uma perfuração timpânica, o que por sua vez pode acarretar em dor no ouvido, zumbido e perda da audição abrupta, que pode ser temporária ou permanente.

Abaixe seu som

No dia a dia agitado e barulhento das grandes cidades parece ser impossível fugir dessa poluição sonora que nos rodeia. Mas Guilherme Horbilon dá algumas dicas importantes e que fazem toda a diferença. “Evite ambientes muito ruidosos, principalmente quando não se consegue ouvir a própria voz e das pessoas próximas; quem trabalha num ambiente de barulho constante superior a 85 decibéis deve usar protetor auricular, adequado e orientado pelo médico do trabalho da empresa; fuja dos aparelhos de som e TVs num volume muito alto”, indica o otorrino.

Um vício típico dos tempos modernos, o uso prolongado de fones de ouvido é outro hábito que precisa ser evitado, segundo esclarece o especialista. “O fone de ouvido o dia inteiro, por semanas a fio, pode sim levar a uma perda auditiva. Um indivíduo exposto a um som com intensidade de 92 decibéis por mais de 30 minutos diários, por exemplo, terá risco alto de dano permanente no sistema auditivo”, alerta.

“O uso de fone de ouvido, seja no trabalho ou de forma recreativa, o recomendável ouvi-lo até no máximo 60% do volume máximo. É muito importante ter um período de descanso sem o fone de ouvido a cada 2 horas”, orienta o especialista. Outra orientação é quanto ao modelo de fone, os que têm a concha externa, isolam o som externo e favorecem a escuta em menores volumes. Sendo melhores nesse aspecto que os modelos intra-auriculares.

Além dos cuidados diretos com os ouvidos, o médico destaca ainda outros problemas de saúde, que se não forem tratados podem também afetar a acuidade auditiva. “Estudos revelam que os pequenos vasos sanguíneos que irrigam a cóclea (órgão do sistema auditivo) sofrem danos a partir da hipertensão arterial, do diabetes e do tabagismo”, .

O poder do silêncio 

Questionado sobre os benefícios do silêncio, o médico diz que o silêncio é necessário para proporcionar momentos de descanso para os ouvidos e a mente. Ele explica que a ausência de barulho é uma das melhores maneiras de evitar a fadiga auditiva. Uma exposição a um barulho muito alto por um hora ou mais gera a sensação de ouvido tampado, zumbidos e dor de cabeça. “Isso pode ser percebido, por exemplo, após o indivíduo sair de um show em que ele estava muito próximo da caixa de som”, explica o médico.

Guilherme Horbilon relata ainda que a vida em grandes cidades expõe os cidadãos a estímulos sonoros de diversas intensidades a todo momento. Por isso a redução do estímulo sonoro em um ambiente silencioso pode facilitar a conexão com a própria consciência, além de reduzir a carga de estresse proveniente dos estímulos externos. “A meditação em silêncio, para algumas pessoas, pode ser um artifício de auto-ajuda e saúde mental muito eficiente”, diz.

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