Juliano Pereira*
Você sabe o que é diástase muscular do abdômen? A diástase muscular é o afastamento das fibras do músculo central do abdômen, o músculo reto abdominal. Este afastamento pode se dar por obesidade. Mas, comumentemente, observamos esta situação em pacientes que já tiveram gravidezes anteriores, em que o aumento do volume abdominal pelo crescimento do bebê faz com que haja o afastamento dos músculos. Muitas vezes, as pacientes com diástase muscular têm um abdômen mais redondo, mais projetado, não por flacidez ou excesso de gordura, mas sim por este afastamento dos músculos, que faz com que o abdômen se torne mais globoso.
O músculo reto do abdômen é composto por duas bandas verticais que se unem na linha média da região central abdominal por meio da chamada linha alba, formando uma espécie de cinta interna.
O que ocorre com esta musculatura durante a gestação? Por volta do terceiro trimestre de gravidez, o abdômen se expande para comportar o bebê. Para isso, é necessário que os dois feixes do músculo reto abdominal se afastem. A linha alba, tecido formado por colágeno, continua a unir os dois lados.
De fato, a linha alba tem capacidade para se expandir e também voltar à forma original. Em muitos casos, no entanto, a separação das bandas persiste, e passado muito tempo após o parto, resulta na deformação estética do abdômen.
Pacientes que apresentam diástase abdominal convivem com uma situação singular quando se esforçam para sentar, levantar ou tossir. Nestas circunstâncias, é visível uma protuberância vertical no meio da musculatura. A pele também assume uma aparência murcha e fina.
Além da preocupação estética, o cirurgião plástico deve sempre levar em consideração outras condições relatadas pelo paciente. A lista é extensa, mas em geral há queixas de fraqueza abdominal, dificuldade para levantar objetos ou de realizar atividades do dia a dia, como caminhar, dor durante a relação sexual, dores na lombar, pelve ou no quadril, incontinência urinária e prisão de ventre.
O diagnóstico da diástase, realizado pelo especialista, consiste em avaliar fisicamente o paciente e solicitar vários exames, entre eles a ultrassonografia, para mensurar a abertura da musculatura.
Para a correção da diástase abdominal é necessário um acesso, que pode ser realizado via abdominoplastia. Podemos fazer a abdominoplastia sem necessariamente realizar a plicatura ou amarração desses músculos. Ou seja, são pontos fixados nos dentres musculares laterais, trazendo esta reposição central. A associação com a abdominoplastia vai ajudar a retirar o excesso de pele e de gordura.
Da mesma forma que se consideram vários critérios para a realização do procedimento, é fundamental levar em consideração a qualificação e a idoneidade do cirurgião plástico. A primeira providência é verificar a participação do profissional na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Neste caso, o paciente estará diante de um especialista que cumpriu um rito acadêmico de formação e habilitação em residências médicas que lhe permite exercer o ofício com plenitude e responsabilidade.
Juliano Pereira – CRM 141574
Cirurgião plástico, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (2018-2020 / 2021-2023).
Freepik