De carona no voo de Ybatinga, a gralha azul com nome de nuvem, leitor vai da Serra do Mar às Cataratas do Iguaçu conhecendo todos os parques que preservam os biomas paranaenses

O fotógrafo Zig Koch, a jornalista Maria Celeste Correa e o produtor cultural Fábio Ávila se reuniram para publicar um livro sobre os parques e áreas de preservação espalhados pelo Paraná. A ideia era mostrar com fotografias e um amplo trabalho de pesquisa os biomas, a flora e a fauna e sua importância para o estado. A tarefa já seria grandiosa, mas o projeto cresceu e virou o livro “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza”, que os três lançam no dia 29 de novembro. Com suas 208 páginas fartamente ilustradas, a obra chega como o mais completo levantamento das diferentes paisagens do estado, um verdadeiro passeio encadeado pela geografia do Paraná, mostrando as diferentes origens geológicas, características climáticas, entorno populacional e diversidade cultural. Uma espécie de enciclopédia geográfico-ambiental-cultural, que apresenta os parques e áreas de conservação no contexto de sua localização.

A forma escolhida para apresentar o conteúdo e torná-lo de fácil compreensão foi criar uma personagem – uma gralha azul chamada Ybatinga, nome tupi para nuvem – que, ao longo de um sobrevoo desde o litoral até o extremo oeste do estado, vai explicando cada uma das paisagens. Com base em muita pesquisa com especialistas em geologia, geografia, história e meio ambiente, o texto escrito por Maria Celeste Correa com base nas pesquisas do geólogo e naturalista Reinhard Maack vai contando como se formaram as montanhas da Serra do Mar, o primeiro, segundo e terceiro planaltos e as demais paisagens dominantes no Paraná. E vai falando sobre o clima, a vegetação, as espécies animais e a ocupação humana em cada uma dessas regiões.

Os parques e áreas de preservação – estaduais e federais – ganharam seu próprio capítulo, logo na sequência do voo da gralha Ybatinga, de tal forma que fica mais fácil ao leitor entender em qual das paisagens cada um deles se insere. Assim, ao ler sobre o Parque Estadual Pico Marumbi, por exemplo, esse leitor já tem a informação sobre a origem da Serra do Mar e como essa região se transformou no que é hoje. Da mesma forma, explica Maria Celeste, ao ver as imagens do Parque de Vila Velha, ele sabe que está olhando para o que já foi o fundo de um oceano. “Está fazendo uma visita ao passado, vendo a história na sua frente. É uma volta ao passado na vida real”, diz.

Fábio Ávila lembra uma outra importante função dos parques e áreas preservadas no Paraná: “Eles se tornam pontos de convivência, às vezes os únicos, nas pequenas cidades interioranas”, diz. Esse tema já aparece na publicação, mas será motivo de um novo livro em breve, informa ele.

A cultura inserida na paisagem

A terceira parte do livro traz textos de Augusto Junqueira e ilustrações feitas à caneta esferográfica pela reconhecida artista Birgitte Tümmler para contar um pouco sobre as manifestações culturais dos 54 municípios em que se localizam os parques e áreas de preservação do estado.

Nessa parte, o leitor fica sabendo, por exemplo, que Adrianópolis, onde está localizado parte do Parque Estadual das Lauráceas, é um “pequeno município na região metropolitana de Curitiba. Conta com estradas muito procuradas por motociclistas por suas belezas naturais. Abriga dois quilombos de grande importância para a região, o Quilombo Córrego das Moças e o Quilombo João Sura, que é o local de fabricação do Vinho de Jabuticaba”.

Birgitte explica por que decidiu integrar o projeto: “Participar desta inestimável publicação é uma realização pessoal! E assim é por uma combinação de dois fatores cruciais: é relativa às riquezas naturais e culturais do Estado do Paraná onde vivo há décadas e pelo qual tenho grande amor; e por estar junto a um time de peso composto por Zig Koch, Maria Celeste Correa e Fábio Avila, pessoas estas admiráveis e incrivelmente competentes.”, diz.

Conteúdo para ser compartilhado

Tamanha riqueza de conteúdo levou os autores a pensar na melhor forma de fazer o livro chegar ao maior número de pessoas possível. Assim, surgiu a ideia da doação de 1,6 mil exemplares para as escolas públicas do estado. “É um trabalho feito com muito esforço, um livro muito completo. Pensamos que o efeito multiplicador desse conteúdo seria maior nas escolas”, diz Zig Koch.

Com seu trabalho fotográfico totalmente vinculado às causas ambientais, Zig diz que espera “que este livro venha a mudar comportamentos, que sirva de alerta para que as pessoas ajam de maneira diferente em relação ao meio ambiente. Você só conserva aquilo que conhece”.

“Tivemos um excelente diálogo com a Secretaria Estadual da Educação e vamos entregar os livros para uso nas escolas. E estamos também dialogando com os 54 municípios onde há unidades de conservação”, reforça o produtor Fábio Ávila.

Apoio ao hospital Pequeno Príncipe

Além dos livros doados às escolas e os exemplares que serão repassados aos patrocinadores do projeto, outra parte da edição será destinada ao Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, para uso em campanha de arrecadação de fundos para a instituição, que se dedica ao atendimento em pediatria e atende o SUS (Sistema Único de Saúde). Os idealizadores do projeto vão repassar 100 exemplares para que o hospital utilize esses livros para venda direta ou como recompensa aos doadores em suas campanhas de arrecadação de fundos.

Obra tem apoio de empresas e entidades com atuação no Paraná

O projeto Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza foi viabilizado com o patrocínio de empresas e entidades com atuação no estado do Paraná. Aprovado em leis de incentivo estadual e federal, teve não apenas apoiadores que se valeram da renúncia fiscal, mas também com patrocínio direto. Sanepar, Compagás, Copel, Sistema Fecomércio, Grupo Potencial, Grasp, Berneck e Klabin viabilizaram a edição do livro que está sendo lançado.

Quem são os autores de Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza

Zig Koch é arquiteto formado pela PUCPR (1982). Dedica-se profissionalmente à fotografia desde 1986 com ênfase em fotografia de natureza, turismo, populações tradicionais e viagens. É autor das fotografias de 17 livros, sete pelo seu próprio selo editorial – Editora Olhar Brasileiro. Fez 25 exposições individuais, seis delas internacionais. Presta seus serviços para várias empresas do Brasil, ONGs e órgãos do governo.

Foi premiado em vários concursos, como o segundo lugar no concurso Nikon Photo Contest International 2007 e Wildlife Photographer of The Year – 2013. É sócio fundador da Associação de Fotógrafos de Natureza do Brasil (AFNATURA). Seu trabalho pode ser visto no seu banco de imagens on-line www.naturezabrasileira.com.br ou em seu site pessoal: www.zigkoch.com.br.

Maria Celeste Fernandez Corrêa é jornalista e escritora. É formada em Jornalismo pela PUCRS (1983) e pós-graduada em Conservação da Natureza e Educação Ambiental pela PUC-PR (2012). Atuou por 12 anos como repórter e apresentadora de TV. É autora de diversos livros, com destaque para “Araucária – A Floresta do Brasil Meridional” (2002 e 2010), “Retratos do Brasil – Curitiba” (2004 e 2008) e “Museu Vivo – Guia Ilustrado da História do Paraná” (2007), desenvolvidos em parceria com o fotógrafo Zig Koch pelo selo editorial Olhar Brasileiro.

Assina a Curadoria de Conteúdo de dois museus da cidade de Curitiba: o Memorial da Segurança no Transporte, inaugurado em 2016; e o Museu Planeta Água, inaugurado em 2022.

Fábio Ávila, que assina seus textos como Arnaldo Junqueira, é editor, jornalista, escritor, palestrante e produtor cultural com atuação nacional. De 1972 a 1979 estudou na Universidade de Paris IV – Sorbonne. Em 1986 fundou a editora Empresa das Artes que transformou-se em selo editorial e que abriga mais de 300 publicações com temáticas voltadas às áreas de cultura, meio ambiente, gastronomia e turismo.

Serviço:

Lançamento do Livro “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza”

Dia: 29 de novembro

Horário: 19h

Local: Museu Oscar Niemeyer (MON) – Salão de Eventos

Veja trechos do livro:

“Olá, leitor! Sou uma gralha-azul e meu nome é Ybatinga, palavra que, na língua Tupi, significa nuvem. Me chamo assim porque vivo cruzando os céus do Paraná, admirando tudo que há nessa terra. E como há coisa bonita! Segundo estudos do geólogo Reinhard Maack, o Estado do Paraná é composto por cinco grandes regiões de paisagens naturais: o Litoral; a Serra do Mar; o Primeiro Planalto ou Planalto de Curitiba; o Segundo Planalto ou Planalto de Ponta Grossa; e o Terceiro Planalto ou Planalto de Guarapuava. Em termos de altitude, cerca de 52% do território encontram-se acima de 600 metros e somente 3% estão abaixo de 200 metros. Assim, o Paraná é composto, em sua maioria, por superfícies planas dispostas em grande altitude.”

“Mas a espécie que mais ajuda a plantar araucária é a cutia que faz um estoque de sementes enterrando-as, para comer mais tarde, e marca o lugar esfregando na terra a sua glândula de cheiro. Porém, quando chove, o cheiro se dispersa e a cutia não consegue encontrar as sementes, que acabam germinando. Sendo assim, quem planta os pinhões é a cutia, mas eu (a gralha) acabei ficando com a fama.” 

“Pesquisas na área da palinologia – feitas com grãos de pólen e esporos fossilizados – ajudaram a identificar a vegetação existente na região há dezenas de milhares de anos. Assim se descobriu que, durante o último período glacial, as temperaturas secas e frias favoreceram a formação da vegetação típica dos Campos: ocorriam repetidas geadas e temperaturas mínimas de 10 ° C negativos durante o inverno. Já a vegetação arbórea surgiu milênios depois, favorecida pelas mudanças climáticas. Ao final da era glacial, houve uma elevação das temperaturas médias anuais na região e o clima tornou-se mais úmido. Isso permitiu que a vegetação arbustiva e arbórea começasse a avançar a partir das matas degaleria, ao longo dos rios.”

“Antes de desaguar nas Cataratas, o Rio Iguaçu percorre quase mil quilômetros, cortando o Paraná de leste a oeste. Ele nasce a mais de 900 metros de altitude, vence três planaltos e alcança a região de Foz do Iguaçu a apenas 200 metros de altitude. Antes das quedas, chega a atingir 1.200 metros de largura. Logo depois, estreita-se num cânion por passagens que variam de 65 metros até 100 metros de largura. Quando deságua no Rio Paraná, sua foz está a apenas 100 metros de altitude. Há mais de 1,5 milhão de anos, esse é o caminho percorrido pelo rio que foi batizado na língua Tupi de I-Guaçu, que quer dizer “Água Grande”.”

crédito fotos: Zig Koch

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