Estratégia hospitalar humanizada pode garantir controle térmico das crianças e reduzir os riscos infecções no período neonatal
O Brasil ocupa a 10ª posição entre os países onde mais nascem prematuros. A informação foi revelada em um ranking elaborado pela ONG americana March of Dimes, a partir de dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante muito tempo a prematuridade foi um tema responsável por causar espanto, mas devido ao avanço da tecnologia e de estudos realizados na área da obstetrícia e pediatria, cada vez mais é possível ver bebês sobrevivendo e se desenvolvendo de forma saudável.
Uma das técnicas utilizadas por profissionais da área da saúde para auxiliar nesse processo e promover um tratamento humanizado aos bebês prematuros é o método canguru, uma tática que permite maior participação dos pais nos cuidados neonatais.
O método canguru é preconizado pelo Ministério da Saúde e faz parte das estratégias utilizadas em hospitais públicos e particulares no Brasil. O órgão elaborou, inclusive, um guia técnico chamado “Manual da Atenção Humanizada ao Recém‑Nascido – Método Canguru”, visando conscientizar sobre a abordagem.
O que é método canguru?
O método canguru foi criado na Colômbia, na década de 1980, como uma estratégia para a escassez de incubadoras e outros recursos na região. No Brasil, a proposta foi instituída como política pública em 2000.
Segundo o Ministério da Saúde, esse método reúne estratégias de intervenção biopsicossocial, promovendo a participação dos pais no tratamento e na evolução dos recém-nascidos.
Na prática, a técnica consiste em manter o bebê, somente de fraldas, em posição vertical junto ao peito dos pais. A acomodação do recém-nascido junto ao corpo da mãe ou do pai lembra a forma como fêmeas de cangurus mantém seus filhotes na bolsa marsupial para completar o desenvolvimento.
De acordo com o órgão, o método deve ser realizado de maneira orientada e acompanhada por equipe de saúde capacitada.
Etapas do método canguru
Para garantir a segurança do método, foram criadas três etapas. Segundo o Ministério da Saúde, a primeira tem início ainda no pré-natal da gestação de alto risco, pois nesse período a família já necessita de cuidados e orientações especializadas.
Após o nascimento da criança, os pais adquirem livre acesso durante a internação na UTI, sendo esse um dos grandes diferenciais do método. O principal objetivo dessa etapa, conforme o Ministério da Saúde, é atingir uma estabilidade clínica para que o bebê consiga ser colocado na posição canguru.
A segunda etapa ocorre na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru, uma espécie de enfermaria onde os pais conseguem ter apoio de uma equipe profissional. Conforme o órgão, para participar dessa etapa, o bebê deve ter estabilidade clínica, nutrição enteral e peso mínimo de 1.250 gramas. Com essas características a posição canguru pode ser realizada pela maior parte do tempo.
Na terceira e última etapa, o recém-nascido recebe alta e é acompanhado de forma compartilhada pela equipe médica do hospital e da atenção básica do método canguru. Para que isso ocorra, o bebê deve ter ganhado peso nos três dias antecedentes da alta, fazer sucção exclusiva ao peito ou complementação em casos especiais e ter peso mínimo de 1.600 gramas.
O acompanhamento tem foco em garantir o vínculo psicoafetivo entre a criança e seus familiares, promover a manutenção de tratamentos especializados e realizar a avaliação do desenvolvimento da criança até que ela atinja 2.500 gramas.
Benefícios do método para os bebês
O método canguru é indicado para bebês prematuros por proporcionar diferentes benefícios. Segundo o Ministério da Saúde, essa estratégia promove controle térmico das crianças, contribui para a redução de infecção hospitalar, reduz estresse e dor, favorece o estímulo sensorial do bebê e melhora o desenvolvimento neuropsicomotor.
O órgão também explica que adotar esse método fortalece o vínculo afetivo entre os bebês e suas famílias, estimula o aleitamento materno, reduz o tempo de separação com os prematuros e possibilita uma maior confiança dos pais no cuidado do recém-nascido.
Foto: Christian Bowen/Unsplash