A rede Mais1 Café conquistou o Brasil com seu conceito moderno e quer encerrar o ano com faturamento de R$ 110 mi
Era para ser uma situação agradável, algo até corriqueiro, mas a irritação que surgiu no longo tempo de espera para se fazer um pedido de um simples café transformou o rumo da história de Gare Marques. Foi ali que com seus sócios surgiu a ideia de que, se instalasse telas touch screen no atendimento direto ao cliente, além de dar um ar mais moderno e tecnológico ao negócio, agilizaria o processo e, sobretudo, a experiência do consumidor. A Mais1 Café, que nasceu poucos meses antes da pandemia chegar ao Brasil, em dezembro de 2019 na cidade de Curitiba (PR) por meio de uma parceria bem sucedida entre Gare, Alan Parise, Vinicius Delatorre e Hilston Guerim, cresceu em volume de unidades e vendas entre 2020 e 2021 e provou que o formato, projetado em três pilares essenciais – qualidade, praticidade e tecnologia – está em alta e tem potencial de crescer ainda mais no Brasil.
A rede resistiu aos efeitos da pandemia e, mais do que manter as portas abertas, possui mais de 500 unidades confirmas e já esta presente em 19 estados brasileiros. Desenvolvida já em formato de franquia, deve chegar ao final deste ano com mais de 700 unidades e conquistar uma cifra na ordem de R$ 110 milhões.
Cair 6, levantar 7
Mas engana-se quem acha que a história de um dos fundadores da Mais1 Café foi fácil e sem frustrações. Antes de inaugurar a rede de cafeterias, Gare Marques, passou por uma série de altos e baixos. Nascido em uma família apaixonada por automobilismo, ainda jovem começou a trabalhar na empresa de defensivos agrícolas da família. Passou por diversos departamentos quando, inesperadamente e ainda muito jovem (19) tornou- se o presidente da companhia. O motivo era que o patriarca, Paulo Tarso, deixava o comando da companhia para acompanhar o outro filho, Tarso Marques, em seus primeiros passos como piloto na carreira da Fórmula 1. Com a empresa prosperando sob seu comando, Gare sentiu-se motivado a investir em outras frentes de negócios.
A primeira delas, em 2003, foi uma grande aplicação em ações em uma transportadora ferroviária, que, em um acidente, perdeu seu valor e despencou na bolsa de valores. Resiliente, fez nova aposta no ano seguinte, agora numa companhia aérea. Era um cenário perfeito: pessoas viajavam e a perspectiva era positiva, mas um grave acidente envolvendo um jato Legacy e a consequente crise no setor derrubou as ações da empresa a valores ínfimos frente ao valor investido. Desmotivado com a instabilidade deste mercado, viu no automobilismo uma terceira perspectiva de negócio. Resolveu então financiar um projeto do irmão, que acabou não indo adiante por motivos esternos e o levou a perder todo o aporte injetado na iniciativa.
Persistiu, ainda, no ramo automobilístico. Decidiu montar sua própria equipe, a Action Power, passando a comandar uma das equipes mais importantes na principal categoria do automobilismo Brasileiro, a Stock car, na qual chegou a ser vice-campeão. Mas, em seu terceiro ano na ativa, o caminhão que transportava os carros e equipamentos da equipe pegou fogo. O prejuízo com a perda de todo o equipamento levou ao anúncio da saída da Stock Car Brasil. Obstinado, criou na sequência uma nova empresa, agora de montagem de alto-falantes automotivos para montadoras e concessionarias. E aqui, o negócio que estava em franca expansão e muito bem posicionado nacionalmente, sofreu medidas antidumping que o governo brasileiro aplicou em produtos inesperadamente e sem aviso prévio, elevou o custo da mercadoria em mais de 30%, afetando diretamente o custo de todas as mercadorias que já estavam produzidas e em trânsito, gerando um enorme prejuízo e inviabilizando a continuidade do negócio.
Entretanto, se por um lado a sorte não parecia ser muito convidativa, na empresa de defensivos agrícolas continuava prosperando. A bonança chamou atenção de um grupo indiano que, interessado, propôs a compra. Quando a venda estava praticamente acertada, especulações e mudanças nas leis governamentais fizeram a negociação travar por cerca de um ano. E Gare viu, então, sua empresa avaliada em US$50 mi praticamente deixar de existir.
Virada de chave e o recomeço para o sucesso
Em 2011, sem mais a empresa de defensivos agrícolas, reiniciou do zero, criando a marca Rio Custom, que produzia sandálias de dedo customizadas a mão. O produto caiu rapidamente no gosto de diversas celebridades, o que despertou não só o interesse do público brasileiro, como também de outros países. O negócio cresceu e Gare passou a exportar suas sandálias para mais de 18 países.
Em 2016, junto aos atuais sócios, criou o centro de entretenimento Sniper, que se tornou a maior rede de entretenimento do Brasil e, em 2019, a Mais1 Café. A rede, que adotou o conceito “to go”, por unir qualidade com agilidade, traz um cardápio de cafés quentes e gelados feitos a partir de grãos da categoria especial. Pensados para que os clientes pudessem pegar e levar para consumir enquanto se deslocam para casa ou trabalho, contam ainda com mais cinco opções de comidas: cookies, donuts, croissant, pão de queijo e pastel de Belém. O atendimento é automatizado e o pedido é feito e pago por meio de um totem ou aplicativo que encaminha a solicitação diretamente para o barista. A depender do cenário e do crescimento do consumo do café e do franchising, a Mais1 Café está com um agradável cheiro que será o porto-seguro de Gare Marques.