Os exercícios moderados e extenuantes aliviam os sintomas de ansiedade, mesmo quando o distúrbio é crônico, mostra um novo estudo da Universidade de Gotemburgo, que foi publicado na edição de janeiro no Journal of Affective Disorders
Comemorado em 06 de abril, o Dia Mundial da Atividade física visa conscientizar a população sobre os benefícios dessa prática para o organismo. Os exercícios moderados e extenuantes, por exemplo, aliviam os sintomas de ansiedade, mesmo quando o distúrbio é crônico, como mostra um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo. O estudo, publicado na edição de janeiro do Journal of Affective Disorders, e cujo texto já figura na plataforma online do Science Direct, é baseado em acompanhamento com 286 pacientes com síndrome de ansiedade. “Os resultados mostram que seus sintomas de ansiedade foram significativamente aliviados, mesmo quando a ansiedade era uma condição crônica, em comparação com um grupo de controle que recebeu aconselhamento sobre atividade física de acordo com as recomendações de saúde pública. Os tratamentos padrão de hoje para a ansiedade são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o tratamento farmacológico, mas o estudo mostra que a adoção de hábitos saudáveis pode melhorar o tratamento”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
No estudo, metade dos pacientes conviveu com ansiedade por pelo menos dez anos. A idade média deles era de 39 anos e 70% eram mulheres. Por meio de sorteio, os participantes foram designados a sessões de exercícios em grupo, moderados ou extenuantes, por 12 semanas. “Houve uma tendência significativa de intensidade de melhora – isto é, quanto mais intensamente eles se exercitavam, mais seus sintomas de ansiedade melhoravam”, afirma a médica nutróloga. A maioria dos indivíduos nos grupos de tratamento passou de um nível básico de ansiedade moderada à alta para um nível de ansiedade baixo após o programa de 12 semanas. Para aqueles que se exercitaram em intensidade relativamente baixa, a chance de melhora em termos de sintomas de ansiedade aumentou por um fator de 3,62. O fator correspondente para quem se exercitou em maior intensidade foi 4,88. Os participantes não tinham conhecimento do treinamento físico ou do aconselhamento que as pessoas fora de seu próprio grupo estavam recebendo. “Exercitar o corpo regularmente também ajuda o cérebro. O exercício melhora o fluxo sanguíneo e estimula mudanças químicas no cérebro que apuram o humor e o pensamento. A liberação de endorfina gera reações de euforia e bem-estar, que também ajudam a manter o humor”, diz o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).
Estudos anteriores sobre exercícios físicos na depressão mostraram melhorias claras nos sintomas. No entanto, até agora, não havia uma imagem clara de como as pessoas com ansiedade são afetadas pelos exercícios. “O presente estudo é descrito como um dos maiores até o momento”, diz a Dra. Marcella. Ambos os grupos de tratamento tiveram sessões de treinamento de 60 minutos três vezes por semana, sob a orientação de um fisioterapeuta. As sessões incluíram treinamento cardiovascular (aeróbio) e de força. Um aquecimento foi seguido por um treinamento circular em torno de 12 estações por 45 minutos, e as sessões terminaram com resfriamento e alongamento.
Os membros do grupo que se exercitavam em um nível moderado deveriam atingir cerca de 60% de sua frequência cardíaca máxima – um grau de esforço classificado como leve ou moderado. No grupo que treinou mais intensamente, a meta era atingir 75% da frequência cardíaca máxima, e esse grau de esforço foi percebido como alto.
O estudo enfatiza que os tratamentos para a ansiedade incluem a terapia cognitivo-comportamental e drogas psicotrópicas, mas esses medicamentos geralmente têm efeitos colaterais, e os pacientes com transtornos de ansiedade frequentemente não respondem ao tratamento médico. “Longos tempos de espera pela TCC também podem piorar o prognóstico. Os médicos da atenção básica precisam de tratamentos individualizados, com poucos efeitos colaterais e fáceis de prescrever. O modelo envolvendo 12 semanas de treinamento físico, independente da intensidade, representa um tratamento eficaz que deve ser disponibilizado na atenção básica com mais frequência para pessoas com problemas de ansiedade”, finaliza a médica nutróloga.
FONTES:
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).