Conclusão é de um estudo alemão, publicado no final de dezembro na revista Molecular Metabolism, e que diz que a prática regular de exercícios físicos induz adaptações moleculares, em particular das mitocôndrias hepáticas, prevenindo doenças

Imediatamente após um exercício físico, o organismo responde com a produção maior de serotonina e endorfina, neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar; alguns meses depois, os resultados começam a aparecer no corpo, com ganho de massa muscular e emagrecimento. Mas um estudo alemão recente, publicado no final de dezembro na revista Molecular Metabolism, destaca que o exercício físico vai além dessas funções: ele também pode prevenir o desenvolvimento de fígado gorduroso e doenças hepáticas. “O trabalho mostra quais adaptações moleculares, em particular das mitocôndrias hepáticas, podem ser observadas neste processo. As mitocôndrias são consideradas o pulmão das células. A sua tarefa é disponibilizar energia para a célula, o que ocorre por meio da respiração celular. Este é um processo metabólico no qual a energia é obtida a partir da glicose e outras substâncias orgânicas, por reações químicas, que resultam em trifosfato de adenosina, ou ATP. Esta é a molécula de energia mais importante do corpo. As mitocôndrias são, portanto, também consideradas as usinas de energia da célula. O estudo demonstrou que o estímulo das mitocôndrias isoladas do fígado, que ocorre por meio dos exercícios físicos, é especialmente benéfico para reduzir o armazenamento de gordura no órgão, o que diminui os riscos de doenças hepáticas”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Em todo o mundo, uma em cada quatro pessoas sofre de doença hepática não alcoólica (também chamada de doença hepática metabólica ou esteatose hepática). “As pessoas afetadas geralmente têm diabetes tipo 2, bem como um risco aumentado de cirrose hepática e doenças cardiovasculares. Além disso, a doença hepática metabólica está associada ao aumento da mortalidade. Um desequilíbrio entre a ingestão e o consumo de energia é discutido como a causa da doença. Isso leva a depósitos de gordura no fígado e, com o tempo, prejudica a função das mitocôndrias- ambos fatores de risco para o desenvolvimento de resistência à insulina e inflamação do fígado”, destaca a médica nutróloga.

Para prevenir e tratar a doença hepática metabólica, a mudança no estilo de vida com aumento da prática de atividades físicas é recomendada. Os cientistas do estudo investigaram até que ponto o exercício regular altera a adaptação do fígado ao aumento da ingestão de energia e qual o papel do músculo esquelético neste processo. No estudo, os ratos foram alimentados com uma dieta rica em energia. Alguns dos ratos também receberam treinamento regular em esteira. “Após a intervenção de seis semanas, os pesquisadores examinaram o fígado e os músculos dos animais em busca de alterações em seus organismos, principalmente om relação à composição de gordura e a função mitocondrial. Os resultados mostraram que o treinamento físico regulou importantes enzimas de degradação de glicose e frutose no fígado, bem como melhorou o metabolismo mitocondrial. Desta forma, a carga de substrato para a respiração mitocondrial e a síntese de lipídios pode ser reduzida. Como consequência, menos gordura é armazenada no fígado – e lipídios específicos são reduzidos”, explica a médica nutróloga.

Além disso, o controle da glicose melhorou nos ratos treinados com exercícios. Os pesquisadores também observaram, nos ratos, um aumento da capacidade respiratória dos músculos esqueléticos, o que alivia o estresse metabólico no fígado. “Os dados da biologia do sistema oferecem uma visão abrangente da adaptação molecular do fígado e dos músculos a uma dieta de alta energia, treinamento e efeitos combinatórios. Os resultados também mostram que a atividade física realizada com frequência regula muitos alvos ao mesmo tempo, um efeito que não pode ser alcançado com medicamentos”, explica.

Por fim, a médica ressalta que o melhor meio de prevenir e tratar a doença hepática metabólica é por meio de uma readequação no estilo de vida, o que inclui, além do exercício físico, um bom plano alimentar e descanso. “O consumo de uma dieta diversificada e equilibrada, com folhas, frutas e vegetais, carboidratos fibrosos, proteínas magras e gorduras de boa qualidade, associados ao exercício físico e ao tratamento prescrito pelo médico, promoverá um melhor controle e metabolismo das gorduras no fígado”, finaliza Dra. Marcella.

FONTE:

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento.

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