A resposta a vários medicamentos utilizados em Gastroenterologia, Cardiologia, Psiquiatria, Micologia e Oncologia é fortemente influenciada pela composição genética, especialmente do gene CYP2C19

Você já se perguntou por qual motivo aquele remédio que controla tão bem a ansiedade da sua amiga nem fez o menor efeito em você? A verdade é que a eficácia, bem como a segurança, do tratamento farmacológico depende de diversos fatores. “Alguns deles são fatores extrínsecos, que não temos controle, e associados aos produtos farmacêuticos, como a farmacocinética e farmacodinâmica, propriedades dos medicamentos e interações medicamentosas. Os fatores intrínsecos incluem: idade, gênero, gravidez, estado de saúde, disfunções orgânicas, etnia e fatores genéticos, o que leva a significativa variabilidade na resposta ao medicamento, influenciando as doses ideais e as possíveis reações adversas a medicamentos”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene.

Segundo o geneticista, a otimização da terapia requer compreensão da relação entre esses fatores. “Entretanto, a variação genética pode ser responsável por até 95% da variabilidade na disponibilidade e efeitos da droga. Isso acontece por conta de polimorfismos (variações nas sequências genéticas) do gene CYP2C19, que influenciam a otimização do tratamento dos medicamentos mais usados na Gastroenterologia, Cardiologia, Psiquiatria, Micologia e Oncologia”, diz o geneticista. Uma revisão publicada em 2018 confirmou que as variações nas sequências genéticas da izoenzima CYP2C19 desempenham um papel importante na eficácia e no uso seguro de muitos medicamentos.

No caso de problemas gástricos, segundo o especialista, o gene CYP2C19 está envolvido no metabolismo dos inibidores de bomba de prótons (que agem bloqueando a etapa final de liberação do ácido gástrico), portanto, pode influenciar a terapia de refluxo, prevenção e tratamento da úlcera e erradicação da bactéria H. Pylori. “A enzima CYP2C19 também desempenha papel vital nas duas etapas de bioativação do clopidogrel, medicamento com fins cardiológicos, levando a menor risco de reações adversas medicamentosas em pacientes portadores do alelo (formas alternativas dos genes) CYP2C19 * 17 ou maior risco de reações em portadores do CYP2C19 * 2”, diz o geneticista. O gene também afeta o tratamento com antidepressivos e a terapia de reposição com metadona, usado para dor aguda e crônica, bem como a profilaxia com voriconazol, um agente antifúngico. “A presença de um alelo * 2 está associada a maior tempo livre de recidiva ou melhor sobrevida e o alelo * 17 com resultados mais favoráveis em pacientes com câncer de mama, tratados com tamoxifeno, medicamento que ajuda a impedir o crescimento do tumor das mamas e é um complemento às cirurgias e quimioterapia”, diz o geneticista.

Por conta de todas essas implicações, o geneticista enfatiza que o conhecimento do genótipo das variações genéticas da izoenzima CYP2C19 pode afetar positivamente o tratamento individual e levar a melhores resultados para os pacientes, por esse motivo a introdução de testes farmacogenéticos na prática médica é uma boa maneira de minimizar os resultados negativos da terapia e reduzir custos médicos desnecessários.

FONTE:

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.

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