Por Clemilda Thomé

Muitos me consideram uma das mulheres mais bem sucedidas do Brasil. Sim, administro mais de 08 empresas da minha holding, além de ter fundado a Faculdade ILAPEO, centro de excelência em pesquisa e pós-graduação em Odontologia, reconhecido internacionalmente. Mas, quem me vê agora, não imagina o caminho cheio de percalços que transcorri, não é mesmo?

Então, nesses mais de 50 anos de experiência profissional, resolvi reunir alguns aprendizados da minha vida para mostrar como a menina que saiu da roça aos 10 anos, após a família perder tudo em um incêndio, conseguiu conquistar uma vida plena e feliz:

  1. Nunca esqueça de onde você veio

Nasci em 25 de dezembro em 1954, na cidade de Sapopema, interior do Paraná. Sou filha de pais agricultores, com 14 irmãos, mãe do José Guilherme e João Alfredo e avó do João Pedro e Helena. Eu gosto de mostrar minha história não como uma forma de vitimização, mas como uma forma de honrar minha família e inspirar outras pessoas para que não desistam de seus sonhos. Éramos pobres de dinheiro, mas falo com orgulho que era milionária em educação, respeito e fé e tenho certeza de que tudo isso me transformou na mulher que sou hoje. Minha mãe sempre falou sobre a importância de ser humilde, de olhar o outro, e hoje entendo o quanto os ensinamentos me guiaram ao longo de minha trajetória. Nossa casa, que não tinha geladeira e abrigava 5 pessoas em um único quarto, era o cenário de muita conversa à beira do fogão a lenha.

  1. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. Apenas siga em frente

Aos nove anos precisei sair da cidade para estudar porque não tinha mais escolas na região, mas, aos 10 anos, ao voltar para minha cidade natal para ficar mais um tempo com os pais, infelizmente, houve uma grande tragédia. Minha família foi uma das atingidas pelo incêndio florestal, no Paraná, entre agosto e setembro de 1963, perdemos tudo. Então, aos 10 anos, me mudei para Curitiba com meus avós e parte dos irmãos. Aos 11, decidi que era hora de começar a trabalhar e passei a sair sozinha pela cidade, para garantir o meu sustento e para não me acomodar apenas com as tarefas do lar, que não eram poucas. Eu mal sabia falar, era tímida, e não sabia nem mesmo o que era um telefone, e acredite, meu primeiro trabalho foi exatamente como telefonista do Jornal Gazeta do Povo. Logo, quero mostrar com isso, que não importam os perrengues da vida, a gente sempre dá um jeito de se levantar.

  1. Vencer é para quem está disposto a levantar da cadeira e correr atrás dos sonhos

Lembro que eu adorava bala de vela, e um dia ao pedir para meu pai que comprasse, ele explicou que não tinha dinheiro, mas que, se eu e meus irmãos acordássemos às 04h para espantar os passarinhos do arrozal, ele nos pagaria ao invés de pagar outra pessoa. E assim nós fizemos e comemos muitos doces. Da minha mãe, vem a lembrança de vê-la acordando às 4h para ir até o INSS servir café para as pessoas que esperavam na fila. O que meus pais talvez não soubessem na época é que eles foram os impulsionadores para que eu trilhasse um caminho de muita batalha, determinação e sucesso.

Todos os dias eu pegava um ônibus, ia até o ponto final e voltava. Um dia, o costume se tornou o meu gatilho, quando, certo dia, sentada em uma calçada, comendo um cachorro-quente, um menino muito humilde se aproximou e me pediu um pedaço do lanche. Foi então que pensei: a minha mãe sempre me ensinou a dividir a comida, porque não sabemos o dia de amanhã. Então, dividi metade do meu lanche, com a certeza de que o Senhor iria me ajudar a ter muito mais, para que pudesse compartilhar com muita gente. Foi naquele dia que eu senti que tinha uma missão pela frente.

  1. Ressignifique as críticas e torne-as ferramentas para seguir em frente

Em Curitiba fiz de tudo um pouco, mas meu sonho era fazer medicina, porém, sem condições financeiras para tal, resolvi fazer instrumentação cirúrgica, para entender melhor a área. Apesar da paixão que crescia pela profissão, certa vez, durante uma cirurgia cardíaca que começou às 07 da manhã e terminou por volta das 17h, o médico cirurgião me perguntou se eu tinha gostado da experiência.

Não só amei, como disse ao doutor que um dia gostaria de me tornar uma médica como ele. No entanto, o que não esperava é que o especialista, ao invés de me incentivar, fez pouco caso de meu sonho. Disse que nunca conseguiria, afinal, eu era mulher e não tinha condições para chegar em tal patamar. Sugeriu que cursasse sociologia, psicologia, biologia, ou qualquer outro curso que não fosse medicina. Hoje, de certa forma, eu o agradeço, pois não desisti e ressignifiquei meu sonho, entendi que o sucesso e a realização profissional ainda estariam por vir.

  1. O que parece impossível hoje traz um aprendizado para amanhã

Aprendi também que “pessoas ricas não entram no céu”, e para conseguir prosperar precisei ressignificar essa crença. Como isso aconteceu? Junto com meu ex-marido, abrimos, em 1992, com muito sacrifício, a NEODENT, uma empresa de implantes dentários. Para isso, vendemos um carro velho e um terreno, já que os bancos fechavam as portas quando o assunto era linha de crédito. Não tínhamos capital para abrir uma empresa desse porte, mas mesmo assim nós fizemos.

A partir disso, percebi que era preciso entender o produto. Como eu cuidava da área comercial da empresa, pra mim não bastava vender, era preciso entender o que eu vendia. Não se tratava de comercializar parafusos e, sim, o caminho era oferecer saúde bucal e devolver a autoestima aos nossos clientes, por isso, fui estudar odontologia. E a jornada tripla, apesar de cansativa, não me desanimava, pelo contrário, me dava ainda mais força para continuar.

Aos 37 anos, graduei-me em odontologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e a NEODENT criava asas. Em apenas 15 anos, a empresa tornou-se líder nacional em seu segmento. Foi então que veio a grande virada, quando o Grupo Suiço Straumann, líder mundial na Implantodontia, adquiriu, em 2015, cem por cento da empresa. Tudo mudou em minha vida.

Hoje, participo ativamente da gestão de minhas empresas, juntamente com meus filhos, no Conselho de Administração da DSS Holding, mas tenho como meu maior legado, a promoção da educação, que acredito ser o maior agente das mudanças e desenvolvimento do país.

Passei a fazer parte do Instituto Sou 1 Campeão – ao lado dos meus sócios Mamá Brito, treinador comportamental e coach de atletas do UFC, e também meu marido, e Rogério Minotouro – que nasceu para ser uma ferramenta para quem busca por alta performance, com disciplina e dedicação. Aqui estava a missão que tanto senti lá atrás: modificar a vida de pessoas que procuram transformar dificuldades e diversidades em realização.

Muitas vezes não nascemos bom em algo, mas podemos nos esforçar, nos dedicar e passar a ser até melhor do que imaginamos. Ter foco no plano traçado também é algo fundamental a todos que querem conquistar a prosperidade profissional e financeira.

Somos um veiculo de comunicação. As informações aqui postadas são de responsabilidade total de quem nos enviou.