Janet Jackson e Q-Tip estavam certos: Joni Mitchell nunca mente – realmente não sabemos o que temos até que tudo se acabe

Acho que iremos nos lembrar para sempre da sombria primavera passada, marcada por estranhos novos medos e isolamento obrigatório. Mesmo para aqueles que tiveram a sorte de ter apenas que lidar com as frustrações do Zoom e angústia, o recente confinamento deixou muito claro o que tínhamos como certo até aquele momento.

Forçados a nos separar, de repente percebemos que dependíamos de estar juntos. Trancados por dentro, desejamos a beleza dos espaços públicos de Paris, nossa cidade natal. E, diante dos intermináveis relatos de inacreditáveis perdas, conseguimos entender de verdade o poder transformador da solidariedade.

Hoje, reunidos de amigos e continuando a praticar o distanciamento social, celebramos nosso retorno a Paris, bem como nossa redescoberta da força de eternos valores.

Embora possamos estar felizes em brindar o desconfinamento, sabemos muito bem que o perigo ainda é presente e continuamos a pensar em todos aqueles que estão passando pelos momentos mais difíceis da pandemia. O evento de hoje aguarda com esperança e confiança nas mudanças e no progresso que teremos pela frente.

Como sabemos, outras lutas também continuam. Novos pedidos de justiça e igualdade – ouvidos nas ruas de todo o mundo – estão reagindo a trágicas perdas, mas sua força nos permite sonhar com possibilidades de mudanças,
impulsionadas por uma nova energia e a um conjunto de diversas e determinadas jovens vozes. A dança de hoje é inspirada neste momento e no desejo de progresso.

De onde vem todo o otimismo de hoje? Talvez seja um reflexo da minha própria história pessoal – afinal, não faz muito tempo que alguém como eu não conseguiu ocupar a posição que estou hoje. Mudanças acontecem e o progresso é possível.

Amo trabalhar em uma grife que me apóia tanto e que se uniu a minha busca pela inclusão e mudanças desde o meu primeiro dia de trabalho. Sempre achei interessante que meu próprio pensamento otimista de um futuro melhor seja algo que reflita ao legado incomum de Pierre Balmain. Há 75 anos, nosso fundador decidiu arriscar-se durante um período incerto e inaugurar sua marca de alta costura. O que a Maison Balmain e seus diretores criativos produziram, década após década, foi um ingrediente-chave ao renascimento do pós guerra da moda parisiense. Estamos felizes em apresentar alguns de seus incríveis e atemporais designs.

Tive a sorte de ser escolhido para desenvolver essas fundações. Também mostraremos um pouco da evolução da Balmain na última década, concentrada na alfaiataria de alguns dos meus principais designs de vestidos e jaquetas, cada um demonstrando como a silhueta da Balmain do século XXI canaliza o espírito de mestres do passado.

É claro que o passeio de barco de hoje deixará clara toda a incrível beleza de nossa Cidade das Luzes. Mas Paris é muito mais do que suas famosas avenidas, elegantes pontes e arquitetura icônica. É a mistura de refinamento, liberdade, diversidade e criatividade da Ville Lumière de hoje que inspira a mim e minha equipe enquanto trabalhamos em nossas coleções. Assim como Pierre Balmain, sabemos que nunca poderíamos separar esta casa desta cidade, que realmente é a capital mundial da moda.

O momento de hoje depende de muitos talentos. Em particular, gostaria de agradecer a Andrew Makadsi, que trabalhou em estreita colaboração conosco para desenvolvermos este conceito criativo. E, depois do incrível trabalho que ele fez para o meu desfile masculino em janeiro, é claro que pedimos a Jean-Charles Jousni que criasse uma nova coreografia. Também estamos felizes por termos os mesmos dançarinos de janeiro. Não consigo imaginar uma dupla melhor do que a voz sublime de Yseult e as belas vistas parisienses de hoje. E com muita honra e orgulho, fizemos a primeira transmissão ao vivo de um evento de uma marca de luxo no Tik Tok, ressaltando o espírito jovem e sempre inovador da Balmaim.

Espero que tenham gostado da surpresa que preparamos e comemorado comigo a querida cidade natal, Paris, Yseult, Jean-Charles, Andrew e todos os dançarinos – e, acima de tudo, nossa esperança otimista de um futuro melhor para todos.

Olivier Rousteing
07 de julho de 2020, Paris.

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