*Por Cinthya Ugliara
À medida que envelhecemos, a eficiência do organismo vai diminuindo. Após os 60 anos os desgastes se acentuam e ficamos mais propensos a doenças e limitações. O mesmo acontece com os cães a partir dos 7 anos de idade. E, assim como nós, eles precisam de cuidados extras.
Felizmente, é cada vez maior a oferta de produtos veterinários voltados ao bem-estar dos animais durante a terceira idade. O mercado pet e a ciência, porém, não desempenham o papel do tutor. É ele quem está na linha de frente do apoio à saúde do seu cão.
Abordamos a seguir alguns fatores aos quais os tutores de cães idosos devem ficar atentos:
Alimentação
As rações do tipo sênior são as ideais. Suas fórmulas contêm balanços mais adequados de nutrientes e ingredientes que beneficiam as funções fisiológicas mais comprometidas com a idade. Elas também evitam a tendência de o cão ganhar peso no início da velhice, geralmente relacionada a algum problema articular. Com dor, o animal se torna menos ativo e pode passar a comer mais.
Mais velhinhos, os cães costumam perder peso. E também podem apresentar agravamentos de problemas orais, que dificultam a alimentação. Nesse caso, as rações úmidas podem ser testadas, assim como umedecer a ração seca com água quente. É normal os cães idosos comerem mais devagar e menos vezes ao dia. No entanto, a perda súbita de apetite pode ser sintoma de algum problema.
Suplementos e vitaminas
Podem ajudar a evitar a progressão ou o surgimento de doenças. Alguns suplementos até podem ser oferecidos aos cães sem indicação médica, como os de probióticos e prebióticos para melhorar a flora intestinal. Mas, em regra, é importante o acompanhamento do veterinário, porque pode haver contraindicações de alguns produtos dependendo da saúde do pet.
Brincadeiras e atividades físicas
É importante manter uma rotina de exercícios, mas sempre de acordo com a capacidade do pet. Nos passeios, respeite as limitações. O cão idoso tende a andar mais lentamente e a fazer trajetos mais curtos. Também pode empacar durante os trajetos. Seja paciente. O fôlego é menor, então não force as brincadeiras.
Caso o pet demonstre dificuldade para andar, perda de equilíbrio ou disfunções cognitivas, leve-o ao veterinário. Fisioterapia e acupuntura são recursos capazes de resolver muitos problemas de mobilidade dos cães idosos, garantindo-lhes condições não só de brincar, mas de se locomoverem para se alimentar e evacuar nos locais de hábito.
Além de ajudar a curar e a prevenir problemas motores, a fisioterapia pode fortalecer os laços entre o tutor e o pet. Ao atingir a terceira idade, muitos pets ficam deprimidos por causa da diminuição do contato, das interações com o tutor.
Sociabilidade
Não é raro cães idosos agirem agressivamente com os mais jovens. A impaciência se deve a alguma alteração cognitiva ou, na maioria das vezes, por algum incômodo corporal. A dor é bastante frequente entre os pets mais velhos. Quando a fonte do problema é identificada e a dor é controlada, normalmente o pet deixa de ser agressivo e se relaciona melhor com outros animais. Prestar atenção a isso é fundamental para a melhora da qualidade de vida do nosso amigo.
Vacinação
O cão idoso deve continuar recebendo as mesmas vacinas do pet adulto, ou seja, o tutor deve seguir o protocolo de vacinação anual com a vacina múltipla e as proteções contra raiva, gripe e giardíase. Isso só muda caso o pet tenha alguma doença que contraindique as imunizações.
Problemas de saúde
Conforme já mencionado, a dor é frequente entre os cães idosos. Muitas vezes ela está associada a problemas articulares, mas pode ter outras causas. A partir dos 7 anos de idade, as doenças renais, cardíacas e respiratórias tornam-se mais frequentes nos cães. Em idades mais avançadas, o animal pode apresentar disfunções cognitivas da senilidade, como olhar perdido e paralisação por algum tempo antes de comer ou realizar outras atividades.
Um ponto importante é que no mínimo 80% dos pets idosos são acometidos por doenças orais. O tártaro e o mau hálito perigam levar a um distanciamento do tutor – ele passa a não deixar o pet mais dormir com ele, por exemplo. Isso pode levar à depressão do animal. O cuidado oral também é vital para evitar problemas mais sérios, quando há a migração das bactérias da boca para outros órgãos.
É muito comum apontarmos problemas periodontais para os tutores e estes alegarem que, pela idade avançada, ou por uma doença cardíaca, o pet não pode passar por um procedimento anestésico. Nem sempre é assim. Muitos distúrbios podem ser resolvidos ou estabilizados antes da intervenção, permitindo que cães idosos ou cardiopatas recebam tratamento bucal. Isso é frequente na rede Dra. Mei.
Consultas ao veterinário
Por tudo o que já expusemos, esse é um cuidado crítico. A recomendação, para cães a partir de 7 anos, é de visitas ao médico veterinário a cada seis meses. A frequência pode ser maior, claro, caso o cão tenha alguma doença.
Consultar um especialista é fundamental para o acompanhamento da velhice dos cães. Ocorre que, muitas vezes, sinais e sintomas de possíveis problemas passam despercebidos pelo tutor. Podem ser alterações de comportamento, de humor ou cognitivas. Ademais, convém lembrar que muitas doenças são silenciosas, e somente o médico veterinário poderá investigá-las. Entre elas estão patologias renais, hepáticas ou hormonais.
Cuidar bem e ficar o máximo possível ao lado são as melhores coisas que podemos fazer para um animal idoso. Em tempos de pandemia, essa é uma chance que provavelmente muitos tutores de cães velhinhos têm, por estarem mais em casa. Vale a pena aproveitá-la.
*Cinthya Ugliara é médica veterinária da Dra Mei
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